Tópicos em EaD 11 - Razões para o surgimento do EaD

Tópicos em EaD 11 - Razões para o surgimento do EaD

Textos sobre a história do EaD no Brasil e no mundo são pródigos na grande rede. E sua forma acadêmica eles podem se tornar chatos e repetitivos. Visões sobre as razões para seu surgimento podem ser apresentadas de forma simplificada. É possível considerar que se há alguém interessado em aprender e alguém interessado em ensinar, em diferentes localidades, o ensino a distância acontece de forma natural.

1.1     Registros históricos

Os registros históricos são importantes e necessários. Houve um tempo em que o EaD era algo tão simples como o que foi apresentado no parágrafo introdutório. A forma como o EaD aconteceu, acompanhou a evolução tecnológica. Se antes existia uma distância a percorrer e a comunicação acontecia apenas via correspondência trocada entre as pessoas interessadas, o ensino a distância começou como ensino por correspondência. Em todo mundo organismos foram criados e iniciativas foram tomadas. Em nosso país talvez o mais notório seja o IUB – Instituto Universal Brasileiro. Outros existiram antes e outros surgiram depois. Até os dias atuais o ensino por correspondência tem sua hora e lugar.

Em termos de evolução tecnológica e consequente mudança, também em nosso país, pode ser citada o Ensino a Distância via radiofônica. Quem não lembra dos idos do Mobral, um programa de formação que abrangeu toda a extensão geográfica de um país de dimensões continentais.

As coisas evoluíram e hoje temos um aparato tecnológico inimaginável poucos anos atrás, que mescla a transmissão de tudo, de qualquer lugar para um outro lugar qualquer. Gates (1995) já havia antevisto isto em sua estrada do futuro, da mesma forma que Negroponte (1995) ao visualizar o mundo digital, onde o autor considerava convertido para meio digital, todo o conhecimento criado pelo homem.

1.2     COMO REZA A LENDA

Muitas argumentações, a exemplo do que será feita esta que agora você está lendo, começaram com o narrador voltando no tempo e em tom coloquial, apelar para prolegômenos simples, que iniciavam assim: Como reza a lenda.... Então vamos lá.

Reza a lenda que o EaD, como tantas outras evoluções teve seu surgimento estabelecida em contexto de guerra, no qual soldados estudavam em suas horas vagas. Outros consideram que foi na troca de textos entre religiosos do mundo, interessados em catequizar populações de bárbaros e gentios, que ela surgiu. Hoje de forma simplificada pode se considerar que o ensino a distância chegou e para ficar, para simplesmente atender a uma demanda por conhecimentos, nunca antes observada. Assinalar mais que isso equivale a um posicionamento marqueteiro, argumentação que o ensino a distância, como atividade de fundo social não necessita.

Para além de quaisquer razões para seu surgimento é importante batalhar para que a qualidade obtida venha em um crescente, principalmente quando se leva em consideração que a educação em nosso país representa um grande desafio, para atender à necessidade que milhares de pessoas têm de ser educadas em um país de dimensões continentais. É preciso, cada vez mais reduzir as desigualdades sociais, aumentas as chances para todas as pessoas interessadas em adquirir conhecimentos que permitam uma vida digna. O fato de não haver professores suficientes para isto, pode creditar para o EaD uma parte da capacidade para atender a esta demanda.

Esquecendo com o que ela pode colaborar para aumento da desigualdade e criação de uma elite, a tecnologia passa a ser vista como a principal parceira de todos aqueles que estão de acordo com os desejos e necessidades expostas até o momento. Quando ela é utilizada de forma pedagógica, ou melhor, em favor da das atividades de ensino e aprendizagem, ela também alcança uma dimensão social.

