SNS, educação e competência em gestão
SNS - saúde
Educação
Quem é que manda? Liderança bicéfala
Balancear entre escolas x professores x população em idade escolar e falta de pessoal não docente
Produtividade
Qualidade de ensino e entre escolas privadas e públicas
Pessoas sem médico de família
Idade elevada dos quadros de profissionais das escolas/ reposição
Tempo de espera para cirurgias
Digital versus papel
Falta de médicos em certas épocas, turnos e locais
Manutenção de escolas e equipamentos
Urgências de obstetrícia, pediatria fechadas
Valorização da profissão e atratividade para novos professores
Envelhecimento da população e uso de serviços público e/ou privado
Autonomia de municípios, divisão de responsabilidades e coordenação
Urgências usadas sem necessidade
Voz dos pais/ encarregados de educação
Distribuição de população e de médicos
Impacto no elevador social
Doentes com alta que não deixam os hospitais
Recomendados pelo LinkedIn
Tempo de serviços / resquícios da Troika
Manutenção de unidades de saúde, e novas estruturas adiadas eternamente (ex: Hospital Central de Lisboa)
Politécnicos, profissionalizantes, como opção a licenciaturas
Autonomia dos administradores hospitalares (ou falta de…)
Cresces grátis , mas não cobrem toda a população interessada
Força da voz dos doentes e familiares
Professores qualificados mas não avaliados adequadamente
Diferença de qualidade entre quem mais tem e quem menos tem e interior versus capitais
Diferença de qualidade entre quem mais tem e quem menos tem e interior versus capitais
Comecei este pensamento, em papel (ou digital), quando ainda tínhamos um governo de maioria em funções. Os resultados sobre a queda abrupta na qualidade da educação (PISA) ainda não haviam saído, mas ninguém se surpreendeu muito com esses resultados. Independentemente de quem assumir a liderança do governo em março de 2024 em Portugal, há um desafio enorme em duas áreas estruturais da nossa vida: a saúde e a educação. Procuramos na internet com e sem ajuda de IA e meramente listamos cerca de uma dúzia de problemas em cada um dos temas.
Ora, temos dois grandes tópicos na boca do mundo e nomeadamente em Portugal, saúde e educação. Temos tido: greves, serviços atrasados, baixa qualidade, e muitos outros fatores a impactar a população. Há certamente um terceiro a considerar que é a habitação, ou a falta dela a preços competitivos. Entretanto deixarei esse para um próximo mini-artigo. Permitiria-me propor um jogo a tentar ligar temas semelhantes em cada uma das colunas, a grande maioria são possíveis de relacionar.
Ao ver todos estes temas e eles se inter relacionam e cruzam áreas de responsabilidade notamos o grau de complexidade envolvida. Certamente merecem uma reforma profunda e devem considerar um desenho atualizado e inovador. Empurrar o problema e tentar agradar a todos claramente não ajuda em nada, só cresce a complexidade e em si o problema. Além disso, tivemos o tempo da Troika, com a função de salvar o país após anos de governação desnorteada, e uma pandemia mundial. Mais recentemente as guerras ao Leste da Europa e no Médio Oriente sugam mais recursos e pressionam os mercados internacionais, o que nunca ajuda.
Porém como referimos acima, muitos pontos que afetam a gestão da saúde e do SNS são parecidos aos que impactam a educação. Ora vejamos:
Sendo coach e consultor há vários anos, tendo trabalhado com muitas indústrias, públicas e privadas e em países diferentes, reconheço muitos, senão todos, pontos acima. São problemas de gestão pura e dura. Por exemplo, como é que posso entender que ano após ano faltam professores no início do ciclo lectivo, ficando alunos sem aulas? Não há sistema que preveja quantos tipicamente faltam por doença, de localização de residência, aposentadoria, etc? Há acima de 750 mil funcionários públicos incluídos doutorados de faculdades de renome internacional. Não há ninguém que possa fazer contas de quantos tendencialmente se aposentam (sabendo a idade dos quadros e a tendência de anos anteriores) para treinar e cobrir antecipadamente? Não sabemos projetar e ativar a cobertura de turnos de profissionais de saúde? Sempre que vem o verão ou feriados é um Deus que nos acuda. Há que haver um plano coeso para cobrir férias de especialistas para suprir as necessidades de setores específicos. Há alguns anos uma tia-avó minha teve um descolamento de retina em agosto, andei com ela por vários hospitais e essa aventura daria um livro de 400 páginas. Só queria mencionar um facto, num dos hospitais especializados em oftalmologia tínhamos um cirurgião, que poderia fazer a cirurgia, mas a sua equipe estava de férias. Havia uma equipe completa que apoiava cirurgias, mas estava alocada a outro cirurgião, esse de férias. Portanto não havia cirurgias, pois não trabalhavam juntos como uma única equipe, suponho que estavam todos a jogar às cartas.
Os humoristas têm um prato cheio e não fosse o assunto tão sério seria risível. Agora fecha-se unidades de saúde e manda-se os utentes passear pelo país. E investimos em sistemas de informação, desde avisos nas portas ao SNS 24, sites, e mensagens. Não era melhor entender onde vai faltar profissionais e contratar a cobertura de profissionais necessária? Caramba trata-se de stock de horas x especialidades x locais, estou certo que qualquer responsável por unidades fabris ou de serviços conseguiam programar melhor. Contratem estes especialistas no mercado para ajudar ou ensinar a fazê-lo aos responsáveis nos serviços.
Devíamos ter um sistema de avaliação de qualidade que incluísse de alguma forma a opinião dos utentes e/ou dos seus representantes. Se queremos melhorar não podemos fazer ouvidos moucos de quem é impactado pelo nosso serviço. Temos que diferenciar bons profissionais e maus profissionais. Para tal há que existir uma avaliação séria e com consequências, boas e más. É uma forma normal de valorizar a profissão. Se colocamos bons e maus no mesmo saco, estragamos os bons e não melhoramos os maus, que não vêem qualquer incentivo para melhorar. Os competentes ficam sem o benefício extra. Isto aplica-se a professores, funcionários não docentes, médicos, enfermeiros, etc. Médicos são forçados a 500 ou mais horas extras/ano (limite legal são 150 horas/ano) sendo que muitas vezes sequer são pagas.
Também avaliar os processos existentes em termos de qualidade, custo, rapidez, segurança e motivação, e há formas testadas de o fazer. Descentralizar o poder de decisão e o uso de uma parte dos recursos , permite solucionar manutenção de infraestruturas e equipamentos, e valoriza os profissionais, motivando-os e atraindo competências de topo necessárias.
Para concluir, na realidade vejo como pura incompetência para chegarmos a este ponto e não acredito na bala de prata para resolver tudo. Não é um génio na direção do SNS (e o Ministro(a) fica a fazer o quê?), não são as fundações de Armando Vara como estruturas em paralelo que solucionam o problema. Na realidade criam mais um nível de burocracia e de complexidade em temas já em si confusos. Aqui entram as cunhas e favores para fazer o bypass a toda a complicação criada. Simplificando:
Basta competências em gestão, desde estratégica a operacional e avaliar de modo a separar o trigo do joio.