Qual o papel dos investimentos na manutenção do poder de compra?
O poder aquisitivo mensura a capacidade de adquirir bens e serviços com certa quantia de dinheiro. Como ele está diretamente ligado aos preços, as oscilações na inflação o impactam significativamente.
Mas você sabe como o poder de compra do brasileiro mudou ao longo do tempo? Entender essa questão ajuda a compreender o cenário econômico do país e a estabelecer estratégias para proteger o patrimônio.
Quais as principais flutuações de inflação dos últimos anos?
Para entender como o poder de compra do brasileiro mudou nos últimos anos, é importante saber mais sobre o histórico da inflação no Brasil. Afinal, esse índice mede o aumento generalizado e constante dos preços de bens e serviços, demonstrando a capacidade de aquisição do brasileiro.
Antes do Plano Real
O Plano Real foi um conjunto de medidas econômicas implementadas em 1994 para estabilizar a economia brasileira, controlando a hiperinflação e introduzindo uma nova moeda — o real. Antes dessa implementação, a situação econômica do Brasil era crítica.
Nos oito anos anteriores ao plano, por exemplo, o país experimentou a troca de quatro moedas diferentes devido à incapacidade de controlar a inflação. Para ter dimensão do cenário, vale saber que a taxa de inflação, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), atingiu quase 2.500% ao ano na época.
Veja no gráfico a variação do indicador inflacionário nesse período:
Essa hiperinflação iniciou em 1979, durante a segunda crise internacional do petróleo. Com o aumento dos preços da commodity, os Estados Unidos — que dependiam de importações da matéria-prima — enfrentaram uma inflação significativa.
Para lidar com isso, o Federal Reserve — o banco central norte-americano — aumentou as taxas de juros, o que teve repercussões globais, levando a uma recessão generalizada. Essa crise no Brasil perdurou por anos, sendo controlada somente com a implementação do Plano Real.
Inflação entre 2013 e 2023
No período de dez anos entre 2013 e 2023, o Brasil passou por flutuações na taxa de inflação, influenciados por uma variedade de fatores — tanto internos quanto externos. A pandemia da covid-19, em 2020, introduziu novos desafios, refletidos em aumentos temporários na inflação, devido, principalmente, à desvalorização da moeda e problemas nas cadeias de suprimentos globais. Observe o gráfico que demonstra a variação do IPCA acumulado anual entre 2013 e 2023:
Quais eventos impactaram o mercado brasileiro nesse período?
Como você viu, de 2013 a 2023, o país passou por flutuações significativas no índice de inflação. Nesse período, houve dois momentos em que a taxa inflacionária subiu a níveis recordes, afetando a vida dos brasileiros.
A inflação no Brasil em 2015 atingiu 10,67%, a maior registrada desde 2002. Esse aumento expressivo foi impulsionado principalmente pela alta nos preços administrados — como telefonia, água, energia, combustíveis e transporte público.
A desvalorização do real em relação ao dólar aumentou os custos das importações, pressionando os preços internos. E a alta dos preços das commodities no mercado internacional também foi significativa, elevando os custos dos alimentos e dos insumos industriais. Somado a isso, o Brasil enfrentava uma crise fiscal, com déficits crescentes e uma dívida pública elevada.
Esse cenário limitou a capacidade do Governo de implementar políticas eficazes de controle da inflação. As incertezas políticas, incluindo os desdobramentos da operação Lava Jato e a consequente crise de confiança, agravaram a situação econômica.
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Em 2021, o IPCA atingiu 10,06%, marcando o maior aumento desde 2015. Esse valor superou a meta de inflação estabelecida pelo Banco Central — que era de 3,75% com um teto de 5,25% — representando o maior desvio em relação à banda superior da meta em quase 20 anos.
Com isso, a inflação brasileira em 2021 foi a terceira mais alta entre as principais economias globais. Apenas a Argentina, com um índice de 51,18%, e a Turquia, 0com 36,08%, apresentaram taxas mais elevadas.
A inflação nos Estados Unidos foi de 7% — representando a maior desde 1982 — e, na China, o índice acumulou 1,5% no ano. Portanto, a alta de preços em 2021 teve um caráter global, influenciada por uma série de fatores interconectados.
Como o poder de compra do brasileiro mudou?
Você entendeu a base do histórico da inflação no país nos últimos anos. Na prática, a capacidade aquisitiva do cidadão teve uma significativa queda, refletida em diversos indicadores econômicos.
Para se ter uma dimensão da situação, a fatia necessária do rendimento médio habitual do brasileiro para comprar uma cesta básica aumentou consideravelmente. Ela passou de 21% para 26,1% entre 2013 e 2023.
Isso indica que uma parte maior do salário médio é destinada à compra de itens essenciais para a sobrevivência. O IPCA acumulado também teve um aumento expressivo, subindo quase 88% ao longo desses 10 anos.
Exemplo: considerar a aquisição dos mesmos produtos nos diferentes períodos. Em 2013, R$ 100 eram suficientes para comprar carne, leite, feijão, arroz e outros nove itens, com troco de R$ 27,82. Mas, em 2023, esse mesmo valor foi capaz de comprar somente 1 kg de carne, pão e café. A diferença mostra a deterioração no poder de compra ao longo do tempo.
Qual o papel dos investimentos na manutenção do poder de compra?
Ao observar a queda no poder de compra do brasileiro, você pode ter interesse em saber como preservar a capacidade aquisitiva do patrimônio. Na prática, os investimentos costumam ajudar nessa questão devido a uma série de mecanismos e estratégias.
Uma das principais vantagens de investir é a possibilidade de obter retornos que superem a taxa de inflação. Isso significa que, ao escolher alternativas adequadas, os investidores podem garantir que seus ganhos superem a taxa de aumento dos preços.
Com isso, é possível preservar o poder de compra do capital ao longo do tempo. Dentre os investimentos disponíveis, os títulos de renda fixa com rentabilidade híbrida se destacam pela combinação de proteção contra a inflação e um retorno fixo garantido.
Isso porque eles oferecem uma taxa pós-fixada atrelada ao IPCA somada a um percentual fixo ao ano. Dessa maneira, os investidores têm chance de receber remuneração real positiva, mesmo em períodos de aumento dos preços.
Para se expor a esse tipo de rendimento, o investidor pode comprar diretamente os títulos que oferecem a rentabilidade híbrida. Outra possibilidade é investir em fundos de índice (ETFs) que espelham um indicador que mede o desempenho desses títulos, como o NTNS11.
Esse fundo replica a performance de títulos do Tesouro Direto atrelados à inflação, com vencimento entre 0 e 4 anos. Em maio de 2024, a sua carteira era composta pelos seguintes investimentos:
Ademais, o NTNS11 tem liquidez diária, reinvestimento automático e prazo médio da carteira superior a 720 dias. Como o seu portfólio é composto por diversos títulos, o ETF é uma forma prática e acessível de investir e diversificar.
Para ter melhor entendimento sobre a rentabilidade do NTNS11, vale a pena verificar a cotação do índice entre 2016 e 2024 — mas tenha em mente que resultado passado não dá garantia de retornos:
Conclusão
Neste artigo, você entendeu como o poder de compra do brasileiro mudou nos últimos anos. Diante do cenário de oscilação na inflação, vale a pena estudar as possibilidades de investimentos para proteger o seu capital.
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