Técnicas de Comunicação

Na maior parte da minha carreira eu fui braço. Eu fui parte das equipes que faziam o serviço, não das que diziam o que tinha que ser feito. Quando tive oportunidade de liderar um time eu precisei me adaptar. Eu não estava esperando por aquilo e já tinha ouvido o clichê que diz que quando a empresa promove um bom funcionário (de qualquer área), sem que ele tenha o perfil adequado, perde um bom vendedor, um bom programador, um bom sei-lá-o-quê, e ganha um péssimo gerente, supervisor, ou líder.

A empresa, naquele momento, não tinha nenhum programa de preparação de lideranças (como muitas não tem). Dependia apenas de mim não confirmar a estatística, me tornando um péssimo líder. Não dava tempo de fazer um curso formal, uma segunda graduação, ou mesmo uma especialização. Eu precisava performar, e tinha que ser naquele momento.

A minha sorte é que eu sempre fui curioso. Eu lia bastante e acompanhava algumas figuras notáveis da área de coaching, administração e gerenciamento de pessoas, mesmo isso não fazendo parte da minha área de atuação. E isso me ajudou bastante.

Eu (acho que) sempre tive facilidade para fazer amizades. Eu conhecia a empresa inteira, da faxina à presidência, por nome. Tá bom, pode ter um pouco de força de expressão nessa frase. Mas eu conhecia bastante gente mesmo, e sempre me  esforcei para ter um bom relacionamento com todo mundo.

Eu também tive a sorte de contar com pessoas que, mesmo fora do programa oficial da empresa, dedicaram tempo para me ouvir e aconselhar sempre que precisei [ Soraia, Sergio, essa é pra vocês ] e sou muito grato por isso.

Mas, não é sobre mim que eu queria falar. É sobre preparação. Se você almeja uma promoção, principalmente para um cargo de liderança, precisa se preparar. Liderar não é dizer o que os outros têm que fazer, não é distribuir serviço. É muito mais que isso.

Como eu sabia fazer o serviço, era fácil me comunicar com o time. Eu sabia falar a linguagem deles. Mas eu precisei aprender mais do que só comunicar o que tinha que ser feito. Eu sabia que a equipe precisava confiar que o trabalho fazia sentido, tinha propósito, e que era o certo a se fazer. E, para isso, não bastava o linguajar técnico. Eu precisei aprender a falar a língua de cada um, isto é, precisei aprender a colocar as coisas de uma forma que fizesse sentido para cada integrante do time e para cada stake-holder dos projetos sob nossa responsabilidade.

Você já ouviu falar de "sistemas de avaliação de personalidade"? Eu não dava muita bola pra isso, mas, vou te contar… faz diferença quando você precisa se relacionar com pessoas. É fácil identificar padrões de comportamento nos nossos amigos, ou nos nossos colegas de trabalho mais próximos. Mas quando você precisa se relacionar com pessoas de outros setores, de outros times, de outras esferas de hierarquia, faz diferença entender como eles pensam, e o que valorizam.

Isso pode, à primeira vista, parecer técnica de manipulação. Não. Não é sobre esse tipo de coisa que eu estou falando. O que eu estou querendo dizer é que as coisas precisam ser comunicadas de forma que façam sentido para quem está ouvindo.

Um dos modelos de traçado de personalidades que eu estudei um pouco e me ajudou bastante nesse lance de comunicação foi o DISC, que, na minha opinião, é um dos mais simples de entender. Ele divide personalidades em quatro padrões principais: Dominância, Influência, Segurança e Cautela. Eu não vou descrever todos os padrões aqui, senão esse artigo não termina hoje, mas tenho certeza de que você vai encontrar muito material na Internet se tiver curiosidade de procurar.

O que interessa, aqui, é o seguinte: você não vai conseguir se fazer entender se não falar de uma forma que faça sentido para quem está ouvindo. 

Uma pessoa influente, por exemplo, vai dar mais atenção a um projeto ou ação se perceber que "vai sair bem na fita". Uma pessoa cautelosa vai se sentir melhor se tiver à mão dados que comprovem que aquele projeto ou ação é mesmo necessária, e factível. Uma pessoa que preza por segurança vai se sentir melhor se perceber que aquele projeto ou ação vai garantir um ambiente mais estável para o time, setor, departamento, ou à própria empresa.

Entendeu onde eu quero chegar?

Não é sobre manipular pessoas, mas sim sobre se comunicar com elas de uma forma que faça sentido "para elas".

Eu sei que tem muitos outros traços importantes no perfil de liderança, mas acho que se você começar a trabalhar este, a comunicação, vai, certamente, começar no caminho certo.

Almeja uma promoção? Então, esteja preparado! :o)

Derlidio Siqueira