A SINGULARIDADE: LEGITIMANDO AS DIFERENÇAS NO AMBIENTE DE TRBALHO

“Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é.” (Caetano Veloso - Canção Dom de iludir)

Outro elemento ou pilar, como discutimos, do saber psicanalítico que consideramos nesta ponte entre a psicanálise e o ambiente organizacional, é a singularidade humana. O ser humano em si, carrega esta característica não só na sua construção biológica, mas em cada expressão de seus comportamentos... Daí, a constante afirmação de sermos diferentes...

Se por um lado, o saber psicanalítico tem esta concepção, de singularidade, no cerne de seu trabalho, daí sua orientação para escuta, também singular, da medida de cada um, exacerbada e marcada pela ética do desejo individual, como pode se dar a consideração desta chave das relações humanas no ambiente organizacional?

Penso que o primeiro passo é de legitimar as diferenças de cada partícipe do grupo, mesmo considerando as diretrizes e normas estabelecidas na organização, que guardam em si uma certa caraterística de padronização. Este encontro de padrões empresariais com singularidades, é importante também para a prática dos outros elementos como a responsabilidade pessoal e criatividade, também discutidos por aqui.

Já se observa em algumas organizações, práticas como a elaboração de planos personalizados de aprendizado para o colaborador e também a estruturação de horários de trabalhos e locais de atuação híbridos, considerando a caraterística de trabalho de cada um, entre outras ações que buscam expressar a forma da empresa lidar com as diferenças daqueles que a compõem.

Na visão psicanalítica, considerando a importância que dá a medida de cada um, cabe fortalecer junto aos líderes a importância da escuta e partir daí o acolher; o buscar conhecer características individuais a serem consideradas e aproveitadas na ação do trabalho; o empréstimo de si no apoio as mudanças necessárias de atitudes na ação responsável das práticas e das obrigações laborais; e também um monitoramento, como um remoer, que contribua com constantes evoluções pessoais.

E a cada um, mesmo com os apoios e escutas organizacionais, caberá conduzir sua forma de posicionar-se, apresentar os resultados que lhe cabe e responsabilizar-se pela sua singularidade legitimada.

E assim quem sabe, seguindo o poeta, não só saber, mas desfrutar dores e delícias de ser o que é...