SISTEMA DE ARREFECIMENTO VEÍCULAR
SISTEMA DE ARREFECIMENTO VEÍCULAR
AUTOR
Engenheiro Mecânico
Bertoldo Perri Neto
CREA: 5070670799
Engenheiro mecânico
Engenheiro de Perícias e Avaliações
Engenheiro de Gerenciamento da Manutenção
O sistema de arrefecimento visa diminuir o calor produzido pelo motor qual atinge temperaturas estremas, superiores a 800°C.
Nos motores mais antigos, a temperatura da água girava em torno de 80ºc contra mais de 95ºc dos motores modernos. Estas temperaturas ficam muito próximas do ponto de ebulição da água que é de 100ºc, além deste fator, temos também a corrosão do sistema e o congelamento da água em algumas regiões mais frias. Por estes motivos é que o sistema de arrefecimento necessita de compostos a base de álcool, como etilenoglicol ou o propileno glicol, glicerina, cloreto de magnésio, tornando-se, assim, o que chamamos de líquido de arrefecimento.
Tome nota!
Você sabia que ¾ da energia calórica do motor é desperdiçada por dissipação de calor.
Para motores a combustão interna, existem três meios de arrefecimento.
· Sistema a Água – Sistema complexo, possuí maior capacidade térmica. Ou seja, grande capacidade de absorver calor.
· Sistema a Ar – Sistema simples, possui menor capacidade térmica. Ou seja, menor capacidade de absorver calor se comparado com o sistema a água.
· Sistema de arrefecimento híbrido Ar/Água, Trabalha em conjunto, ar com o sistema a água.
Características e ganhos do sistema de arrefecimento a água.
· Uniformiza a temperatura;
· Evita ocorrência de pontos superaquecidos;
· Maior calor específico;
Cuidados a serem tomados!
A água do sistema de arrefecimento do motor deve ser limpa e livre de agentes químicos corrosivos, tais como, cloretos, sulfatos e ácidos. A água deve ser mantida levemente alcalina, com o valor do pH em torno de 8,0 a 9,5.
Alguns problemas que a mistura água e aditivo de arrefecimento impróprios podem causar.
· Presença de sais minerais e argila irão oxidar o sistema e reduzir o potencial de arrefecimento do sistema;
· Em baixas temperaturas o líquido de arrefecimento pode congelar;
· Alguns metais pesados presentes nos fluidos podem corroer o material do sistema;
· Oxidações e corrosões espontâneas.
Corrosão e oxidação do sistema.
A formação de oxidação e a corrosão do sistema de arrefecimento, não é uma questão relacionada a idade do motor, pois o processo pode começar tão logo o sistema for preenchido com mistura água aditivo fora do especificado para o motor. A corrosão afeta todas as partes metálicas, especialmente o ferro e o alumínio. Após a formação da oxidação acontece a corrosão onde minúsculas partículas metálicas se desprendem e começam a circular pelo sistema de arrefecimento provocando danos ao sistema, principalmente a bomba d’água, pois seu selo mecânico (gaxeta) que fica exposto as partículas. O selo mecânico da bomba d’água é o responsável pela “vedação” da bomba, as partículas em contato com o celo mecânico formam uma espécie de “lixa”, inutilizando o poder de vedação do celo mecânico, causando o tão falado “vazamento da bomba d’água”.
Pulo do Gato!
O que fazer para o sistema de arrefecimento não ficar “sujo”?
Se a troca do líquido de arrefecimento ocorrer de acordo com o manual do veículo, sempre utilizando produtos genuínos como, água desmineralizada e aditivo recomendados pela montadora do motor, o acúmulo de oxidação e ferrugem no sistema de arrefecimento do seu motor não pode ocorrer. Com isso se preserva a vida útil do motor e de componentes como radiador, bomba d’água, válvulas e dutos de arrefecimento.
Atenção!
Água potável tratada, boa para beber pode ser usada no motor?
Os tratamentos d'água para consumo humano consistem na adição de agentes químicos como, cloro e flúor, agentes estes, agressivos às ligas metálicas do motor. A qualidade da água não interfere no desempenho do motor, porém seu uso, embora indevido é bastante frequente. A utilização de água inadequada pode resultar em danos irreparáveis como a formação de depósitos sólidos de sais minerais, que são produzidos por água com elevado grau de dureza, obstruindo as passagens do líquido, provocando restrições e dificultando a troca de calor.
