Sobre a criatividade
O mundo corporativo nos pede inúmeros atributos. A criatividade é um deles.
No entanto, penso nas inúmeras empresas que (supostamente) valorizam tanto que o empregado seja criativo e, no final do dia, estabelecem um Manual sem fim de regras que os empregados devem seguir.
Claro que para muitas funções o dia-a-dia deve ser comum, rotineiro e sempre igual, mas ainda assim, a criatividade se aplica. Pense em uma manufatura, por exemplo. A fábrica trabalha diariamente com a produção e todos devem fazer a mesma coisa, mas se um empregado visualiza uma oportunidade para a utilização de uma nova ferramenta, ou cria um novo processo, é bom que isso seja apresentado, testado, e o esforço valorizado.
Muitos não se acham criativos, e confundem criatividade com a criação de um artefato mirabolante que mude significativamente a vida de milhões de pessoas. Tal fato é para poucos, mas não é porque não chegamos a isso que deixamos de ser – e nos considerar – criativos.
A criatividade vem de berço, e a minha principal "professorinha" me ensina isso diariamente.
É só observar, nas coisas mais corriqueiras, as soluções encontradas pelas crianças. A minha filha de um aninho – veja bem: 1 aninho – estava brincando comigo outro dia desses, e eu tentava ensiná-la sobre aqueles jogos de encaixe onde a estrela vai no buraco correspondente, o quadrado, o círculo, o triângulo, e assim por diante. Obviamente, sendo a primeira vez, ela teve muitas dificuldades de entender o que eu estava fazendo, mas acho que pior do que isso ela não entendia o propósito da brincadeira. Então, após alguns minutos, bastante frustrada que não conseguia encaixar as peças corretamente, eis que ela abriu a portinha por onde devemos RETIRAR as peças e começou a guardá-las todas por ali. Incrível verificar como uma criança pode pensar em uma solução dessas e fazer uma associação com o objetivo final da brincadeira: se eu tenho que colocar todas as peças ali dentro, por que seguir o caminho mais difícil? Hoje é isso que nos exige o mundo corporativo, mas algum dia, lá atrás, nossos pais, irmãos e avós nos ensinaram que as "peças entram sempre pelo lugar correto” e que o que for diferente disso – ainda que atinja o objetivo pretendido – está “errado”. Um salve as crianças, e um viva maior ainda aos pais que vendo coisas como essas parabenizem os seus filhos do mesmo modo.
O que vale é fazer o que tem que ser feito, e, desde que possível, com as suas próprias regras: isso, para mim, é ser criativo.
Estrategista de Carreira e Negócios na Advocacia. LinkedIn Top Voice. Advogada e Mentora Jurídica. Professora da USP. Escritora e Palestrante. Conselheira.
5 aÉ isso mesmo! E parabéns para a sua pequenina de 01 aninho: criativa e brilhante!