Sobre Exemplos, Orientações, Dicas e Receitas de Bolo

O tsunami de mensagens de Dia dos Pais invadindo todas as timelines me trouxe um balaio de sentimentos e uma reflexão. Fiquei surpreso e feliz por tanta gratidão, demonstrações de amor e formas de se registrar a figura paterna. Um pouco empachado com tanta coisa repetitiva e muitos textos pro forma . E bem reflexivo com a variedade de papeis que as pessoas colocaram para seus Pais. Da figura durona ainda assim louvada por ter ensinado coisas ao amigo de todas as horas. Do presente mesmo quando ausente ao distante que deixou cicatrizes emocionais não totalmente curadas.

Mas me peguei mesmo foi comparando a maneira como vemos a figura paterna em nossas vidas com o momento atual de busca por alguém que, de alguma forma, nos indique caminhos. Uma necessidade cada vez mais latente nas pessoas de buscar guias a lhes ajudar a tirar a poeira dos olhos e da alma e encontrar uma felicidade muitas vezes estacionada mais próxima do que um palmo de vista alcançaria.

Longe de falar como se estivesse olhando à distância ou falando na terceira pessoa. É primeira do plural mesmo. NÓS estamos em um momento da vida moderna onde uma mão a nos puxar é tudo o que queremos na hora de tomar decisões, sejam as mais simples ou daquelas que podem mexer bastante com nosso futuro.

Olhamos para o lado como se esperando um Pai a nos dizer o que fazer ou apontar para uma direção e delicadamente nos conduzir para sair da inércia. Para quem não tem mais o Pai no convívio diário, como é meu caso, ele pode vir na figura de um guru, um mentor, um líder espiritual, um coach, ou mesmo um amigo. De que forma isso vai lhe ajudar a vencer os pequenos obstáculos que o limitam, aí vai de pessoa para pessoa.

Existem aqueles cujos Pais passaram virtudes e modos de ver o mundo sob a forma de exemplos tão fortes e práticos, cotidianos, que foram absorvidos naturalmente, apenas ao se acompanhar aquilo diariamente. Outros tiveram aquelas figuras paternas onde o diálogo, fosse dos melhores ou não, era baseado em orientações sobre como ele havia vivenciado as coisas da vida e como o filho poderia seguir aqueles aprendizados. Alguns contaram com Pais objetivos, donos de um pragmatismo que os fazia sintetizar tudo em dicas para os filhos usarem de sua experiência para tomar as melhores decisões seguindo um mapa já percorrido.

Mas, acredito, poucos tiveram no Pai uma figura com capacidade para criar e oferecer receitas de bolo para garantir a felicidade dos filhos. Até por não ser natural. Nossos Pais também tiveram seus momentos de dúvidas, fragilidades e carências. E olharam de lado buscando quem os iria ajudar.

Confesso não ter ainda a plena consciência de que tipo de Pai sou para os meus dois meninos. Talvez aja de diversas maneiras na tentativa de acertar, de ser para eles uma referência a ser buscada sempre que preciso, da forma como o Seu Vicente foi para mim. Não quero o papel de Chef a criar belas receitas para as vidas do Renan e do George. Prefiro deixá-los criarem suas próprias histórias.

Para mim, não existem fórmulas mágicas, algo que seja válido para todos. Existe simplesmente....viver!