Somos uma geração de precariados?

Somos uma geração de precariados?

O termo "precariado" surgiu em meados de 1980, mas foi somente hoje, 40 anos depois, que eu o ouvi pela primeira vez. Foi aquele interesse instantâneo e, rapidamente, comecei a buscar mais informações a respeito. Se você, como eu, não conhecia essa "nova classe social", explico: trata-se de um grupo de pessoas, jovens, com um elevado nível educacional e que não conseguem espaço no mercado de trabalho tradicional. Vivendo entre empregos temporários, freelas, jobs e bicos de vez em quando, eles encontram pouca realização pessoal, perspectiva de vida e de carreira e sentimento de pertencimento. Soa familiar?

Tive a sensação de estar lendo algo muito relacionável. Acredito que, como eu, muitos da minha geração foram preparados para um mundo que já não existe mais e, agora, lidam com a incerteza de um futuro cada vez mais líquido.

"Ah, Laís, mas sempre foi assim. Nada é estático e nem vai ser."

Com certeza - e ainda bem! A questão que tento discutir é como esse ritmo vem acelerando em um passo praticamente impossível de acompanhar nas últimas décadas.

Apesar de ainda haver diferenças gritantes na nossa sociedade, ainda mais em países tão desiguais como o Brasil, também existe uma massa com formação extremamente parecida. Aquele curso que costumava ser um diferencial na carreira logo se torna imprescindível. O inglês era o segredo para o sucesso profissional quando eu era mais nova. Hoje, não ter esse idioma já significa nem ser considerado em muitos processos seletivos. Ah, se não tiver uma terceira língua, então... E quando muita gente é mais ou menos igual, mais ou menos nos moldes de uma gigantesca linha de produção, o que nos torna únicos?

Fiquei pensando em como responderia essa pergunta. Não queria encerrar este texto apenas com uma reflexão. E acho que tentar transmitir quem somos é uma boa saída. Quanta coisa maravilhosa sobre você não está no seu currículo? Lá não diz a filha, mãe, estudante, amiga e profissional que você é. Não mostra sua empatia, determinação e coragem. Aqueles certificados, prêmios e graduações não atestam o ser humano complexo e incrível que você é. A gente precisa parar de se colocar tanta pressão para ser IGUAL. Valorizar sua capacidade de dar a volta por cima, como superou aquela adversidade, como seguiu em frente mesmo sentindo que não havia mais opções. Existe um ser humano de carne e osso, que comete erros e acertos, e que sempre merece uma oportunidade de ser feliz e mostrar que pode ser melhor. Isso é o que nos torna únicos, especiais e dignos de sermos valorizados - como pessoas e profissionais.

Aqui, começo minha empreitada de ler mais sobre o "precariado", assim como fiz há alguns anos quando tive contato com as diversas publicações de Bauman, que ainda me fascinam como nunca. Hoje, não senti que estava sozinha quando me sentia um pouco sem rumo. É resultado de todo o contexto de mundo em que estamos inseridos. Amo o que faço e o que ainda estou aprendendo a fazer, mas acho que cabe a todos uma criticidade sobre por que fazemos o que fazemos.

Em breve - quem sabe? -, novas considerações & reflexões.

Manuel Ruiz Merino

Gerente Comercial na Plastiteco Ind.ecom.de Plásticos Ltda.

4 a

Parabéns Lais !!

Adorei o texto, Laís! Compartilho desse sentimento :)

Marília Cardoso

Consultora de Inovação e Comunicação | ISO 56.002

4 a

Somos uma geração que rompe os roteiros e cria sua própria história! E temos que fazer o que nos motiva! Isso se chama propósito e autenticidade! Parabéns pelo belo texto.

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