A SOCIEDADE DO CANSAÇO
Obs.: Carolei significa caro leitor
Carolei, venho aqui compartilhar com você algumas reflexões: - Como você está se relacionando com você mesmo? Como você está se relacionando com as pessoas que você convive em seu dia-a-dia? Você anda dando murros em ponta de faca e se defendendo de facadas ou procura harmonia em seus relacionamentos?
Já está mais do que provado que pessoas felizes, de bem com a vida e que trabalham em ambientes saudáveis, são muito mais produtivas, pois o melhor delas se manifesta, devido ficar mais aguçada a criatividade destas pessoas. Mas, o universo corporativo apresenta grande parte das empresas trabalhando de forma agressiva, em uma competitividade insana, desumana e até mesmo violenta. As pessoas estão cada vez mais competitivas e de uma forma desumana. Sim, pois podemos dizer que tem o lado positivo da competitividade, o lado bom, saudável e instigante, que nos ajuda a sermos pessoas melhores do que já somos. O sucesso do outro e a forma que ele faz pode me inspirar em eu fazer da mesma forma ou adaptar para o meu jeito. Este é o cenário ideal. A ideia seria eu não querer o pior para o outro, mas sim o melhor para mim. Mas, não é isto que tem acontecido. Segundo o livro Sociedade do Cansaço de Byung-Chul Han, as pessoas em sua maioria estão cansadas devido a pressão do dia-a-dia, pressão esta exigindo delas que sejam as melhores, que estejam sempre em primeiro lugar. Esta pressão tem feito crescer de forma apavorante o nível de ansiedade das pessoas. O Brasil está em primeiro lugar no mundo em ansiedade, de acordo com uma pesquisa da OMS – Organização Mundial da Saúde divulgada em 2017. De acordo com o INSS – Instituto Nacional do Seguro Social, o Brasil lidera o ranking de ansiedade e depressão na América Latina, dados de 2022 que mostra que 209.124 pessoas foram afastadas do trabalho devido a transtornos mentais. Em situações extremas está sendo comum os surtos psicóticos e até mesmo neuróticos, como também os homicídios por motivo fútil. Os noticiários diários não me deixam mentir. Condenamos quem matou, mas não refletimos sobre o modelo social que estamos vivendo, pois é nele que está a origem dos males atuais, a sociedade do cansaço. Com estes índices, algo em boa parte do Brasil está errado, algo em boa parte da gestão das empresas está errado. Qual é a sua opinião sobre isto? Você concorda com esta afirmativa? Você acha que alguma coisa tem de mudar ou está muito bem do jeito que está?
A mudança deve começar não no outro, mas na gente mesmo. Preocupamos muito em julgar o outro, em condenar as pessoas e investimos muito pouco tempo em cuidar da gente mesmo, de nossos pontos fracos, de nossas dificuldades em nossos relacionamentos. Normalmente somos cheios de muitas opiniões, verdades e certezas e temos poucas dúvidas, elemento essencial para o desenvolvimento e a construção de uma sociedade mais humanizada. Eu sugiro cada um refletir o que pode fazer para se tornar uma pessoa melhor diante deste cenário. Gosto muito da frase “seja a mudança que você quer ver no mundo”. E aí te convido a praticar o Ubuntu. Segundo o Wikipedia, Ubuntu é “uma noção existente nas línguas Zulu e xhosa – línguas Bantu do grupo ngúni, faladas pelos povos da África Susariana”. Significa “a minha humanidade está inextricavelmente ligada à sua humanidade”. É uma noção de fraternidade, respeito, compaixão e cortesia para com o próximo. Por que estou escrevendo sobre isto? Porque estava lendo o e-book “Report SXSW 2024: Insights globais, realidades brasileiras” publicado na HSM Management em 04/04/2024, de autoria de Dilma Campos (CEO da Nossa Praia e Head da B&P Partners), Lígia Melo (CSO da Hibou) e Poliana Abreu (Diretora de Conteúdo da HSM e da SingularityU Brazil). E ao ler este e-book, imediatamente me veio em minha mente o Ubuntu. Apesar de Ubuntu não ter sido citado no e-book, acredito