Sustentabilidade e Liderança Humanizada: exclusividade das mulheres?

Por que existem tantas mulheres trabalhando com sustentabilidade? Comecei a escrever este artigo pensando em homenagear as mulheres que, como eu, se dedicam à sustentabilidade. Pensei em destacar a sintonia da liderança feminina com as demandas multidimensionais da área. A ideia era marcar o “Dia Internacional da Mulher”, ressaltando como atuamos a partir da herança de nossas ancestrais, desenvolvida desde os tempos das cavernas, quando a elas cabia o cuidado com os filhos, os plantios e o fogo, enquanto os homens se dedicavam prioritariamente à caça.  

Mas, à medida que organizava as ideias, foram surgindo figuras masculinas atuantes em sustentabilidade e senti necessidade de ir além. Percebi que a essência desta discussão estava na liderança centrada nas pessoas e como ela faz a diferença para tornar mais sustentável a atuação das empresas. Para mim, a liderança humanizada guarda conexão com a maternidade e a paternidade e reconhece que as soluções para os mais diversos desafios ambientais, sociais e econômicos passam por entender as pessoas, se conectar e agir em conjunto com elas.  

Ser uma liderança humanizada, a partir das características de cada pessoa, envolve motivar quem está ao redor – na empresa, nas comunidades em que participa, nas relações com a sociedade; para isto, é preciso gostar de pessoas e de se relacionar com elas. Na área de sustentabilidade das empresas, mais do que gostar de natureza, a liderança também precisa ter um perfil voltado para relações com colaboradores, parceiros e demais profissionais.

Tenho vivenciado a experiência de motivar as pessoas dentro e fora da organização onde atuo, colaborando com diferentes áreas e trocando ideias com as equipes dos projetos e profissionais em busca de uma transição de carreira. Percebo cada vez mais claramente a importância do cuidar, de dar atenção, de escutar mais do que falar, compor opiniões e ideias diferentes, permitindo que sejam expressas e valorizadas em um ambiente de confiança e de segurança psicológica.  

Como consequência, sinto ao meu redor pessoas empolgadas, felizes de estarem participando dessa construção colaborativa. É uma questão de energia, sabe?! Quem vibra positivamente, transfere esta vibração positiva para as pessoas, que a devolvem, fortalecendo a liderança e o próprio processo.  

O cuidado com as pessoas traz realização e cria ciclos realmente prazerosos no ambiente de trabalho, de engajamento e de querer fazer o que antes parecia impossível, substituindo o “Não” para o “Dá para fazer!”. Seguindo adiante, construindo pontes e removendo barreiras. 

Se você quer a sustentabilidade permeando todas as áreas da empresa onde atua, então, precisa motivar as pessoas, reconhecendo que, individualmente, terá poucas chances de tirar um projeto do papel. A liderança humanizada – que também pode ser chamada de servidora - é um exercício diário, no qual o olhar para as pessoas precisa ser verdadeiro. Reconheço que muitas mulheres, imbuídas do espírito maternal, se preocupam com o bem-estar integral da equipe. Também convivo com homens muito bons nisto, outros em busca de desenvolver este lado. Além de muitos líderes que passaram a dar mais atenção à humanização das relações no período pós-Covid 19, assumindo que “não dá para liderar como antes.” 

Um grupo motivado, que remove barreiras, decidido a desafiar o status quo, pode criar um movimento de transformação e gerar um impacto muito maior. A origem do “contágio positivo” está nas pessoas, que criam um movimento potente e o Efeito Borboleta, levando mais e mais pessoas a se engajarem. Este movimento gera também uma conexão com a própria essência e com o propósito que a nossa geração profissional está buscando.  

Enfim, concluo esta reflexão celebrando a conexão do lado feminino, por meio da maternidade ou paternidade, com a liderança centrada em pessoas e o desempenho nas organizações em sustentabilidade.  

Viva o Dia das Mulheres! Viva o dia de valorizar o lado feminino de cada ser!