Sobre homúnculus, empatia genuína e aquele filme que você nem pensava em assistir

Sobre homúnculus, empatia genuína e aquele filme que você nem pensava em assistir

Sabe aquele dia em que, passeando pelas opções da Netflix, você esbarra em um filme com um nome curioso e decide assisti-lo. Assim aconteceu com o filme Homunculus, baseado no mangá de Hideo Yamamoto, lançado no Japão de 2003 a 2011. Eu já havia passado por ele várias e várias vezes, mas não dei muito crédito. (Vamos combinar... as sinopses realmente não ajudam). Mas, sem muitas opções interessantes, decidi me arriscar.

O começo mostra um parque no qual vivem alguns sem-teto. Mas Nakoshi, o protagonista, é – já de cara, diferente. Vive não em uma barraca, mas em um KIA estacionado. Almoça em bons restaurantes e usa sempre um terno. E acho que isso já começa a prender a atenção de quem, como eu, estava curiosa com o título.

A trama vai se desenrolando e surge outro tema, sobre o qual eu havia escutado há tempos: a trepanação. Corro e busco mais informações na internet. Em síntese, trata-se de uma técnica utilizada desde o início da civilização (2.500 a.C), que consistia em furar a cabeça para curar coisas como a loucura e a epilepsia. Uma broca era utilizada – sem anestesia – para tirar energias ruins e outros males que pudessem existir depois da parede do crânio. Se funcionava ou não, realmente não cheguei a uma conclusão. Mas fiquei refletindo sobre a trama, o resgate de uma técnica tão antiga em um contexto atual; e a mensagem passada pelo filme.

Após a trepanação, o protagonista começa a ver monstros que as pessoas escondem em si mesmas e, por outro lado, o melhor daquele coração humano. Eis a origem do nome “homúnculus”. Mas não vou contar mais aqui, porque ninguém merece um spoiler.

Por que trago o filme à tona? Porque acredito que – atualmente – como no enredo, talvez muitos de nós precisássemos passar por algo assim. Caída no uso comum como mais uma palavra da moda, a empatia cabe aqui. Dizemos que enxergamos as pessoas e nos colocamos ao lado delas. E a pergunta que faço é: será mesmo? Será que conseguimos realmente enxergar estes “monstros” que a pessoa traz dentro de si e – mais ainda – compreender o como eles afetam os comportamentos dela? E ainda, será que conseguimos aprender a não só entender isso, mas também conviver da melhor forma possível diante destas realidades escondidas?

E daí vem outra palavra polêmica: julgamento. Se vejo o monstro, o que faço com aquela pessoa? Julgo ou acolho? Acredito que, na maioria das vezes, até por ser muito mais fácil, julgamos. Acolher exige enxergarmos nossos próprios monstros, aceitá-los e compará-los com os monstros dos outros e pensar em como organizar tudo isso para que as relações realmente funcionem. Os meus monstros, os seus monstros e os nossos monstros na convivência do dia a dia. E isso em casa, na comunidade e, por que não, no ambiente de trabalho.

Somos o que somos, nos adaptamos, mas precisamos de empatia genuína. E neste processo não há espaço para o narcisismo, para a ignorância, e nem mesmo para heróis ou santos. O espaço existe para quem pensa para além de si mesmo e de suas próprias preocupações. Para quem (agora retomando a mensagem do filme) abriu a cabeça e passou a enxergar além do próprio mundo. A pergunta que fica é: como você tem lidado com seus monstros e com os monstros alheios? Sua empatia é verdadeira ou não passa de simpatia?





Ronald Michelsohn

Coach / Mentor Estratégico de Executivos-Team Coaching-Aprendiz no Clube dos Ludificadores-Voluntário Estratégico da Livelab

2 a

Obrigado pela dica e pelo post Vivian de Albuquerque . Verei com certeza

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