PARA A FORTE INJUSTIÇA, A JUSTA FORÇA

Nas últimas quatro décadas houve sensível aumento do interesse da população brasileira pela política. E esse despertar não se deu por amor à espúria arte, mas sim pela dor que esta patrocina.

No entanto em todos os comentários, opiniões e discussões populares sobre o tema, desfila o absoluto desconhecimento da grande maioria dos debatentes, de pelo menos o vislumbre da razão de cada ponto de vista defendido. O quê se nota pelas evidentes repetições de compilações das retóricas tendenciais.

 Até nesse país, da didática da história adulterada, há como se obterem resenhas - mesmo que antagônicas entre si - de registros de momentos relevantes à formação de juízo, expurgando as alienações conceituais das dissertações sobre democracia e ditadura no Brasil. Basta o conhecimento do que foram causas, objetivos e consequências, de investidas como as intentonas comunista (1935) e integralista (1938), e da instituição (1964) e extinção (1985) da governança militar, para se chegar ao entendimento de “para quem, por que e como” se deu a transição, e à explicitação do mecanismo composto pelas engrenagens partidárias e sindicais, identificando seus maquinadores por continuísmo ou legado, e interesses aos quais servem.

 Assim, como os debates não são à luz destes precursores, só há inteligência na admissão da realidade como verdade. Logo, prevalece o que efetivamente ocorreu e ocorre faticamente, que é o que se observa e experimenta desde então na saúde, educação, habitação, segurança e empregabilidade. E, portanto, sem estender a prosa na descrição dos contrastes entre os respectivos resultados dos 21 anos de governos militares e dos 30 anos de conseguintes governos civis, por serem óbvios, menciono apenas o fato de ao final dos 21 anos de verde-oliva o Brasil ter saltado de 27ª para 8ª economia global, enquanto depois de 30 anos de paisana o país despencou da 8ª para a 9ª posição, e está literal e lastimavelmente no vermelho.

 E pelo todo intrínseco; pelo hoje, com a recorrente liberdade de alardear as pilhagens, a perversão dos poderes constitucionais, a culminada degradação das instituições, o controle das fontes de informação e dos tantos outros crimes contra o estado de direito; e nas presumidas passividade e ignorância, eu reafirmo a saudade até do AI-5.

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