Small Caps: entenda o potencial de crescimento e as diferenças entre Brasil e EUA
Em contraste com as gigantes corporativas mais conhecidas, as small caps, muitas vezes menos exploradas pelos investidores, podem apresentar potencial de crescimento expressivo. Afinal, elas costumam ter espaço para essa expansão.
No cenário norte-americano, essas empresas de menor capitalização também podem ser atrativas para quem busca investimentos no longo prazo. Porém, elas apresentam diferenças que podem impactar nos seus resultados.
Quer saber mais sobre esse tema? Continue a leitura e entenda o potencial de crescimento das small caps e as divergências entre os mercados brasileiro e norte-americano!
Qual é o cenário das small caps no Brasil?
Para explorar o cenário do mercado acionário brasileiro em relação às small caps, que são as empresas de menor capitalização listadas na bolsa de valores, é interessante compará-las ao Ibovespa. Esse índice é composto pelas ações com maior volume de negociações da B3.
Ele é o principal índice da bolsa brasileira (B3), atuando como um termômetro importante para mensurar a saúde econômica do país. Segundo um estudo de 2023, as small caps demonstraram desempenho superior ao Ibovespa durante os cortes consecutivos na taxa básica de juros, a Selic.
Nessa pesquisa, que abrangeu 9 ciclos de flexibilização monetária desde março de 1999, é possível comparar a performance das ações em momentos cruciais da economia brasileira. Nesse caso, o índice SMLL, que representa as small caps, apresentou um crescimento de 49,5% e 66,5% em 12 e 24 meses, respectivamente.
Enquanto isso, o Ibovespa registrou avanços de 26% e 32,7% nos mesmos intervalos, como mostra a tabela a seguir.
Além disso, ao observar as métricas fundamentais, o estudo revelou que as ações small caps estavam sendo negociadas a 10,9x em termos de preço/lucro. Esse dado apresenta um desconto de aproximadamente 40% em relação à média histórica de 11,5x.
A relevância dessa métrica se destaca pela sua capacidade de indicar o retorno do investimento aos acionistas. Logo, um desconto mais expressivo historicamente sugere uma recuperação mais vigorosa.
Vale destacar que um exemplo marcante de small cap que impulsionou esses resultados é a varejista de moda C&A, que registrou uma alta de 258% ao longo do ano de 2023. Além disso, as incorporadoras Tenda e Plano & Plano tiveram valorização importante no período.
Isso reforça a diversidade de setores que contribuíram para o desempenho positivo das small caps em 2023.
O que influencia esse cenário?
Ao conferir o cenário das small caps no Brasil, você pode ter interesse em compreender os fatores que influenciam o bom desempenho dessas ações diante da queda da Selic. Para começar, com a redução da taxa de juros, a renda fixa tende a se tornar menos atraente para os investidores.
Desse modo, eles costumam direcionar seus recursos para ativos de maior risco em busca de retornos mais atrativos. Nesse panorama, é comum que as pessoas se voltem para empresas menores com maior potencial de crescimento no longo prazo.
Assim, a tendência é aumentar a procura pelas small caps, resultando em maior liquidez para as ações dessas companhias. Ainda, esse movimento contribui para uma valorização mais expressiva desses negócios no mercado.
O segundo ponto envolve a alavancagem operacional de empresas de menor capitalização. Com a queda da taxa básica de juros, as despesas financeiras dessas companhias diminuem, gerando um aumento nos lucros.
Esse cenário fortalece a saúde financeira das small caps e atrai investidores em busca de oportunidades de ganhos futuros.
Quais as semelhanças e as diferenças entre essas empresas no Brasil e EUA?
Além de entender o que influencia o cenário das small caps no Brasil, você pode ter interesse em saber os pontos em comum e as diferenças entre essas empresas nacionais e as norte-americanas. Isso ajuda a ter uma compreensão mais robusta sobre o tema.
A seguir, confira as semelhanças e as diferenças entre as small caps desses países!
Semelhanças
A sensibilidade à incerteza é uma característica das small caps, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos (EUA). Essas empresas, devido à sua natureza ágil e capacidade de adaptação rápida, demonstram uma resposta intrínseca a cenários de incerteza econômica.
Essa sensibilidade as torna suscetíveis a reagir a mudanças nas condições do mercado, resultando em maior volatilidade em seus ativos. Ademais, o menor valor de mercado dessas empresas as torna mais propensas a oscilações acentuadas nos preços de suas ações.
