Seu Armando revela um problema enorme na gestão de empresas: o patrão manézão!
Talvez nem todos tenham tido o desgosto (apesar de engraçado) de ouvir o áudio enviado por um dos empregados do seu Armando. O áudio, que viralizou no Twitter, demonstra uma revolta imensa de um trabalhador pelo seu “estimado” patrão, que fez chacota com sua ausência no trabalho no grupo de WhatsApp da empresa.
Para quem não ouviu, sugiro que ouça. Se não puder ouvir, aqui vai um resumo do que aconteceu:
Segundo o que percebemos no áudio (que pode ou não ser real), o empregado mora em Belford Roxo e trabalha na empresa do seu Armando, que fica em Botafogo. Para quem não conhece o Rio de Janeiro, a distância é de uns 38km e de ônibus, num dia bom, são 2h.
O patrão, nada compreensivo, chamou o trabalhador de ‘funcionário preguiçoso’, gerando a revolta toda. E por que isso viralizou?
Porque esse áudio, sendo verdadeiro ou fake, revela um problema enorme e muito comum nas lideranças de empresas do mundo afora: patrões babacas.
Se você é patrão ou líder de equipes, como eu, aqui vão algumas considerações que eu vivo falando, mas parece que muitos não entendem:
1. Não exponha seus colaboradores
Antes de mais nada, não seja babaca. Não exponha ninguém em público. Não importa o quão legal ou idiota você seja, nada te dá o direito de expor um julgamento a algum colega em público, mesmo que seja num ambiente virtual.
Feedbacks negativos podem e devem ser dados, mas sempre em particular.
E, mais importante do que ser em particular, você precisa disso antes de dar uma bronca:
2. Conheça a realidade da sua equipe
No áudio ouvimos o trabalhador falar sobre a dificuldade de locomoção devido à chuva. Como eu disse, são mais de 30km e o Rio de Janeiro está ALAGADO. Isso quer dizer que não se trata de uma “chuvinha”.
Além do bonitão do bairro nobre sentir pouco o efeito da calamidade meteorológica, ele fez pouco caso de quem sentiu (e mora longe).
Então conheça minimamente a realidade de quem trabalha contigo. Todos têm uma vida fora do trabalho (e eu espero que você também tenha). Entenda que os colaboradores passam por dificuldades adversas: sejam de transporte, sejam ausências de recursos no trabalho, sejam problemas de saúde, sejam problemas pessoais. Saiba pelo menos entender (caso não queira ter empatia) dentro dessas situações.
3. Valorize as funções da base ao topo
Possivelmente pela revolta, esse trabalhador estava guardando isso durante muito tempo. Isso quer dizer que é provável que tenha rolado um descaso grande no que se trata de “liderar uma equipe”.
Ele usa a frase “encher saco de farinha”. É provável que seja trabalhador da camada operacional da empresa. Que deve estar se sentindo desvalorizado, crendo que seu trabalho é descartável.
Pô! Valorize todas as funções. Se essa função existe, é porque há valor nela.
4. Funcionários não são máquinas
Pessoas não são máquinas operáveis. Lembra que você tá lidando com gente! Que sente, que alegra, que entristece, que adoece. Que precisa de qualidade de vida no trabalho.
E… que dão resultados, óbvio! Mas não a qualquer custo.
Pois, se for a qualquer custo, uma hora explode. E se muita gente bateu palma pra esse desabafo do trabalhador, é porque muita gente se identifica com o que ele disse.
As gestões tóxicas estão por todo o Brasil e, se você é um patrão como o seu Armando, não precisa se pronunciar. Mas saiba que nunca é tarde para ser melhor.
A grande questão que nós, empreendedores, líderes, empresários, precisamos atentar é que este empregado representa uma GRANDE parte dos trabalhadores em nosso país. E o seu Armando representa boa parte dos gestores, empresários e chefes.
Isso é triste. Isso faz com que as equipes se sintam (e com razão) parte de uma massa proletária explorada e os empresários, os magnatas exploradores impiedosos. Mas não é pra menos: tem tanto empresário e líder idiota, tantos “Armandos” por aí, que não dá pra ser diferente…
Considerações finais
Esse áudio é tudo que não deveremos ouvir… isso é tudo que as pessoas NÃO DEVEM sentir ao estar em uma empresa. Afinal, nosso trabalho faz parte de nós e precisamos saber se nosso time (muitas vezes de forma silenciosa) está sentindo a mesma coisa.
Cuide de sua equipe. Se você não cuidar, não adianta reclamar quando uma multidão de funcionários do seu Armando tomarem os meios de produção e te colocarem no olho da rua.
Texto Originalmente publicado no Blog #Mundokasulo
Copywriter e Infoprodutor
5 aMuito bem colocado