Somos colegas de trabalho ou os crachás iguais não significam nada?

Somos colegas de trabalho ou os crachás iguais não significam nada?

O que significa ser colega de trabalho atualmente? Isso ainda faz algum sentido no mundo extremamente competitivo, discriminatório e arrogante em que vivemos?

Estas perguntas me vieram à mente quando conversava com meu filho sobre um diálogo que travei com um profissional em situação de trabalho recentemente.

Eis o caso:

A pessoa me disse que não adiantava aplicar uma sugestão que eu estava dando para desenvolvimento e capacitação profissional, porque os funcionários de uma determinada área, de nível muito operacional e com baixa escolaridade, não teria alcance suficiente para aproveitar aquilo (um programa de coaching de equipes).

Eu continuei argumentando dizendo que a complexidade dos temas abordados seria adequada àquele nível funcional e que minha experiência mostra que o aproveitamento costuma ser excelente porque eles sentem-se valorizados e respeitados quando fazem algum programa de desenvolvimento que não sejam os cursos técnicos, que são obrigatórios para a maioria de suas funções.

Pois bem, parei de argumentar quando meu interlocutor disse que um programa desses não adiantaria nada porque se trata de “um pessoal xucro”… Fiz uma última tentativa dizendo que isso era um pressuposto dele, mas fui nocauteado por uma frase final: “Eu sei que são xucros porque fui eu que os contratei.”

Voltemos ao meu filho e à minha reflexão. Ele, que é atleta e empreendedor na área de fitness, distante do mundo corporativo e da gestão de pessoas, citou a frase que ficou martelando na minha cabeça: “Que falta de respeito com os colegas de trabalho…”

Pois é isso! Quem ainda se lembra de que o boy que entra todo estabanado no elevador, com a roupa toda amarrotada pelos pacotes e envelopes que carrega é um colega de trabalho daqueles que estão ali muito bem arrumados e que não terão um fio de cabelo fora do lugar até o final do dia? Por que existe uma distância tão grande, quase intransponível entre o “chão de fábrica” e o “ar condicionado”? Entre o “carpete” e o “chão frio” como diziam nos meus tempos de bancário?

Por que é tão difícil perceber as interdependências entre áreas e, mais que isso, que as sofisticadas áreas administrativas e de apoio como RH, Financeiro, Marketing, etc., existem em função das áreas operacionais ou de produção?

Estou fazendo estas perguntas por que não tenho a pretensão de saber as respostas, apesar de ter algumas opiniões sobre isso e elas passam pela crença incondicional no potencial de evolução e desenvolvimento do ser humano – qualquer ser humano – e pelo respeito que pessoas educadas, estudadas e civilizadas devem ter com os outros, principalmente se estes “outros” forem colegas de trabalho.

Aliás, será que isso faz alguma diferença?

Luiz Eduardo Neves Loureiro - Consultor, palestrante e coach.


Luiz Eduardo Neves Loureiro

Diretor de Desenvolvimento Humano Organizacional na 4winners

6 a

Tem coisas que não suporto ouvir, vindo de um profissional de RH então fica pior ainda.

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