Á água muito ácida pode causar corrosão eletrolítica entre os materiais de diferentes ligas metálicas.
Olha Vivo!
O que é Corrosão Eletrolítica?
Pode ser considerado também um processo de corrosão eletroquímica. Esse tipo de corrosão ocorre quando há uma fuga de corrente elétrica proveniente de deficiências de isolamentos ou aterramentos. A corrosão eletrolítica ataca o sistema de arrefecimento e, isso, ocorre quando uma fuga de corrente elétrica atinge o sistema de arrefecimento provocando reações químicas indesejáveis e altamente corrosivas. Por isso, devemos realizar uma manutenção regular do sistema.
Sistema arrefecido a ar.
Tem como meio de refrigeração o próprio ar do meio ambiente. As camisas do cilindro, possuem aletas que ficam expostas as intempéries. Para que o calor seja dissipado de forma ideal há no motor e no veículo, vários direcionadores de ar que são projetados para direcionar o ar do meio ambiente para as aletas do cilindro do motor, fazendo com que haja o resfriamento do motor.
Características e ganhos do sistema de arrefecimento a ar.
· O sistema a ar pode ser usado em casos de baixa geração de calor;
· Não requer reservatório e tubulações fechadas para sua condução;
· Não é corrosivo;
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· Não evapora;
· Construção simples;
· Menor peso por cv;
· Manutenção simples;
· O ar não evapora, não congela e não é corrosivo.
Principal desvantagens.
Baixo calor específico.
Tipos básicos de sistema de arrefecimento a ar.
· Circulação livre – motocicleta, bicicletas, motosserra, alguns veículos etc.
· Circulação forçada – motores de alguns veículos, motores estacionários, marítimos etc.
Olho vivo!
Alguns cuidados que devemos tomar com o sistema refrigerado a ar?
· Manter as aletas limpas;
· Evitar pinturas nas aletas;
· Cuidados com a quebra de aletas;
· As aletas só podem ser alteradas por um especialista.
Sistema de arrefecimento híbrido ar/água.
Utiliza-se os dois sistemas juntos, a água absorve calor do meio (bloco) e o ar resfria a água.
Existem dois tipos de sistemas.
· Circulação livre
· Circulação forçada
A vantagem da circulação livre.
· É sua simplicidade.
As desvantagens são.
· Exige camisas e tubulações mais amplas para facilitar a circulação da água;
· Se a água se encontrar abaixo do nível normal haverá formação de bolsões de ar acarretando superaquecimento;
· Sistema mais utilizado em motores de tratores agrícolas de baixa potência.
As vantagens da circulação forçada.
· Sistema robusto e consolidado;
· Possui bomba centrífuga que promove a circulação forçada do meio arrefecedor;
· Possui válvula termostática entre o cabeçote do motor;
· Possui radiador para o controle da temperatura;
· A quantidade de água do sistema pode ser reduzida consideravelmente, pois neste sistema a água está sob pressão e circula com maior velocidade;
· Pode ser usado em motores de elevada potência.
As desvantagens são.
· Se o nível de água estiver baixo, forma-se bolsões de vapor que impedem a passagem de água;
· Bomba d’água promove a circulação forçada da água podendo ocorrer vazamentos;
· Bomba d’água fica acoplada no eixo da ventoinha podendo ocorrer quebras;
· Sistema propicio a acúmulo de oxidação em casos de falta de manutenção.
·
Válvula termostática.
Controla a temperatura através do fluxo de água do motor para o radiador.
Bloqueia ou desvia o ciclo do líquido de arrefecimento, para não passar pelo radiador enquanto o motor não estiver na temperatura de trabalho. Quando o motor estiver na temperatura de trabalho, a válvula termostática se abre, permitindo a passagem do líquido arrefecedor para o radiador. As válvulas termostáticas mais antigas possuem acionamento mecânico, por outro lado, alguns veículos modernos estão sendo fabricados com válvula termostática eletromecânica controladas pela central de injeção eletrônica.
