Ser real, para quem?
Tomei o meu café e decidi me cadastrar na rede social do "momento", quando dizem "momento" antes de uma frase encaixada com "nova rede social" confesso que faço a mesma coisa com os filmes ou séries, ignoro. Detesto cair na onda do imediatismo, apesar de ter escolhido isso como missão de carreira. Contraditória? Sim, igual o astrólogo me disse ontem. Portanto, briguem com ele. Nasci assim.
"BE REAL" chamou a minha atenção não por ser o "momento", mas despertar uma curiosidade com o seu propósito de "vida sem filtro", "nostalgia" e cheiro de "realidade". Afinal, você faz o download do aplicativo e já começa a se arrepender...pronto lá vem mais um! Que vida caótica e moderna a minha. Respiro fundo, procuro entender o conceito, e ele de cara me coloca uma baita pressão "tire a foto em menos de 1 minuto", caraca!
O arrependimento bate pela segunda vez, a palpitação da minha mente inquieta e perturbada pelos inúmeros conteúdos que tenho que produzir até o fim do dia desiste da ideia por alguns segundos, mas vou encarar...quero entender. A "lele" que aprendeu a mexer com a internet em 97 só copiando o irmão mais velho grita dentro de mim...vaiiii, mulherrr!!!
Tiro a primeira foto. Jamais irei publicar aquilo. Não bastasse a humilhação que só eu presenciei, o aplicativo deixa dois ângulos disponíveis: o seu selfie perturbador (amo essa palavra, ela é caótica, igual a minha essência) e os bastidores da imagem, ou seja, a minha pia cheia de louça, o peixe que não gosta de mim e eu de moletom.
Tiro a primeira foto.
Jamais irei publicar aquilo.
Desisto. A vida real não é para mim.