Por estarmos imersos na realidade brasileira é importante que atenção maior seja dada às razões para surgimento do EaD em nosso país. O início da vivência plena da mudança de uma sociedade industrial para uma sociedade do conhecimento, trouxe uma necessidade de disseminação destes conhecimentos, trazendo em seu bojo uma profissão, hoje praticamente extinta em sua visão tradicional, a atividade de datilografia. Em nosso país esta foi a primeira iniciativa massiva. O ensino de datilografia por correspondência. Sua importância teve época e lugar. Na esteira das iniciativas por correspondência, quando surgiu o rádio, o fato de ele ser um meio de difusão de alto alcance, considerando seu baixo custo, ele passou a ser utilizado e de forma massiva em atividades de alfabetização. Estas foram as primeiras razões tupiniquins para o surgimento do EaD.

Não demorou muito que cursos completos surgissem via correspondência e rádio. Como o EaD sempre acompanhou a evolução tecnológica, cada novo meio, trazia novas formas de oferta, sem que as antigas fossem abandonadas. Nos dias atuais, de forma restrita, ainda é possível enxergar iniciativas que utilizam cursos por correspondência.

A evolução trazida pela televisão, pelo surgimento e evolução da internet, pela possibilidade de distribuição de áudio e vídeo no formato streaming, nos trouxeram até uma situação de digitalização total (Negroponte, 1995) e hoje a existência de salas de aula eletrônicas, que oferecem processos de imersão total (na forma de oferta do e-learning, a aprendizagem eletrônica) mudam totalmente o panorama de bem poucos anos atrás, no contexto do ensino e aprendizagem.

Mudaram os meios, mudaram as formas, como consequência direta mudaram atitudes e comportamentos dos agentes educacionais envolvidos no processo de ensino e aprendizagem. Com menores deslocamentos e com menores custos diversos segmentos sociais tem, na atualidade, diferentes formas de acesso aos processos educacionais. Os processos de interação ativos, aproximam as pessoas interessadas. A educação aberta traz novas razões para que, até os dias atuais, continuem a ter existência as mais diversas razões para o surgimento da EaD no Brasil e no mundo. Um olhar para os países africanos e para a forma como seu povo vive, faz com que muitos educadores voltam seus olhares para o EaD, mesmo aqueles que por serem deslocados de suas posições de conforto, apresentam um fator resistência em diversos e variados níveis.

Com a interferência dos computadores e da internet o Ensino a Distância encontrou seu filão, seu Eldorado, conseguindo levar ensino e criando oportunidades de aprendizagem em comunidades que ainda vivem em condições precárias, mas que agora, podem enxergar uma luz no final do túnel e terem maiores esperanças em aumentando seu conhecimento, possa ocorrer uma melhoria de vida. Isto não afeta somente pessoas, mas ao país de uma forma geral e mostram fatos que ainda justificam e dão razões para o surgimento do EaD.

1.3     O ensino a distância ideal

Se foram inúmeras e sobejas as razões para o surgimento do EaD, ainda não estamos vivendo totalmente o que esta modalidade poderia possibilitar. O Ensino a Distância considerado no imaginário e no ideal de muitos educadores é aquele que permitiria que qualquer interessado:

  • Tivesse acesso aos processos de ensino e aprendizagem quando deles necessitasse sem custos envolvidos;
  • Pudesse ser efetuado de acordo com as necessidades que o aluno considera ter, com conteúdo relevante e uma pedagogia tecnicista, que o prepara adequadamente para a vida no ambiente de trabalho;
  • Escolhesse o conteúdo a estudar;
  • Desenvolvesse suas atividades nos horários que suas outras atividades permitissem;
  • Efetivasse o processo nos locais de sua escolha.

Aliando estas necessidades a um processo de educação aberta, no qual o interessado não necessitasse de conhecimentos anteriores, além daqueles que fossem necessários para a compreensão cabal do conteúdo atualmente em estudo, se enxerga a situação ideal para a efetivação do EaD.

Assim se estabelecem as razões para o surgimento do EaD, não apenas como uma necessidade de vencer distâncias, mas a permissão para que a atividade de ensino e aprendizagem venha a ocorrer da maneira como mais aprouver às possibilidades individuais de cada um.

referências bibliográficas

GATES, B. A estrada do futuro. São Paulo: Companhia das letras, 1995.

NEGROPONTE, N. Vida digital. São Paulo: Companhia das letras, 1995.

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