Sobre todas as coisas que aceitamos e que nos machucam
A vida acontece tão rápido que é bem frequente que a gente só perceba que está se ferindo com alguma coisa um bom tempo depois. E quando abrimos os olhos, lá se foram semanas, meses, anos, repetindo todas aquelas coisas que só a gente pode fazer parar, mas que por algum motivo sequer percebemos que está acontecendo. E de repente, tudo isso levou você a ser quem não pretendia ser. Aliás, talvez, você até tenha percebido. Estava ciente de que aquilo magoava, machucava, mas mesmo assim não teve forças de impedir de continuar.
Aquele relacionamento que caiu na monotonia há tanto tempo e virou fachada, fazendo você se fechar dentro de quem nunca foi, aceitando ser o que nunca teria desejado em sã consciência, mantendo um lado da ponta feliz, enquanto lá dentro você está moído. E ainda precisava fazer parecer que tudo estava bem. Medo de perder, medo de se arrepender, medo do que vão dizer.
As piadas ou conselhos sinceros daquele que diz que te adora e quer seu bem, mas que na verdade, aos poucos, tem apenas diminuído o que lhe restou de sua tentativa de vida e personalidade. Parece que nunca está bom, não é? Não pra você, você até tem orgulho de estar avançando, pouco, mas avançando. O problema é a cobrança externa, a visão de que o outro sempre sabe mais e que você deve exclusivamente ouvi-lo e fazer logo as mudanças apontadas.
Aceitamos também aquele emprego ou chefe que nos desestebiliza um pouco todos os dias. O comentário sem graça, a batidinha nas costas que mais sentimos como um empurrão de ódio do qualquer outra coisa. A maldade alheia no comentário desmedido que ninguém pediu. A promessa dita na empolgação que depois se esvai, parece que nunca nem foi dita e que o maluco é você de ter acreditado. O comentário que era para ser uma "crítica construtiva", nas palavras dele, mas que lhe coloca lá embaixo de uma vez por todas. E tantas outras coisas que aceitamos acreditando que vão mudar, que é o momento, que é preciso ter calma, que "o outro é assim mesmo" ou em nome de todas aquelas fachadas que estão nos obrigando a sustentar e que a gente por algum motivo não tem conseguido sair por uma dificuldade de enfrentamento ou de uma boa porção de medo. Mas medo de que mesmo?
A vida não é fácil, não é nada plana. Nem sempre existe ou foi traçado, às vezes é você quem vai criar o caminho. Existem sim momentos de aprendizado em que acabamos vivendo o que não gostaríamos, isso até nos tornará forte. Mas há um tempo aceitável que não deve ser prorrogado. Já não é mais possível viver a vida que estão criando pra você! Já parou pra pensar que talvez quem a criou como conceito de verdade sequer o conhece direito? Nivelado nas crenças dela, nada mais. Me diz uma coisa, você consegue me responder quem é você de verdade? Do que você gosta? Será mesmo que gosta do que pensa que gosta? Qual é o seu maior sonho? Ou de tanto viver a vida que criaram pra você nem sabe mais com o quê sonhar?
Carregamos tanta culpa em nosso dia a dia. Culpa de deixar alguém. Culpa de chegar tarde. Culpa de fazer alguém se magoar se eu não fizer o que quer. Culpa de tentar descobrir quem sou de verdade. Culpa de pressões às quais não deveríamos ceder, que aliás, nunca fez sentido ceder. Culpa de tentar se entregar a alguém sendo verdadeiro, mas receber em troca uma especie de jogo dos perdidos e de superficialidade por medo de tentar, porque parece que faz tempo que não dá mais para ser a gente mesmo.
Talvez, mais difícil do que se libertar do que o tem prendido seja aprender a realmente viver por e para sí só. Parece tão egoísta, né? Parece também solitário, e pode acabar sendo mesmo. Eu acredito mesmo que a felicidade só e real quando compartilhada, mas antes disso eu também acredito que ela precisa primeiro existir dentro de você.
Parar de aceitar qualquer tipo de coisa se moldando ao outro. Parar de criar expectativas. Parar de acreditar em tudo que lhe dizem. Parar de passar o dia esperando por alguém que não o merece. Parar de tomar decisões, para o sim ou para o não, colocando o outro junto, porque na verdade há um grande risco de ele desistir e a sua decisão deixar de fazer sentido. Não é isso que você quer, não é? Parar de passar o dia olhando pela janela, seja ela a do prédio ou do WhatsApp esperando por novidades de alguém que sequer janela tem, porque está fechado vivendo uma vida da qual você não faz parte. Parar de pensar que para manter tudo em ordem é preciso aceitar o tempo todo o que estão querendo criar pra você. Parar para olhar todas aquelas coisas que aceitamos, mas que só nos machucam.
Empreendedora
6 aHoje mais do que nunca , depois de 9 anos, precisava ler isso. Vc escreveu o que eu tentava, sem sucesso, gritar. Obrigada!
Revisora de qualidade na Facepa Fabrica de Papel da Amazonia S/A.
6 aMe achei aqui😃. Ótimo!
Especialista em Marketing | Vendas | Estratégia | Mídias Sociais | Produção de Conteúdo | Copywriting | Comunicação Empresarial | Empreendedorismo | Mentor | Palestrante
6 aEntender o que te faz feliz e lutar pelo seu propósito. Para mim, é o que mais faz sentido!
MSL & Medical Affairs Manager | Hematology & Rare disease |
6 aExatamente isso! Eu já ouvi isso varias vezes na minha vida. Agora, estou aqui realizando meus sonhos!
Almejando meus objetivos... focada nas metas !
6 aTexto sensacional ,onde nos faz refletir muito sobre nossas escolhas !