SOCIEDADE CLAMA POR UMA AGENDA DA RENOVAÇÃO POLÍTICA
A sociedade anseia pelo “novo” na política brasileira. O Brasil passa por um momento de ebulição de grupos, coletivos e movimentos da sociedade civil que buscam mobilizar esforços em torno de uma agenda chamada de “renovação política”. Na prática, isso significa que a forma pela qual todo esse anseio pelo “novo” se relacionará com os partidos políticos pode ser uma variável determinante nessa história.
A renovação se propõe a dar respostas a um momento político no qual as instituições públicas perdem legitimidade e a crítica na sociedade sobe o tom em relação à corrupção, desigualdades, os privilégios – este não só da classe política - e a atenção do poder público às necessidades mais básicas da população, que não chega nem perto de garantir o mínimo de dignidade.
Portanto, em tempos de conexões brutas entre os campos moral e político, é possível observar pelo menos três grandes fluxos de discussão no cenário brasileiro que deveriam caracterizar a demanda por renovação política, sendo:
1) Implementação de políticas públicas estruturantes com mais qualidade, em áreas como educação, esporte, cultura, saúde, meio ambiente, etc.
2) Democratização do poder e na transparência, que pleiteia o fortalecimento dos mecanismos de participação direta, o combate à corrupção, a descentralização, a ética e a moral.
3) Pautas identitárias feministas, antirracistas e LGBTQI.
Dessa forma, a pauta da renovação política consiste em ter a capacidade de formular propostas concretas que produzam confluência entre os pontos acima mencionados, convencer a população e trazer-lhe esperança. Este é, se não o maior, um dos principais desafios dos movimentos de renovação política no Brasil.
Um outro desafio, soma-se a uma importante questão para compor a análise da renovação política no Brasil. A ideia de que as eleições gerais de 2018 envolvem duas esferas – o plano estadual e o federal – que tradicionalmente apresentam enorme dificuldade de promover inovação de fato. Pautas como a gestão da Petrobras, o controle de fronteiras, as reservas nacionais, entre outras, estão muito distantes do dia-a-dia da população.
Assim, o tempo que resta para as eleições e a complexidade das pautas nacionais e estaduais, somados ao cenário político, podem enfraquecer a agenda da renovação política. De qualquer forma, é pouco provável que todo o caldo político produzido em torno da agenda da renovação vá desaguar em 2018, mas as eleições deste ano podem abrir caminhos e nos dar uma pista de como e quando isso pode acontecer no próximo pleito, em 2020.
As eleições em 2020, traz o debate para o nível municipal. Será nas cidades que as agendas de renovação encontrarão maior capacidade estrutural e cronológica de se tornarem reais. Questões como o que fazer com o sistema de ônibus, como gerir as creches, como dar mais qualidade às praças e centros culturais são infinitamente mais fáceis de serem digeridas pelo discurso da renovação política. Dessa forma, em 2020 as pautas municipais também beneficiarão o debate sobre renovação política pela sua objetividade e relação direta que esses assuntos têm com o cotidiano da população.
Créditos ao Le Monde Diplomatique Brasil.