"A SOLIDÃO DO AMOR", por Isabel Rosete
«Amar é coisa dos homens
- Entes solitários -
Incapazes de percepcionar
A Solidão como outra forma de Amor:
O Amor de si próprio que é,
Também, o Amor do e pelo outro.
- E isso não basta
A estas criaturas bi-céfalas?
Não! Não basta! Nada basta!
O Mundo é demasiado pequeno
Para comportar a ambição humana,
Sempre, desmedida.
O Universo, porque imenso
E invisível no seu terminus,
Torna-se inatingível.
Há sempre um mais.
Há sempre um mais, algures,
Por entre os enigmas
Impenetráveis do Amor.
Há sempre um depois que aflora
Em todos os pensamentos
Recônditos ou inconscientes,
Na procura desse outro
Que aniquile a solidão
Da ausência do Amor.»
Isabel Rosete, in livro "ENTRE-CORPOS", de Isabel Rosete