Ser mãe é um desafio em todas as culturas. Mas será que as respostas a esse desafio são as mesmas?
Nós, interculturalistas, utilizamos metáforas da maternidade exatamente para mostrar como, apesar de sermos todos seres humanos, valores fundamentais que vão sendo transmitidos já na nossa infância nos tornam seres humanos diferentes dependendo da cultura na qual fomos criados.
Um dos dilemas mais interessantes é o “dilema do bebê no berço”: seu bebê tem 4 meses de vida e você quer ensiná-lo a dormir durante a noite. O que você faz? Deixa ele chorar um pouco no berço (5 minutos) para que talvez ele se acalme caso não seja um choro de dor ou fome e aprenda a dormir autonomamente, ou você não suporta emocionalmente ouvir seu bebê chorar por tanto tempo (5 minutos) e logo pega ele e o enche de afeto?
Em geral, europeus tendem a responder a esse dilema com a metodologia de deixar chorar, enquanto as mães, (pais e cuidadores) brasileiros, em sua maioria, simplesmente não toleram nem pensar nessa ideia.
Pode parecer algo simples, mas o que está por trás das respostas a esse dilema são exatamente os mesmo valores que serão reproduzidos ao longo da vida pela comunidade a qual essas crianças pertencem. Para europeus, os valores de auto-suficiência, autonomia e independência são fundamentais na experiência de vida de um indivíduo. Começa no berço, é reforçado ao longo da infância e adolescência e tem seu ápice na entrada na faculdade, quando os jovens são incentivados a irem morar longe dos pais e desenvolver independência, inclusive financeira.
Já para nós brasileiros, tirar o bebê do berço aparece mais como uma oportunidade de afeto e ligação, parte essencial do desenvolvimento do valor do relacionamento, que também será perpetuado na infância e adolescência, e inclusive na entrada na faculdade. Qual mãe - e pai - brasileiros não sonham que os filhos saiam de casa só ao se casarem e que se possível, venham morar na casa ao lado da casa dos pais e sejam vizinhos para todo o sempre?
Essa lógica seguirá até a velhice, onde europeus preferem não precisar depender dos cuidados de seus filhos e planejam muito de suas vidas levando isso em conta. Situação oposta à dos brasileiros, que já entendem como óbvia a necessidade de cuidar dos pais quando mais velhos, pais esses que também têm essa expectativa de serem cuidados.
Obviamente que essas ideias são embasadas em generalizações e muitas mães das culturas mencionadas podem não se identificar com o que estamos apresentando. Mas se olharem um pouco à sua volta vão perceber que essas pequenas diferenças que já começam na educação dos bebês serão as bases das diferenças culturais que veremos futuramente no ambiente profissional dos adultos.
Quer saber mais sobre o assunto? Sugerimos a leitura do livro "Crianças francesas não fazem manha” (Pamela Druckerman). Uma interessante história de uma mãe americana que tem o desafio de educar seus filhos na França.
Não acreditamos de maneira alguma que exista uma forma certa de educar. Nossa premissa sempre é que culturas são diferentes, jamais melhores ou piores. Mas sim, acreditamos que entender as diferenças desses valores culturais mais básicos que movem as sociedades nos ajudam a desenvolver autoconhecimento e empatia: necessidades universais dos seres humanos para melhor se relacionar com o outro, independente das culturas envolvidas.
Para as mães que vivem ou viveram em mais de uma cultura, ser mãe também envolve o desafio de escolher quais valores culturais serão priorizados na educação dos filhos multiculturais. Bota desafio nisso!
Um feliz dia para todxs aquelxs que se identificam com a função da maternidade. E nesse ano em especial, para mim e para minha esposa, que estamos celebrando nosso primeiro "Dias das Mães".
Talent Management Specialist
3 aLindo, Mari!!
Treinamento e Desenvolvimento Organizacional / HR Business Partner Manager | Recursos Humanos | Coaching de Carreira e Gestão /Marketing Digital /
3 aParabéns filho é sempre uma benção. Algo que transforma e enriquece a vida.
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3 aFeliz dia das mães para vocês, Mariana!