A sutil arte de uma vida em transição

A sutil arte de uma vida em transição

Eu sempre olhei para a minha vida com aquele sentimento de inconformismo. Uma vida morna, sem desafios, sem objetivos claros, me deixa desestimulada, desanimada.

Quando eu era criança, gostava de fazer coisas diferentes. Sou filha única e lembro a primeira vez, aos 10 anos, que meu pai me permitiu dirigir um trator. Ele sempre me colocava a fazer coisas que só os meninos poderiam fazer, apesar de me ver como uma “princesa”.

Ele era rígido, bravo, mas através desse temperamento, eu me transformei numa menina mais forte.

Por ser filha única, morando no interior, gostava de fazer o trabalho dos meninos. Não gostava de cozinhar e até hoje não gosto. Gostava mesmo do trabalho pesado.

Na roça a gente tem o silêncio, a paz da natureza, uma rotina diferente, de desafios diferentes.

O trabalho não me afastava dos meus compromissos com os estudos. Não era a primeira da sala, mas estava entre os três melhores, sempre. Quando tinha prova, eu poderia ficar em casa, mas me recordo de poucas vezes ter feito isso. Eu tentava ao máximo estar presente na sala de aula, para que não precisasse me dedicar muito fora de lá e em casa, pudesse ajudar meus pais.

Passamos por problemas financeiros ao longo da minha juventude, até minha vida adulta, quando eles decidiram se separar.

Apesar de toda a muvuca que foi minha infância e adolescência, eu sempre fui estimulada pela minha mãe a correr atrás dos meus sonhos e viver uma vida nova.

Quem me via lá, trabalhando, achava que aquele mundo me pertencia e eu pertencia a ele. Sempre fui muito dedicada a tudo que eu faço.

No entanto, não quer dizer que aquilo tudo me fizesse imensamente feliz, que aquilo me causava alegria, bem-estar. Eu fazia porque eu precisava fazer, porque era importante para minha família.

Dentre algumas culturas, meus pais plantaram fumo. Eu colhia, tecia, carregava a estufa, fazia de tudo.

Essa experiência me mostrou que todo bom profissional, se dedica com afinco ao que faz, e justamente por isso, ele precisa parar para analisar o que quer para o seu futuro, várias vezes durante a sua vida.

Sair da roça e ir para a cidade, trabalhar fora, não foi minha única transição. Comecei como empregada doméstica, depois recebi a proposta de trabalhar numa corretora de seguros com uma tia. Fiquei lá por 8 anos, e então recebi a proposta de ir para uma instituição financeira, onde permaneci por 11 anos. Depois de 19 anos de CLT, abri minha empresa de Desenvolvimento Humano.

Parar, olhar pra dentro e sentir é essencial na nossa vida. Olhar pra si com empatia, sentimento de gratidão, se reconhecer como um ser vulnerável e em crescimento contínuo, nos faz acreditar que temos muito mais a viver.

Olhar para dentro e enxergar o que existe com profundidade. Se deixar levar menos pelas circunstâncias e pela decisão dos outros.

Todas as minhas experiências passadas, me tornaram um ser melhor, mas foram as minhas decisões que me trouxeram até aqui.

Se eu acredito em destino? Sim, eu acredito. Mas acima de tudo, acredito que a vida me dá escolhas todos os dias e que a decisão será sempre minha, mesmo quando eu decidir não escolher e "deixar a vida me levar".

Por fim, eu acredito que o destino é moldado por cada um de nós. E você? No que acredita?

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