Slow Science
A pesquisa cientifica tem acompanhado toda evolução que o mundo passou nas últimas décadas e hoje passa por uma cobrança de resultados que qualquer linha de produção sofre. Porém existe um movimento chamado SLOW SCIENCE, que busca diminuir esta marcha, visando melhorar a qualidade do maior produto do setor científico: os artigos científicos.
Hoje a pesquisa científica funciona num ritmo impressionante: são milhares de artigos publicados, congressos e simpósios ocorrendo simultaneamente de diversas áreas e nem sempre trazem o impacto esperado à sociedade onde ela esta inserida.
Para ter uma ideia da velocidade que se publica artigos hoje, vejam o link abaixo que consolida os resultados de 2016:
São 2.200.000 artigos em 2016, na média seriam 183.333 por mês, ou 45.833 por semana, 6.027 por dia, 251 por minuto, enquanto você demorava 10 segundos para ler este paragrafo foram publicados 40 artigos.
Não há dúvida que os cientistas trabalham como uma industria, e nem pode ser diferente, mas todos tem exemplos de produtos que consumimos todos os dias que podem ser feitos com qualidade ou com baixo nível.
O movimento Slow Science teve seu início na Alemanha em 2011, e leva em consideração que a ciência não deve ser lenta, mas sim mais ponderada e avaliar melhor a qualidade e real impacto de suas produções.
Como mencionado no seu manifesto, os artigos não são como blogs ou twitter, é necessário tempo para se realizar um bom planejamento, refletir sobre os resultados e muitas vezes repetir tudo.
Mas por que existe esta corrida por se publicar artigos? O motivo disso é que se faz necessário ter uma avaliação dos indivíduos e instituições, e assim é preciso criar um ranqueamento.
O modelo americano que é mais utilizado, ele considera o número de publicações como um parâmetro relevante para uma melhor classificação e consequentemente mais acesso à recursos.
Infelizmente essa forma de avaliação leva em todas as áreas uma conclusão simples: melhor quantidade do que qualidade. Quantidade elevada de publicações sem aplicação ou o mínimo de impacto na sociedade, além da quantidade elevada de alunos sendo orientada a seguir este modelo.
Muitos dos cientistas do início do século passado que tiveram grandes trabalhos não tem um currículo tão extenso em publicações que um bom aluno de pós doutorado de hoje, porém será que não estamos sufocando os novos grandes cientistas que já existem na nossa sociedade, mas não tem espaço para trabalhar melhor suas teses e trazer alguma nova descoberta?
Este ranqueamento pode ser realizado de outras formas, como registro de patentes no caso de artigos de aplicação tecnológica, porém para algumas áreas é necessário buscar outras ferramentas que priorizem a qualidade e não forcem uma publicação constante.
Para conhecer mais sobre a Slow Science, veja o manifesto abaixo e visite o site, ele já foi tema de discussão em vários países, inclusive no Brasil:
Abaixo o vídeo de uma aula inaugural em 2011 na Vrije Universiteit Brussel (VUB), ministrada pelo Professor Isabelle Stengers, sendo o manifesto, escrito naquele ano, tema da aula.