Sobre porquinhos e comunicação
Artigo originalmente publicado no jornal A Gazeta de 19 de março de 2018
O gerenciamento de crise em comunicação é disciplina obrigatória para profissionais que atuam na área de assessoria e deve estar presente em qualquer curso básico de media training promovido no ambiente empresarial. Mais que traçar ações durante a crise, tal disciplina empenha-se em convencer gestores sobre a importância do trabalho realizado em tempos de bonança.
Se uma companhia não compreende o papel estratégico da comunicação na construção de uma boa reputação junto aos stakeholders, estará sujeita ao fracasso no primeiro arranhão em sua imagem diante da adversidade.
Sem retrospecto positivo, não há argumentação que sustente o mais eloquente dos oradores.
Nas oportunidades em que ministrei cursos de media training, usei um exemplo simples, presente no imaginário infantil: o cofre em forma de porquinho. Sempre apresentada como reserva útil em tempos de crise, a peça serve para um diálogo direto sobre o papel vital da comunicação.
Se uma empresa não armazena moedas junto ao público no dia a dia, dificilmente encontrará reservas quando sua reputação for colocada em xeque. Aproximar-se dos stakeholders, apresentar seu propósito à sociedade e manter canais próprios com conteúdos que agreguem valor à marca são tarefas básicas para "encher o porquinho".
É preciso assimilar que a licença social que referenda a atuação de uma empresa no ambiente onde está inserida é fruto da reputação presente no imaginário coletivo. Ser transparente é, neste caso, preservar a própria sobrevivência: o desconhecido é terreno fértil para o medo e, consequentemente, para o surgimento de boatos e crises graves.
Em tempos de redes sociais e fake news, faz-se necessário legitimar a importância de sua empresa periodicamente -- direta ou indiretamente, com boas histórias e sem soar arrogante. É preciso vender a causa que move a empresa, não apenas os números que produz. Tal preocupação deve nortear o trabalho diário da equipe de comunicação.
E você, já alimentou o porquinho da sua empresa hoje?
Rafael Porto é jornalista, especialista em comunicação empresarial
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5 aPrezado Rafael Um bom assunto para as suas pesquisas seria saber as motivações dos gestores da SEAMA em não terem levado a discussão dos plenários do Conselho Estadual do Meio Ambiente / Conselho Estadual de Recursos Hídricos os temas "impactos ambientais, econômicos, sociais e de saúde decorrentes da ruptura da barragem da Samarco", bem como "avaliação da problemática das mudanças climáticas no âmbito do Espírito Santo".