Sonhe o seu sonho.

O mundo é cruel quando é para acabar com nossos sonhos. As pessoas ao redor são criativas para nos entristecer. Sempre haverá alguém em algum lugar para menosprezar nosso conhecimento, dedicação ou esforço. Mesmo que não seja por “maldade”. Sempre haverá aquele colega falando: “não faça isto”, ou pior, “te avisei que não daria certo”. Este é o mundo!

O fato é que os atletas vivem dois momentos distintos em suas carreiras: Lixos ou Deuses. É isto mesmo, quatro anos atrás, Rafaela Silva, hoje, heroína, era maltratada e humilhada, por “meia dúzia” de pessoas, ao ser desclassificada no começo do campeonato, era o lixo. O que falaram com ela? Todas as ofensas possíveis, algumas pessoas usam a internet para expurgar os piores sentimentos.

Ela tomou o choque. Acostumada a apanhar da vida, afinal, nasceu e foi criada na Cidade de Deus, não se deixou abater e conquistou, até agora (10/08 às 23:13), nossa primeira e única medalha de ouro nas olimpíadas de 2016.  

No DAY 1

Enquanto assistia ao DAY 1, na Pessoa Comunicação com Conteúdo, em Belo Horizonte, duas palestras me tocaram muito, dois mineiros. Salim Mattar, fundador da Localiza Veículos, Gustavo Ziller, criador da série 7Cumes. Gustavo falou sobre a importância em se encontrar, não deixar que aquele “eu” que nós temos, que um dia encantou pessoas, que nos fez ser arrojados, seja perdido, apagado pelo tempo. Salim, falou sobre os conselhos que pediu e, consequentemente, recebeu dos amigos e da família, que sempre os escutou, mas, no fim, os rejeitava. De modo diferente, ambos falavam a mesma coisa. Por que mudamos? Porque a vida nos obriga, casamento, filhos, rotina, estudos, idade. Trabalhos e sonhos que deixamos para depois, sabe-se lá pra quando. Enquanto isto, escutamos os conselhos dos outros, nostalgia alheia por não terem tentado, leia-se medo ou falta de visão, ou terem fracassado. E nós? Vivemos então o sonho dos outros, a identidade desejada pela sociedade. O encontro que jamais saberemos ao certo o que é.... O que seria do Salim se não tivesse sonhado o sonho dele? O Gustavo ainda estaria vivo não sendo ele?

Mas o que isto tem a ver com a gente?

O fato é que isto vale para tudo. Se Rafaela escutasse as críticas, jamais seria uma campeã. Pelos conselhos de pessoas que a amam e presenciaram o sofrimento dela em 2012, teria desistido de lutar. Se tivesse abandonada a Rafaela “moleca” da Cidade de Deus, também não seria nosso orgulho.

Este é  um grande aprendizado das olimpíadas, talvez o maior legado,não importa o que somos aos olhos dos outros, precisamos antes de qualquer coisa, antes de qualquer ato, sonhar os nossos sonhos, viver as nossas vidas, acreditar em nós. Não importa o que os vizinhos pensam sobre o meu comportamento, mas o que eu desejo e enxergo. Quem diria que uma menina da favela, crucificada em Londres, chamada de “vergonha da família”, seria motivo de festa para uma nação com mais de 200 milhões de habitantes? Aliás, quem diria que uma mulher, criada no morro, vitima de racismo, escalaria o topo do pódio?

Tenho aprendido, pouco a pouco, a resgatar o meu eu, entendo mais do que nunca, que só eu posso e sei sonhar a minha vida, em suma, só eu posso ser eu! Só a Rafaela pode ser a Rafaela, só o Salim pode ser o Salim, só o Gustavo pode ser o Gustavo.

Voltei aos tempos de adolescente, escutei um bom rock ( Planet Hemp), enquanto escrevia este texto, deixo um trecho da música para a reflexão. Stab foi escrita por Marcelo D2 e B Negão.

“...Eu levo a vida e não sou levado por ela
Na luta, bom guerreiro nunca amarela
Pra mim quando eu crescer, não me deixe enlouquecer
Só você sabe o que melhor para você
Eu ergo o peito e vou em frente na parada
Não sou controlado e durmo com a alma lavada
Sigo o meu caminho, tranquilo e sozinho...”

Alguém discorda?

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