que está na ordem do dia. Também Ubuntu tem o sentido “eu sou porque nós somos”, sendo a expressão máxima da humanidade entre as pessoas. Humanidade esta que sinto estar sendo deixada de lado em boa parte de nossa sociedade e no mundo corporativo em particular. Em um dos temas tratados no e-book, “Diversidade e Inclusão nas Empresas”, as autoras mostram algumas estatísticas: No Brasil, “quando perguntado aos brasileiros se as pessoas de seu local de trabalho se sentiriam desconfortáveis com a entrada de uma pessoa trans na equipe, 38% responderam afirmativamente” sendo que 8% destes 38% “disseram que todo mundo se sentiria desconfortável” e os outros 30% “que várias pessoas ficariam desconfortáveis”. Curioso! Por que me incomoda tanto o que o outro é em sua vida? Qual a minha dificuldade em aceitar as pessoas como elas são ou como elas querem ser? Mais uma vez convido a praticarmos o Ubuntu “eu sou porque você é”, ou “você é porque eu sou” ou se aprofundarmos mais quem sabe podemos dizer “para eu ser eu preciso que você seja”, em um movimento de transparência social, pautado não no medo, mas na confiança. E aí realmente teremos uma sociedade de amor, de paz, de respeito, de cortesia, em que as pessoas possam se sentir livres para serem o que quiserem ser. Sucesso não é somente ganhar milhões, mas sim ganhar o respeito e a admiração pela construção de um mundo melhor.
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A boa notícia é que tudo isto tem cura. Eu mesmo tenho trabalhado em empresas procurando levar um modelo de gestão mais humanizado, menos hierárquico verticalmente, mais descentralizado e horizontalizado em que as pessoas se sentem incluídas e participativas. Utilizo muitas ferramentas, filosofias e, enfim, recursos que ajudem a todos neste desafio, como o scrum, o canvas, o splitwise, o design thinking, o design sprint, o círculo dourado, a psicologia positiva, a psicologia centrada na pessoa, a comunicação não violenta, o círculo de aprendizagem vivencial, métricas piratas, biodança, vitalizadores, dança circular, métodos ágeis em geral e tantas outras. Os resultados são absurdos de positivos. Todos trabalhando felizes, de maneira cooperativa e produzindo até cinco vezes mais do que produziriam em ambientes tensos. E na sua empresa? Como é o ambiente de trabalho? Como você pode contribuir para uma gestão mais humanizada? Como você pode ser no dia-a-dia uma pessoa mais humanizada? Deixe aqui o seu comentário.
Referências:
ALVES, Rubens. “O Retorno e o Terno”. Papirus Editora. Campinas, SP. 1992.
CAMPOS, Dilma; MELO, Lígia; ABREU, Poliana. “Report SXSW 2024: Insights globais, realidades brasileiras” HSM Management, 04/04/2024, HSM Management.
HAN, Byung-Chul. “Sociedade do Cansaço”. Editora Vozes. Petrópolis,RJ. 2019.
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Membro Board Academy Br - Board 360 | Médico Executivo | Consultor de Gestão em Saúde | Planejamento Estratégico | Inovação | Transformação Digital | Auditoria | Gestão da Qualidade | Administração Hospitalar
7 mTema altamente relevante. Devemos repensar nossas organizações no sentido incluir o diferente e aceitá-lo com um respeito genuíno. Dessa forma, todos evoluiremos como seres humanos.
Board Academy BR Member| DPO |Manager|Especialist Engineer
8 mOlá Marcio, excelentes reflexões, tenho visto varias organizações revendo suas abordagens para garantir a perenidade dos negócios e retenção de talentos. Parabens!
Conselheiro | Mentor | Vendas | Marketing | Operações | Canais | Investidor
8 mMarcio, excelentes reflexões. Obrigado por compartilhar. Sou entre outras coisas, um cinéfilo e já tinha ouvido numa entrevista do Tom Cruise um agradecimento mencionando Ubuntu. Acredito nisso. Quando pensarmos mais "no outro", seremos mais felizes e menos cansados.
CEO e Empresário independente | Investidor e Business Partner
9 mExcelente!