Embora o contexto ofereça oportunidades para investidores, é importante destacar que essa volatilidade também acarreta riscos significativos. Assim, ela exige uma abordagem estratégica e uma compreensão aprofundada do mercado pelo investidor.
Por fim, o potencial de crescimento é uma questão que impulsiona o reconhecimento das small caps em ambos os mercados. Nesse caso, a habilidade de identificar e explorar oportunidades de expansão torna essas empresas catalisadoras de inovação, sendo que elas também contribuem para o desenvolvimento econômico.
Diferenças
No que se refere às diferenças, é possível observar que o ambiente regulatório brasileiro impõe desafios únicos que podem ter um impacto direto nas práticas das small caps no país. Em contrapartida, nos EUA, esse cenário é mais maduro e estável.
Além disso, o acesso à capital varia significativamente entre os dois países. No Brasil, as small caps podem enfrentar restrições devido às características do mercado de capitais.
Por outro lado, nos EUA, essas empresas muitas vezes desfrutam de um acesso mais amplo às oportunidades de captação de recursos financeiros. Desse modo, elas podem se beneficiar de maior liquidez e da participação ativa de investidores institucionais.
O ciclo de juros e a sensibilidade econômica são fatores críticos para as small caps, sendo possível observar diferenças entre os dois países. No Brasil, a sensibilidade dessas companhias às taxas de juros mais altas é mais evidente em comparação com os EUA.
Quanto à visibilidade internacional e presença global, as small caps brasileiras tendem a ter esses fatores mais limitados. Ou seja, elas se concentram, principalmente, no mercado doméstico.
Já no país norte-americano, as companhias frequentemente apresentam uma presença global mais robusta. Com isso, elas atraem investidores de diversas partes do mundo, o que pode influenciar no potencial desses ativos.
Quais são os desafios enfrentados por small caps?
Agora que você já sabe as diferenças entre as small caps brasileiras e norte-americanas, é interessante conhecer os desafios que esse tipo de empresa enfrenta. Como você viu, a volatilidade elevada é uma característica relevante dessas companhias.
Isso está relacionado ao seu menor valor de mercado, que as torna propensas a oscilações mais acentuadas nos preços das ações. Consequentemente, esses papéis tendem a ser mais arriscados para os investidores.
Logo, outro desafio significativo é a possibilidade de ter menor liquidez. Essa característica adiciona complexidade às transações envolvendo essas empresas de menor capitalização.
O acesso restrito ao capital é uma preocupação comum para muitas small caps. Afinal, a menor visibilidade no mercado e a cautela dos investidores podem limitar suas oportunidades de financiamento e crescimento.
Outra questão que pode impactar a confiança dos investidores é o desenvolvimento das práticas de governança corporativa, que costuma ainda estar em curso nessas companhias. Também há a concorrência com grandes players em seus setores e a necessidade de se destacar por meio de inovação e eficiência operacional.
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Por fim, o risco de insucesso é uma realidade que os investidores em small caps precisam considerar. Isso porque a natureza mais arriscada desses investimentos amplia os riscos de as empresas não atingirem o desempenho esperado, resultando em perdas para os investidores.
Quais são as vantagens de investir em small caps?
Além dos desafios enfrentados pelas small caps e que acabam refletindo nos riscos dos ativos, é importante conhecer as vantagens desse tipo de investimento. Desse modo, é possível enxergar as oportunidades de investir nessas ações.
A seguir, veja as vantagens das small caps!
Chances de explorar o chamado “oceano azul”
Os mercados menos explorados, chamados de oceano azul, costumam gerar oportunidades de crescimento consistente. Assim, essas empresas podem se tornar líderes em seus setores e desenvolver uma vantagem competitiva sustentável.
A estratégia permite que as small caps prosperem mesmo em ambientes econômicos desafiadores. Afinal, elas estão menos expostas à concorrência direta e podem atender de maneira mais eficaz às demandas específicas de seus clientes.
Diversificação de portfólio
As small caps podem apresentar uma menor correlação com grandes índices de mercado, o que contribui para a diversificação de portfólio e redução de riscos. Essa característica é especialmente interessante para os investidores que buscam diversificar seus portfólios.
Como essas empresas têm maior potencial de crescimento e, muitas vezes, estão ligadas a mercados inovadores, elas tendem a ter movimentos distintos em relação às blue chips, por exemplo. Isso pode ajudar a equilibrar a carteira, pensando na relação entre risco e retorno.
Outro ponto relevante é que, ao escolher small caps internacionais, por exemplo, também há oportunidades de dolarizar a carteira. Com a exposição ao dólar, você protege o seu patrimônio diante de quedas do real e pode ampliar o potencial de ganhos, a depender dos movimentos da economia.
