SER ou não ser, TER ou não ter? Eis a questão.

Ahhh! A ganância...tão demasiadamente humana! Nascida e criada no medo da escassez que um dia se tratou fundamentalmente de recursos para sobrevivência. Nossos corpos são programados para armazenar e poupar, temos um sistema de economia inteligente e autônomo. Estamos programados para viver sob a iminência da falta e por isso é tão fácil confundir o desejo de prosperar com a ganância.

Nosso desejo primevo é SER amado, porque amor significa conexão, interdependência que dá forma ao coletivo que garante maior probabilidade de sobreviver à um mundo hostil. Entendo então que houve um período em que a conquista de recursos era resultado de um esforço coletivo, baseado em relações que, com o tempo, construíam o que eu penso ser o que denominamos AMOR (e todas as suas manifestações). Então o TER era consequência do SER. 

Com a evolução da inteligência humana, desenvolvemos as tecnologias que garantiram recursos abundantes – melhor dizendo, facilitaram o acesso a tais recursos que já eram providos pela natureza - para a maior parte dos habitantes de nossa espécie. Ainda assim, ainda temos medo da falta! Contudo, o medo agora reside na falta de AMOR, o medo agora reside na falta do SER. Este medo inconsciente que retrata todas as dores de nossa civilização intelectualmente brilhante e emocionalmente devastada!

Devastada por um ciclo vicioso de equívocos, sustentado pelo bombardeio diário de mensagens subliminares na televisão, nas redes sociais, nas revistas, nas vitrines...nas fachadas da vida! Estas nos fazem acreditar que o TER fará com que você seja amado, o TER construirá o SER.

Se você é belo...será amado,

Se você é rico...será amado,

Se você é famoso...será amado,

Se você tem...você é!

Por fim nos endividamos comprando mais do que precisamos, nos desgastamos querendo alcançar estereótipos surreais e queremos buscar cada vez mais dinheiro na corrida dos ratos que perpetua esta histeria coletiva.

Você já parou para pensar nisso?

Para começar, peço que analise os seus relacionamentos em todas as áreas de sua vida e conclua se aquilo que entende por amor necessita de condicionantes tais como beleza, fama e dinheiro. Se não, você está livre para escolher um caminho onde TER será consequência do SER. Se sim...você é o que tem e por mais rico que seja, suspeito que esteja em condições miseráveis!