Seria cômico, não fosse trágico.
No Brasil, a tragédia e a comédia andam umbilicalmente ligadas.
Nossa história é plena de situações tragicômicas e burlescas.
A começar pela escravidão, uma mancha difícil de ser superada, não apenas pela adoção, mas pela duração. As oligarquias econômicas, retrógradas e reacionárias, venderam muito caro a abolição e chega a afirmar que o fim do império aconteceu porque o imperador não conseguiu submeter os interesses das oligarquias a um projeto de modernização do Brasil.
Na primeira república começa a nossa sina. Os dois primeiros presidentes eram monarquistas e, mesmo proclamada, a república sentia dificuldade de decolar.
No período sequente, a velha República, a corrupção foi ganhando o seu contorno atual. Por um acordo espúrio entre as elites de São Paulo e Minas Gerais, o poder foi se alternando sem ser efetivamente disputado.
As eleições eram fraudadas e o povo assistia a tudo bestificado.
Depois chega Getúlio. Tiranete gaúcho, bom de papo, com uma irrefutável vocação autoritária, governou por dois períodos e provocou uma polarização. Uns amaram e, outros, odiaram.
Dos nomes mais expressivos, podemos falar de JK, o da capital constituída a peso de ouro. O herói das empreiteiras que foram acalentadas nos meandros do poder e só sofreram os primeiros reveses com a Lava-jato já no século 21.
Poderíamos falar também de Jânio, o das caspas, que tentou um golpe de Estado e fracassou.
Em 64, uma intervenção militar com presidentes exóticos, autoritários e de um nacionalismo xenófobo, na contra-mão da história.
E a nossa saga permanece:
Sarney, o da hiperinflação. Color, o caçador de marajás abatido por corrupção.
Itamar, bem, itamar, o que falar dele a não ser do seu vistoso topete….
Aí vem o Fernando Henrique e começa a melhorar as coisas mas, depois, vendendo a alma ao diabo pela reeleição.
Tivemos também um sindicalista metido a socialista, que jogava gamão com os banqueiros no fim da tarde e está complicado com a P.F. até hoje.
Para cúmulo da ironia, prepotente, afirmou que elegeria até um manequim. Fez pior: Elegeu a Dilma, “brilhante oradora” também enrolada na P.F.
Temer não conseguiu nem fazer a primeira reunião do ministério no dia marcado, pois os coleguinhas estavam todos processados.
Para chegarmos finalmente a Bolsonaro, que vem tropeçando nas próprias pernas, pessimamente assessorado pelos garotos de casa.
Aí o leitor me pergunta: Depois de todas estas tragédias/ comédias porque ainda estamos na luta?
E a resposta não poderia ser outra senão, o reconhecimento que no Brasil o povo é muito bom, muito superior às elites e é este povo, resiliente, alegre, religioso, humilde, flexível, criativo e esperançoso que segura esta “bagaça”.