Potencial no longo prazo
À medida que essas empresas crescem, elas ganham participação de mercado e aumentam suas receitas. Logo, os investidores que acreditaram no seu potencial desde o início podem colher os frutos desse crescimento.
Embora nem todas as empresas de menor capitalização alcancem o sucesso, existem aquelas que conseguem proporcionar retornos que superam as expectativas. E esse potencial de valorização é um dos motivos pelos quais investidores estão dispostos a assumir o risco associado às small caps.
Contribuição para a inovação
Ao investir nesse segmento, os investidores não apenas buscam retornos financeiros, mas também participam ativamente do fomento à inovação. Afinal, essas empresas frequentemente operam em setores dinâmicos e inovadores, sendo incubadoras de novas ideias e tecnologias.
Ademais, o apoio financeiro a essas companhias representa um impulso para a economia local e nacional. Dessa forma, o investimento no segmento vai além dos benefícios individuais, contribuindo para um desenvolvimento econômico mais amplo.
Quais são as oportunidades de investimento nesse segmento?
Ao conhecer as vantagens de investir em small caps, é possível que você tenha interesse em incluir essas ações na sua carteira de investimentos. Por isso, vale a pena compreender como aproveitar as oportunidades nesse segmento — inclusive pensando no mercado dos EUA.
Na prática, existem dois modos de investir em small caps: direta ou indiretamente. Entenda mais detalhes!
Investimento direto
Investir diretamente em small caps significa adquirir ações dessas empresas na bolsa de valores em que elas são listadas. Nesse caso, o investidor se torna acionista da companhia e compartilha tanto os resultados positivos quanto os riscos.
No investimento direto, é preciso comprar os papéis individualmente para montar a sua carteira. Além disso, quando se fala em investir em ações internacionais, é necessário ter conta em uma corretora do país de origem do ativo, enviar o dinheiro para o exterior e se sujeitar à legislação do local.
Como resultado, esse tipo de investimento tende a ser mais dispendioso e requer atenção especial do investidor.
Investimento indireto
O investimento indireto é aquele que ocorre por meio de outra alternativa do mercado. Dessa maneira, em vez de comprar ações diretamente, o investidor aloca recursos em um veículo financeiro ou ativo que representa o papel desejado.
Na condição de um investimento internacional, é possível realizar as alocações diretamente na bolsa de valores brasileira, facilitando as transações financeiras. Afinal, o investidor pode negociar em sua conta em uma corretora nacional.
Confira duas alternativas para se expor às small caps!
BDRs
Os brazilian depositary receipts (BDRs) são certificados de depósito de valores mobiliários emitidos e negociados no Brasil, que representam ativos estrangeiros. Assim, eles podem ser atrelados a títulos de renda fixa ou ações, por exemplo.
Dessa maneira, é possível comprar BDRs que representam papéis de small caps norte-americanas para compor a carteira.
ETFs
Os exchange traded funds (ETFs), também conhecidos como fundos de índice, são veículos de investimento coletivo que buscam replicar o desempenho de um índice de mercado específico. Para tanto, eles investem nos mesmos ativos e em proporções semelhantes à carteira teórica do seu alvo.
Além disso, existem fundos que espelham índices internacionais e são negociados no Brasil. No caso do investimento em small caps, basta procurar por ETFs que espelham índices que acompanham essas empresas.
Entre eles, estão o Índice Small Cap (SMLL) no Brasil ou o Standard and Poor’s SmallCap 600 Value Index (SP600V) nos EUA. Nesse cenário, um exemplo de ETF negociado no Brasil é o ETF SVAL11.
Esse fundo replica o desempenho do Vanguard® S&P Small-Cap 600 Value (VIOV) que, por sua vez, segue o índice S&P Small-Cap 600 Value.
Vale destacar que, ao investir em cotas de ETFs, o investidor pode adquirir participação em uma carteira diversificada de ativos, simplificando a exposição às small caps de forma prática. Ademais, é importante notar que esses fundos podem não distribuir proventos diretamente aos investidores.
Em vez disso, eles reinvestem os ganhos para aumentar a participação nas empresas que compõem a carteira teórica do índice. Logo, o investidor pode lucrar com a consequente valorização de suas cotas.
Neste post, você descobriu as diferenças entre as small caps brasileiras e as norte-americanas e como investir nessas empresas. Agora, pode ser relevante estudar esse mercado para entender se vale a pena para a sua estratégia de investimento nessas companhias.
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