Sobrecarregado de trabalho?

Sobrecarregado de trabalho?

Alguns anos atrás trabalhei em uma grande empresa brasileira prestadora de serviços de TI por quase 2 anos. Não foi muito tempo, mas o suficiente para que eu fosse submetido a alguns grandes desafios onde desenvolvi novas habilidades além de aprimorar algumas já existentes. Eu geralmente era alocado em projetos críticos para apoiar ou substituir outro profissional que já estava desgastado, estressado, sobrecarregado de trabalho, precisando de férias, etc. Desenvolvi um método de trabalho onde nas 3 primeiras semanas observava e questionava bastante, depois durante 1 semana começava a tomar a frente das atividades já aplicando algumas idéias obtidas durante o período de observação com objetivo de confirmar minha tese, no começo do 2º mês estava apresentando para minha liderança uma estratégia contemplando nova metodologia de trabalho, definição de matriz de responsabilidades e reestruturação da equipe quando necessário, além é claro dos benefícios de cada ação, e com seu patrocínio arregaçava as mangas e “botava pra quebrar”. Basicamente eram duas as principais frentes de atuação: 1) eliminava atividades desnecessárias e que não agregavam valor; e 2) designava atividades para que fossem realizadas por seus respectivos responsáveis.

A etapa mais difícil era sempre o momento imprevisível no qual lidava com pessoas e me deparava com a resistência natural do ser humano ao novo. Não era bem um “novo”, estava mais para um “tirar as pessoas de sua zona de conforto”. Por isso era fundamental obter o aval e patrocínio de minha liderança antes de implementar as ações uma vez que na maioria das vezes isso significava “fazer as pessoas trabalharem”. Não mais do que suas 8 horas diárias e não menos do que eram pagas para fazer, apenas o justo, no entanto isso gerava um alto nível de reclamações em um primeiro momento e que eram submetidas às lideranças da companhia (meu chefe e seus pares), porém caíam por terra quando apresentávamos os argumentos para cada reclamação infundada além de significativa melhoria nos indicadores da conta. Como resultado conquistava sua confiança e semanas depois começavam a surgir conversas sobre outros desafios na companhia.

Um dos profissionais que substituí (calma, ele foi designado para outro projeto) era responsável por 1/3 da entrega ao maior cliente da empresa, estava trabalhando entre 12 e 15 horas por dia havia meses, alguns problemas de saúde começavam a aparecer como resultado da sobrecarga de trabalho e stress, pressão da liderança e do cliente, e até problemas pessoais. Em 4 meses reduzi minha carga de trabalho para em média 6 horas diárias, aumentamos a satisfação do cliente e todos tinham plena visibilidade dos indicadores de desempenho, entregáveis e governança da conta.

Este foi um período de grande aprendizado e crescimento pessoal e profissional, onde pude aplicar conhecimentos e teorias obtidas ao longo de anos, alguns em treinamentos, outros em conversas com líderes experientes, e até mesmo com alguns profissionais medianos com quem aprendi principalmente coisas que não deviam ser feitas.

Nos 13 primeiros anos de minha carreira como técnico eu dava o melhor de mim em cada pequena atividade, não media esforços para atender as necessidades da empresa, trabalhava até tarde, virava noite e finais de semana, mas sempre quando era estritamente necessário. Não precisavam me pedir, antes eu já me colocava à disposição. Mas quando se chega a uma posição de gestão o que a empresa espera de você é que tenha visão do todo, identifique as oportunidades de melhoria, implemente as ações necessárias e monitore para garantir ótimos resultados, e não que fique se mexendo ou ocupado o dia todo sem ter tempo sequer de ir ao banheiro. Com disciplina e organização a tendência é que você equalize o esforço necessário de toda sua equipe, redimensionando-a quando necessário e possível, para que todos possam trabalhar o mais próximo possível das 8 horas diárias sem deixar de executar suas atribuições, e após o trabalho possam frequentar os cursos que tenham vontade, ir ao happy hour com os amigos, ir ao cinema com a esposa(o) ou namorada(o), ir à academia, ou até mesmo chegar em casa enquanto as crianças ainda estão acordadas.

Claro que não existe regra, cada caso é um caso, e cada cabeça uma sentença. Mas pense nisso!

Ricardo Barreto de Araújo

Analista Sistema PL | Delphi Sênior | Java Júnior | SpringBoot | Firebird | SQLServer| Mysql

8 a

Gostei muito do que disse.

Jeronimo Martins

Líder Técnico Infra TI @ FGR | Analista de Configuração | Analista de Infra de TI | Datacenter | Cloud | Sistemas Operacionais | Windows | Linux | Redes | Virtualização | Vmware | Hyper-V | Nutanix | VxRail

8 a

Excelente iniciativa! Tá de parabéns.

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