Seria cômico, não fosse trágico.
Silvio Passarelli- CEO Silvio Passarelli Luxo e Cultura e Curador Sênior- Futuro Compartilhado

Seria cômico, não fosse trágico.

No Brasil, a tragédia e a comédia andam umbilicalmente ligadas.

Nossa história é plena de situações tragicômicas e burlescas.

A começar pela escravidão, uma mancha difícil de ser superada, não apenas pela adoção, mas pela duração. As oligarquias econômicas, retrógradas e reacionárias, venderam muito caro a abolição e chega a afirmar que o fim do império aconteceu porque o imperador não conseguiu submeter os interesses das oligarquias a um projeto de modernização do Brasil.

Na primeira república começa a nossa sina. Os dois primeiros presidentes eram monarquistas e, mesmo proclamada, a república sentia dificuldade de decolar.

No período sequente, a velha República, a corrupção foi ganhando o seu contorno atual. Por um acordo espúrio entre as elites de São Paulo e Minas Gerais, o poder foi se alternando sem ser efetivamente disputado.

As eleições eram fraudadas e o povo assistia a tudo bestificado.

Depois chega Getúlio. Tiranete gaúcho, bom de papo, com uma irrefutável vocação autoritária, governou por dois períodos e provocou uma polarização. Uns amaram e, outros, odiaram.

Dos nomes mais expressivos, podemos falar de JK, o da capital constituída a peso de ouro. O herói das empreiteiras que foram acalentadas nos meandros do poder e só sofreram os primeiros reveses com a Lava-jato já no século 21.

Poderíamos falar também de Jânio, o das caspas, que tentou um golpe de Estado e fracassou.

Em 64, uma intervenção militar com presidentes exóticos, autoritários e de um nacionalismo xenófobo, na contra-mão da história.

E a nossa saga permanece:

Sarney, o da hiperinflação. Color, o caçador de marajás abatido por corrupção.

Itamar, bem, itamar, o que falar dele a não ser do seu vistoso topete….

Aí vem o Fernando Henrique e começa a melhorar as coisas mas, depois, vendendo a alma ao diabo pela reeleição.

Tivemos também um sindicalista metido a socialista, que jogava gamão com os banqueiros no fim da tarde e está complicado com a P.F. até hoje.

Para cúmulo da ironia, prepotente, afirmou que elegeria até um manequim. Fez pior: Elegeu a Dilma, “brilhante oradora” também enrolada na P.F.

Temer não conseguiu nem fazer a primeira reunião do ministério no dia marcado, pois os coleguinhas estavam todos processados.

Para chegarmos finalmente a Bolsonaro, que vem tropeçando nas próprias pernas, pessimamente assessorado pelos garotos de casa.

Aí o leitor me pergunta: Depois de todas estas tragédias/ comédias porque ainda estamos na luta?

E a resposta não poderia ser outra senão, o reconhecimento que no Brasil o povo é muito bom, muito superior às elites e é este povo, resiliente, alegre, religioso, humilde, flexível, criativo e esperançoso que segura esta “bagaça”.

Entre para ver ou adicionar um comentário

Outros artigos de Silvio Passarelli

  • Ingênuo ou mal intencionado?

    Ingênuo ou mal intencionado?

    O presidente Bolsonaro nunca se notabilizou pela sutileza. É um grosseiro profissional.

    3 comentários
  • Odisseia Cabocla II

    Odisseia Cabocla II

    Desde o primeiro dia do seu governo, o presidente Jair Bolsonaro não pensa em outra coisa do que reeleger-se em 2022…

    6 comentários
  • Odisseia Cabocla

    Odisseia Cabocla

    Esta teoria foi concebida inicialmente para explicar os jogos de poder ocorridos no seio das organizações. Por…

    1 comentário
  • A conta vem chegando.

    A conta vem chegando.

    Não fosse o ministro Paulo Guedes um profissional muito experiente, ficaríamos com a impressão de padecer de certa…

    4 comentários
  • A verdade dói.

    A verdade dói.

    Chega a ser patética a reação de certos economistas que, no afã de fazer as coisas voltarem ao normal, ficam festejando…

    7 comentários
  • Estamos em guerra?

    Estamos em guerra?

    Se alguém me falasse há alguns meses que o governo iria zerar o imposto de importação de armas- pistolas e revólveres-…

    1 comentário
  • Bolsonaro, e daí?

    Bolsonaro, e daí?

    Sempre nosso Brasil inventando moda. O momento é de incerteza absoluta.

  • Jogo duro

    Jogo duro

    O presidente Bolsonaro passa por um momento muito delicado no seu governo…. Ou o presidente é muito mal assessorado ou…

    1 comentário
  • Quem é pior: o Estado ou Vírus?

    Quem é pior: o Estado ou Vírus?

    Nem bem atingimos o primeiro mês de isolamento social por conta da covid-19, as previsões iniciais começam a se…

  • Travessia

    Travessia

    Mais do que especular sobre os efeitos no tecido econômico do isolamento, quero deter-me numa exploração dos efeitos…

    1 comentário

Outras pessoas também visualizaram

Conferir tópicos