As Novas tecnologias estão reestruturando o modelo de aprendizagem no País. Seria o EaD a solução para problemas da educação brasileira?
As radicais mudanças pelas quais passam as sociedades contemporâneas desaguaram na quebra de todo tipo de paradigma. “Tudo que era sólido desmanchou no ar”. As novas tecnologias informatizadas reestruturaram não só a comunicação organizacional como toda a e estruturação das sociedades. E não seria a educação quem passaria ilesa por essas transformações. O avanço tecnológico, que modificou radicalmente as estruturas sociais, atingiu de forma inexorável, também a educação. Afinal, como asseverou Castells (2003), em A Sociedade em Rede, uma das características determinantes das sociedades da informação diz respeito à sua capacidade de penetrar em todos os domínios da atividade humana.
Nos últimos anos, vivenciamos um crescimento exponencial do ensino à distância – o chamado EaD. No bojo deste crescimento há um debate acirrado sobre as oportunidades e ameaças, sobre os riscos e benefícios trazidos por este modelo de ensino.
Por um lado, se argumenta que a ausência de contato físico nos processos de ensino/aprendizagem é um problema que deságua na gradual diminuição do papel do professor neste processo; há ainda a argumentação sobre a ‘perigosa’ massificação do ensino; uma outra objeção alega que a utilização dessa modalidade leva à ‘sucatização' e precarização do trabalho do professor e da educação propriamente dita. Onde a evasão dos estudantes é apontada como o maior problema do EaD.
Numa perspectiva diametralmente oposta, afirma-se que a EaD amplia o papel do professor ao romper com o modelo tradicional de ensino/aprendizagem e inaugura um processo de maior responsabilidade do aluno sobre sua formação, com maior participação e, consequente melhoria da performance de aprendizagem, possibilitando um ensino mais democrático. Onde a economia financeira e a flexibilidade de horários, são apontadas como as maiores vantagens desta modalidade.
Ocorre que, a despeito do debate, a chamada educação on line é uma realidade concreta e factual. Seja destinada ao ensino acadêmico, particularmente o ensino superior, com tutoria etc, ou, destinada ao treinamento profissional com certificação própria, universidades corporativas etc, a educação on line se tornou, hoje, tão pertinente quanto o aprendizado presencial.
O crescimento vertiginoso do EaD, que tem como grandes diferenciais a flexibilidade, a operação a baixos custos e a derrubada das ditas limitações geográficas, refere-se, ainda, a uma realidade que se viabiliza crescentemente, quanto mais acentuado é o avanço das tecnologias de informação e comunicação.
Segundo pesquisa da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES), mantido o ritmo atual de ingressantes no Ensino a Distância (EaD) a modalidade superará o formato tradicional em cinco anos. A mesma previsão aparece na matéria veiculada na edição do dia 22/05 do Jornal da Band, ressaltando que, sobre o oferecimento de cursos a distância a estimativa é a de que, em cinco anos, a educação pela internet supere o ensino presencial.
Corroborando com os argumentos arrolados e finalizando com dados contundentes, o gráfico abaixo, elaborado pela Consultoria Educacional Hoper, baseado nos dados divulgados pelo MEC/INEP, indica que já no ano de 2016, os ingressantes na educação superior, no setor privado, atingiram a proporção de 35%, permitindo projetar um quantitativo de 40% de todos os ingressantes por processo seletivo, para os cursos superiores privados para o ano de 2018.
Enfim, a realidade está dada, o que nos cabe estrategicamente, diante deste cenário é, ao invés de debatermos a significância ou não de um processo que já se provou legítimo, apreender e nos apropriar dele, para construirmos, seja presencialmente ou à distância, uma educação qualitativa e cidadã.
Consultor e professor de Marketing, Administração e Turismo
6 aOlá, prof. Fernando. Atuo no EAD desde 2009 em quase tudo, menos nos fatores técnicos. Se o EAD é uma nova realidade incontestável, está longe de adquirir no Brasil, a sua principal finalidade na educação: processar-se como e-learning e nao meramente como ensino a distancia. Tenho escrito sobre isso por aqui e fora do Linkedin. No Brasil e na America Latina, de modo geral, o foco no EAD converge para tres pontos que o artigo contempla: 1. enfase na comercialização (portanto mais alunos por professor e menos acesso do aluno ás pesquisas livres e atividades estruturadas de ensino); 2. Pouca interatividade, a despeito dos recursos colocados a disposição dos alunos (mais de 200 alunos por professor não pode permitir interação abrangente, a não ser para pouco mais de 20% deste total inviabilizando qualquer planejamento neste sentido, pois entra em colisão com a primeira assertiva); 3. Substituição gradual das aulas presenciais em detrimento do contato pessoal como se os dois mundos: digital e presencial fossem opostos (conta-se nos dedos as propostas de cursos híbridos corretamente organizados e gerenciados por parte das instituições). Um quadro severamente crítico e que transforma as IES em vendedoras de certificados. Há alunos que conseguem concluir 4 cursos superiores EAD em 2 anos, como eu conheci na minha recente experiencia, bastando prestar uma prova com questões objetivas e decoradas e um acesso a plataforma na semana da prova, apenas para acessar os resumos e sem nenhuma acesso aos fóruns e pesquisas. Neste caso, EAD é sinônimo de consulta a conteúdos para uma avaliação. Uma pena!!
Gestor Educacional, Professor. Pesquisador.
6 aObrigado prof. Lísia, pelo comentário pertinente, de fato, esse é principal desafio.
Professora universitária na FACSETE - Faculdade Sete Lagoas e Psicóloga Clínica
6 aParabéns, Prof. Fernando pelo artigo! Existe prós e contras na educação EAD, assim, como também há no ensino presencial. Porém, o mais importante, independente da modalidade é oferecer um ensino de qualidade.