SOCIABILIDADE E PRODUTIVIDADE

SOCIABILIDADE E PRODUTIVIDADE

Duas pesquisas recentemente divulgadas nos levam a refletir sobra a ambigüidade da natureza humana e sua melhor adequação para ganhos de produtividade nos negócios. A primeira se refere a uma nova pesquisa do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, na sigla em inglês), onde constatou-se que trabalhadores preferem receber ordens de robôs do que de pessoas. Segundo Matthew Gombolay, estudante de PhD do MIT e líder da pesquisa, a condição totalmente autônoma provou não ser somente a mais eficiente para a tarefa, mas o método preferido pelas pessoas. Os trabalhadores eram mais propensos a dizer que os robôs “os entendiam melhor” e “melhoraram a eficiência do time”.

A segunda se refere a um relatório recente publicado pela Globoforce, em parceria com a MarketTools, ouviu mais de 700 profissionais nos Estados Unidos e mostrou que os relacionamentos afetam a qualidade de vida e até a lealdade profissional. A pesquisa demonstrou que 99% dos entrevistados afirmaram que já fizeram ao menos uma amizade no trabalho, 88% garante que confiam nesses colegas e 78% dos profissionais disseram que já riram até quase chorar com os amigos do trabalho.

Como toda amizade, essa relação é para os bons e maus momentos, pois 61% disseram que contam com o apoio de colegas de trabalho para superar uma fase difícil e a grande maioria, 93%, considera importante a opinião desses amigos. O poder da amizade no trabalho é tão importante que 89% desses entrevistados dizem que os relacionamentos afetam sua qualidade de vida e 71% dos entrevistados afirmaram que gostam da empresa em que trabalham.

A lealdade à empresa e ao líder também é influenciada. Entre esses profissionais repletos de amigos no trabalho (mais de 25 amizades), 50% afirmam ter orgulho de seu empregador. Apenas 21% aceitariam outra proposta de emprego. Entre aqueles que não têm amigo nenhum, apenas 14% sentem orgulho de seu empregador e 42% aceitariam outra proposta.

Além dos resultados já mostrados, a pesquisa da Globoforce e da MarketTools mostrou que os profissionais que apresentam maior grau de sociabilidade são os que estão mais satisfeitos, são mais produtivos, e os que mais compactuam com os objetivos de suas empresas.

Produto desta geração, as redes sociais e seus modernos suportes tecnológicos estimulam as pessoas ao isolamento social e ao abandono das velhas práticas dos encontros “cara-a-cara”, onde a ludicidade predomina no entorno de assuntos diversos, tais como impressões acerca de telenovelas, futebol, política, religião, tendências da moda, família e etc, e estão sendo internalizadas nas relações pessoais das organizações. Em que pese esta sedutora modernidade tecnológica, a força da natureza humana está sempre nos trazendo de volta à necessidade dos relacionamentos sociais.

Muitas empresas investem em uma política de quase isolamento das pessoas, obrigando-as a ser relacionarem quase que exclusivamente por e mail ou redes internas e as reuniões presenciais estão dando lugar a vídeos conferências. Pouco tempo sobra para um encontro casual onde joga-se “conversa fora”. A rigor, a pesquisa da Globoforce e da MarketTools pauta novas discussões: até onde os ganhos de produtividade das empresas estão sendo comprometidas por esta política de relacionamentos exclusivos por mídias e rede de computadores? Não seria fundamental que as organizações enfatizem o engajamento social por meio de suas ações?

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