Ser normal é meta dos fracassados
Em A Bela e a Fera, originalmente escrita por Gabrielle-Suzanne Barbot, a dama de Villeneuve, em meados do século 18, o cerne narrativo não é diferente de outros livros do gênero. Essas obras são, em essência, fotografias de um mundo do qual os autores são artífices e -- sublime ou dramaticamente -- experimentam à exaustão.
A menção direta ao dualismo, mesmo que físico, dessa história tem o propósito de levantar aqui a questão das diferenças de postura e personalidade no ambiente profissional. Não me refiro às discrepâncias de gênero, classe, status ou partido, profetizaria Max Weber, já tratadas ao potes, mas àquelas de atitude.
Cabem duas perguntas: em que você acredita? E ainda: está disposto a lutar por isso?
Pode parecer óbvio, mas dentro do ambiente corporativo há um abismo entre o discurso e a fala. Por comodismo, medo ou falsa percepção de "si-mesmo", as pessoas se colocam em situações que não lhes definem em essência. O grande ponto é: se isso for a fuga da normalidade rumo à extravagância construtiva, ótimo! O caminho é esse!
Infelizmente e na grande maioria das vezes, a realidade é diferente.
Agir longe do centro de sua essência, daquilo em que acredita, é um erro. Se você é diferente por algum motivo intrínseco, seja aquilo que nasceu para ser. Não abondone seus princípios, sua crenças. Dentro da legalidade construtiva, sua personalidade é seu cartão de visitas. Em um mundo multifacetado e pluralizado, as diferenças passaram a ser as regras.
Ser diferente, portanto, não quer dizer ser excêntrico, mas causar impacto em si e nos outros – sempre positivamente. No caso de Bela e Fera, a estranha doçura expurgou o medo do desconhecido. A essência, por fim, prevaleceu e transformou.
É difícil e nada tentador, mas precisamos sempre romper a barreira da mesmice e estourar a bolha da zona de conforto. Do contrário, seremos apenas normais. E, cá entre nós, Jung estava certo: ser normal é meta dos fracassados!
Sempre rompendo barreiras. Como fato normal.
Professor at FIPECAFI | Consultant | Information Technology | Digital Transformation | Data Analytics
9 aGostei porque você toca em um ponto nevrálgico ao se referir ao ambiente corporativo. A questão é que existe a persona construída para este ambiente e que, infelizmente, não corresponde com a realidade. Porque isto acontece? Penso que alguns sentem receio de se mostrar como são e não serem bem compreendidos, e outros, estes, sim, são perigosos porque dançam conforme a música, procurando ganhar pontos em interesse próprio.
Dom Rugeri, como sempre corajoso o suficiente para nos elevar em lotus dos ruídos lamacentos que nos subtraem o oxigênio da criatividade e da ousadia.