Sobre bulas e a sabedoria no falar.

Sobre bulas e a sabedoria no falar.

Uma analogia de como precisamos saber escolher bem nossas palavras.

Talvez você se pergunte, que raio de título é esse? Eu explico.

Já reparou em como as bulas dos remédios são dobradas de uma forma praticamente impossível, ou muito trabalhosa, de serem dobradas exatamente igual vieram nas caixas?

Então, da mesma forma são as nossas palavras, uma vez ditas, assim como a bula tirada da caixa, não tem como "desfalá-las". A bíblia, na minha humilde opinião, é o livro mais sábio que existe. Tiago, o apóstolo, escreveu a seguinte reflexão sobre as nossas palavras:

Se alguém não tropeça em palavra, o tal é perfeito, e poderoso para também refrear todo o corpo.

Ao longo da minha vida já me prejudiquei muito em palavras. Hoje, nos altos dos meus 43 anos, procuro refrear ao máximo minhas opiniões. Um ditado famoso diz: A palavra é prata, o silêncio é ouro.

Convivi com diversas pessoas que sabem muito bem dosar a hora certa de falar e a hora certa de calar. A maioria são pessoas de temperamento fleumático e mais analíticos. Eu como bom sanguíneo, travo uma batalha pessoal grande para medir minhas palavras, principalmente em situações de injustiça, desrespeito ou mediocridade (sem me isentar de ter sido também em alguns momentos da minha vida).

Basicamente, acredito que o domínio próprio é uma das maiores virtudes que alguém pode ter, e dominar a língua é algo realmente desafiador. Um ditado romano diz que o homem que vence a si mesmo, torna-se invencível.

Sendo assim, relaciono 5 dicas simples para ajudar aqueles, que como eu, precisam praticar a arte da escutatória de Rubem Alves e saber o momento exato de falar.

1 - O que vai ser dito, acrescenta alguma coisa? Às vezes falamos por vaidade, seja para demonstrar que sabemos tanto ou mais que alguém ou para deixar claro nossa opinião. A desculpa da nossa consciência de que vale a pena ser sincero do que ficar calado é uma falha enorme. Ser sincero pra muitos pode soar arrogante ou grosseiro (há casos e casos) e, se não vai acrescentar nada, é pérola jogada aos porcos.

2 - Se for acrescentar alguma coisa, é o momento certo de falar? Nem sempre o receptor está aberto a ouvir. Trabalhei com um colega que o chefe podia irritá-lo ao máximo e ele, sempre frio e aparentemente calmo (por dentro sei que estava muito nervoso), sabia lidar e não perder o controle. Uma qualidade excelente que ele tinha era essa capacidade analítica. Eu as vezes dizia - Alexandre, mas porque você não falou nada? Ele só respondia - Cris, não vai mudar nada, melhor ficar calado. E eu aprendendo com ele. Tem momentos que não importa o que você diga, talvez o melhor seja esperar outra oportunidade para expor de forma calma e mais vantajosa para você.

3 - Entenda que divergir é diferente de discutir. As pessoas têm direito a discordar de nós, isso não significa que é um convite para discussão. Divergir é isso, expor de forma educada e respeitosa para outra pessoa uma opinião contrária a dela. Claro que em muitas empresas nem todos tem liberdade de divergir dos chefes ou pessoas de maior hierarquia.

4 - Saiba medir para quem você está falando. Para cada público existe um tratamento. Eu adoro conversar com pessoas da terceira idade, aprendo demais com elas. Costumo dar boa tarde e boa noite para elas quando passo e sempre recebo um sorriso e uma resposta educada delas. Agora, saiba que você pode falar com qualquer um. Algo que aprendi dos meus pais e levo comigo, é que ninguém é melhor ou pior do que ninguém. Na última empresa que trabalhei as pessoas se assustavam porque eu conversava normalmente com o diretor, os executivos, colegas de escritório e da fábrica. Claro que a forma de falar era diferente, mas nunca fiz distinção entre elas. O importante é o respeito na hora de falar.

5 - Na dúvida, cale. Um antigo provérbio diz: no silêncio até o tolo se mostra sábio. Se você avaliou e mesmo assim não sabe se deve dizer algo, não diga. Não podemos engolir nossas palavras. Principalmente se você estiver irado, evite falar. O resultado pode ser muito prejudicial para você.

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Cristiano é cristão, pai, designer e um apaixonado por comunicação, marketing, design, branding e relacionamento. Gosta de contar histórias e é idealizador do LinkedTalks, um projeto que entrevista especialistas em diversas áreas do conhecimento em temas como comunicação, branding, disruptura, employee experience, etc. Atualmente trabalha com consultoria criativa e gestão de marca para diversas empresas no Brasil e no exterior. Clique aqui para ler outros artigos escritos por ele.

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