"Solidariedade em tempos de coronavírus"
Esta pandemia diz mais do que podemos imaginar, observem! Com todo esse caos que agora vivemos, creio que fique mais nítido ainda “quem é quem”, ou seja, quem é aquele seu vizinho que vai ao supermercado, compra tudo o que vê pela frente e o que pode, mas não tem a coragem de repartir ou de doar, ainda que pequena quantidade, de alimentos ao outro vizinho que não tem o mesmo poder aquisitivo do que ele.
Vejo muita gente estocando em grande quantidade, produtos alimentícios e de higiene, todavia, sem ao menos ter a consciência de que existem outros que também precisam fazer a compra desses mesmos produtos, no entanto, em porção pequena, até por conta de sua real condição financeira. No mais, lamentavelmente, existem muitas famílias por aí que não podem, ao menos, fazer algum tipo de simples estoque em suas despensas, isso porque muito antes do covid-19 chegar alimentos já faltavam lá. Já pararam para pensar???
Doutro lado, interessante notarmos o positivo, pois felizmente nem todos os cidadãos obtêm a mesma postura, ainda que sejam em menor quantidade. Observo pessoas compartilhando álcool gel, outras doando cestas básicas para os mais necessitados além de outras solidariedades a mais. Vendo isso me sinto esperançosa, mesmo que numa parcela pequena, pois sei que ainda existem seres humanos que conseguem perceber e ter empatia por outros seres humanos.
Mas essa fase negra, que começou há muito tempo antes dessa doença, me faz ousar escrever que em nosso país ela iniciou-se quando aqui os portugueses “brotaram” (rs, está na moda essa palavra), consequentemente, se olharmos à nossa política, o nosso governo, o Brasil como “uma fonte de renda injusta para outros países”, o Brasil: país explorado, desde sempre, conseguiremos inclusive entender porque que as nossas relações interpessoais são tão indiferentes ao auxílio do próximo e aos direitos coletivos que NÃO prevalecem em cima dos individuais, embora a nossa Constituição Federal, a nossa “Magnifica Carta Maior”, dite ao contrário, mas ali, de fato, muitas vezes, apenas um direito formal, porque materialmente falando ou na prática, sabemos que não é bem assim que funciona e que a coisa está muito distante do que deveria, no mínimo, ser.
“Solidariedade em tempos de coronavírus” serve para analisarmos a postura dos nossos governantes, dos atuais e dos anteriores, a fim de compreendermos que no fundo nenhum deles nos representa, embora sejamos nós os eleitores dessa “imundície” toda.
Aqui no Brasil não se investem (como no mínimo deveria ser) nos setores públicos, contudo, percebam como radicalmente necessitamos dele? Deste modo, não é balbúrdia investir na ciência, nas pesquisas cientificas, nas universidades públicas, na educação e ensino público, enfim, rumo ao conhecimento, ao desenvolvimento de nosso país, portanto, isso não é sinônimo de tumulto ou desordem, ao contrário, isso seria “progresso”.
Observem a postura de nosso atual presidente perante essa pandemia, as asneiras que ele profere de forma a demonstrar total falta de empatia e solidariedade pela população brasileira. Na verdade, isso é uma característica marcante da direita e pior é se for de extrema-direita, por isso, a necessidade de distinguir o básico entre direita e esquerda antes de escolher um partido político que não está de acordo com os seus ideais, em vista disso, a título de exemplo, não adianta ser a favor de avanços no setor público, do coletivo prevalecer sobre o individual, porém, eleger na política um partido de direita.
Compreendo perfeitamente aquele (s) que criticam a esquerda política de nosso país, até porque, na prática, não temos de fato nenhum partido de esquerda no Brasil (ou se temos, ele ainda não é notável), o PT, por exemplo, se formos analisar fielmente a postura desse partido quando esteve “no poder”, será que poderemos afirmar de fato que se trata de um partido de esquerda, considerando que aquele que analisa tem conhecimento sobre direita e esquerda? A conclusão será que não, que o Partido dos Trabalhadores, na verdade, não é puramente de esquerda.
Deste modo, diante desse caos que agora vivenciamos, francamente, se tivéssemos aqui partidos políticos e governantes que de fato estivessem em prol do coletivo, da população brasileira, do avanço nos setores públicos, certamente, a pandemia ainda assim nos assustaria e muito, mas um pouco menos, considerando que os investimentos seriam pesados em nos setores públicos, logo, teríamos mais hospitais, laboratórios, médicos, enfermeiros, farmacêuticos, pesquisas científicas na área da saúde, o nosso SUS teria uma expansão muito maior, com muito mais profissionais para atender a população e atendimento de qualidade, portanto, privatização não é a solução!
Hoje se um cidadão for a um hospital particular e pedir atendimento gratuito porque ele está com suspeita de coronavírus e a rede pública está lotada, esse hospital não vai atendê-lo gratuitamente, ainda que ele estivesse em fase terminal. Os grandes supermercados não vendem, por exemplo, álcool gel no mesmo preço que até então era, ao contrário, eles quadruplicam o valor porque sabem que o produto está em alta procura, deste modo, no objetivo de ter ainda mais lucratividade, ainda que o país esteja nesse caos, pouco importa para essas grandes empresas, muitas vezes, estrangeiras. O que importa mesmo é o dinheiro, é a rentabilidade.
Isto posto, para aqueles que muito apoiam o sistema capitalista e acreditam que é um sistema que deu certo, seria extremamente necessário repensar se de fato é um bom sistema e se ele de fato deu certo, porque a verdade, é que o capitalismo só dá certo para quem não é explorado, logo, ele é um bom sistema econômico para uma pequeníssima parcela da população brasileira.
O capitalismo de solidariedade não tem nada e nem teria como ter, ele não é um sistema que visa o bem de todos, que abraça a coletividade, que une o povo, ao contrário, ele é um sistema econômico que desune, que explora e que, de forma alguma, será solidário em tempos de coronavírus.