Pulo do Gato!
É falsa a ideia de que a eliminação da válvula termostática melhora as condições de arrefecimento do motor. Muitos mecânicos, ao se verem diante de problemas de superaquecimento do motor, eliminam a válvula termostática, permitindo que o líquido de arrefecimento circule livre pelo motor, desta forma o motor trabalha abaixo da temperatura. A remoção da válvula termostática aumenta as emissões de poluentes, aumenta o consumo de combustível e diminui a vida útil do motor.
Tampa do radiador e do tanque de expansão.
A pressão interna do sistema de arrefecimento é controlada pela válvula existente na tampa do radiador ou do tanque de expansão, é necessário manter a pressurização adequada do sistema de arrefecimento de acordo com as recomendações do fabricante do motor. A falta de pressurização do sistema de arrefecimento causa perca de fluido de arrefecimento e superaquecimento, podendo ocasionar a quebra do motor.
Ventoinha.
Força a passagem do fluxo de ar através do radiador, realizando desta forma a troca de calor.
Mangueiras.
Condução do líquido de arrefecimento do radiador até a bomba d’água e do motor para o radiador.
Camisas d’água.
Superfície externa a parede dos cilindros, a qual forma galerias por onde a água circula retirando calor excedente do motor.
Uma das grandes vilãs do sistema de arrefecimento é a bomba d’água, mas será que é ela mesmo a vilã do sistema?
A bomba d’água é uma máquina de fluxo e tem a função básica de movimentar o fluido pelo sistema de arrefecimento do veículo, porém, a bomba d’água quase sempre é movida por sistemas conjugados ou periféricos a ela. Agora que sabemos disso, vamos saber quis são as causas que fazem a bomba d’água ter a fama de vilã do sistema.
· Mistura do líquido de arrefecimento fora do indicado pela fabricante do motor ataca as ligas metálicas, ocasionando oxidações e desprendimento de partículas metálicas que atingem o selo mecânico da bomba, causando falta de estanqueidade;
· Sistema de arrefecimento contaminado por oxidações, causa a oxidação da bomba d’água e consequentemente perca de performance;
· Bomba d’água montada com cola ou junta líquida em excesso, causa soltura de partículas da junta as, quais, podem penetrar no celo mecânico, causando falta de estanqueidade;
· Bomba d’água que não é a recomendada para o veículo, pode causar desde vazamentos a baixa performance, fazendo com que o motor trabalhe em temperaturas acima ou abaixo do recomendado para o veículo;
· Falha na aplicação da bomba d’água, pode causar desde vazamentos e superaquecimentos até a quebra da bomba;
· Falta de tensão na correia da bomba d’água, pode causar vibrações, expulsão da correia e até mesmo a quebra da bomba e de componentes periféricos;
· Alta tensão da correia da bomba d’água, pode causar a quebra da correia, quebra da própria bomba, quebra de tensores e polias e mesmo a quebra do motor;
· Desalinhamento da bomba d’água em relação ao bloco do motor, causa o desalinhamento da correia, quebra do flange da polia e a quebra da correia;
· Aplicação, instalação, manuseio, uso, manutenção inadequada ou incorreta, realizada por pessoa não habilitada e sem o auxílio de equipamentos apropriados, pode prejudicar a performance da bomba;
· Produto violado, amassado ou quebrado, pode prejudicar a performance da bomba;
· Não observância das instruções de montagem, pode prejudicar a performance da bomba;
· Deterioração do produto ocorrido pela não utilização de água destilada ou desmineralizada ou uso de aditivo na proporção e especificação fora do indicado pelo fabricante do motor, causa oxidações, corrosões e cavitações.
Supervisor de Controle da Qualidade at Schadek Automotive | QMS | Green Belt | Lean Six Sigma | Auditor VDA | Auditor IATF | Instrutor Kaizen e MASP-PDCA | Core Tools
1 aMuito bom o artigo Bertholdo P.. Informações precisas de um profissional gabaritado. É disso que o mundo acadêmico precisa. Parabéns 👏👏.
Engenharia; Trainee; Produção
1 a👏👏👏👏👏👏
👏🏻👏🏻👏🏻🔝🔝🔝