Suplementação em DHA, uma terapia benéfica na Obesidade

Suplementação em DHA, uma terapia benéfica na Obesidade

A obesidade tornou-se uma epidemia global, predispondo a uma série de fatores de risco, como a resistência à insulina, inflamação cronica de baixo grau (Lipoinflamação), mas também representa um risco para várias doenças crónicas como diabetes tipo 2 e a doenças cardiovasculares, levando ao aumento da morbidade e mortalidade entre adultos. Os efeitos vasculares da obesidade podem ter um papel no desenvolvimento de uma doença em rápida expansão na população idosa, a doença de Alzheimer.

Foi realizado um estudo com o objetivo de determinar se o suplemento de óleo de peixe enriquecido com DHA reduziria a quinase sintetizadora de glicogênio (GSK-3B), uma enzima relacionada tanto a resistência à insulina quanto a doença de Alzheimer. Para isso, foi realizado um estudo duplo cego com voluntários entre 18 e 70 anos com IMC entre 25-45 kg/m² e circunferência da cintura ≤88 cm (mulheres) e ≤102 cm (homens). Os participantes receberam cápsulas de óleo de peixe ricas em 2 g de DHA (860 mg de DHA + 120 mg de EPA) (n = 31) ou cápsulas de placebo (n = 27) por dia durante 12 semanas. Em comparação com o placebo, o óleo de peixe rico em DHA reduziu significativamente o GSK-3β em -2,3 ± 0,3 ng / mL. Os participantes responderam questionário sobre hábitos de vida, alimentação, atividade física e realizado a avaliação corporal destes através das medidas de peso, altura, circunferência da cintura e bioimpedância elétrica. Foram também avaliados os níveis de glicemia, insulina, PCR (Proteina C reactiva), colesterol total e GSK-3B.

Fizeram parte do estudo 58 indivíduos, sendo 31 no GOP (grupo óleo de peixe) e 27 GP (grupo placebo). Os voluntários apresentaram uma idade média de 51,1 anos e obesidade grau 1 (IMC: 31,9kg/m²). O PCR inicial relacionou-se positivamente com a insulinémia, indicando uma relação entre inflamação sistémica e hiperinsulinémia (p<0,05). Após 12 semanas de intervenção, o GOP apresentou redução significativa dos níveis de GSK-3B (p<0,01), insulina de jejum (p<0,05), e HOMA-IR (P<0,05) em comparação ao GP mesmo após ajuste de variáveis. O teste de Pearson indicou uma correlação inversa entre a insulinémia e HOMA-IR do inicio do estudo e as alterações após o período de intervenção no GOP (p<0,05), o que não foi encontrado no GP. Não foram observadas diferenças significativas do efeito quantitativo de DHA sobre GSK-3B.

Os autores concluíram que o suplemento de óleo de peixe enriquecido com DHA reduziu significativamente os níveis de GSK-3B em indivíduos com obesidade, sugerindo que o óleo de peixe enriquecido com DHA pode ser uma opção potencial de intervenção precoce para reduzir a probabilidade do desenvolvimento de doenças metabólicas em indivíduos de alto risco. Ainda assim, o óleo de peixe com DHA também reduziu os níveis de insulina e HOMA-IR destes indivíduos, sugerindo um papel preponderante dos ácidos gordos polinsaturados omega-3 de cadeia longa na redução do risco da doença de Alzheimer.

Desta forma, a suplementação de óleo de peixe rico em DHA pode ser eficaz na redução da resistência à insulina em populações com níveis mais elevados de inflamação, podendo ser uma terapia adjuvante benéfica ao aconselhamento dietético e de estilo de vida para homens e mulheres com excesso e obesos para reduzir o risco de co-morbilidades associadas.

Referência

Thota RN et al. Docosahexaenoic Acid-Rich Fish Oil Supplementation Reduces Kinase Associated with Insulin Resistance in Overweight and Obese Midlife Adults. Nutrients. 2020 Jun; 12(6): 1612.

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