Tabagismo: como vencê-lo?
O tabagismo está em queda, mas ainda tem mais de um bilhão de adeptos e mata milhões de pessoas por ano
O combate ao fumo é uma pauta tão relevante que possui data própria: 31 de maio, definido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como o Dia Mundial de Combate ao Tabaco. Mas esse é um debate que não deve ficar restrito à efeméride - e toda oportunidade deve ser aproveitada para reforçarmos os alertas sobre os riscos que envolvem esse hábito tão danoso à saúde. O tema, inclusive, pode ser analisado por muitos vieses. De um lado, estão os números, as estatísticas e as pesquisas. Do outro, a necessidade de reforçar as medidas de combate ao tabagismo, por mais que muitos de nós já tenhamos nos deparado inúmeras vezes com alertas do tipo em diferentes canais.
Começo, então, pelos dados. Um relatório da OMS mostrou que o hábito de fumar está em declínio no mundo. Em 2022, cerca de um em cada cinco adultos o fazia. Em 2000, a estimativa era de um a cada três. Entre as nações, 150 países estão conseguindo reduzir o consumo (no Brasil, a redução é de 35%, desde 2010). Ainda assim, a nível global, há 1,25 bilhão de tabagistas.
Também segundo estimativas da OMS, mais de 8 milhões de pessoas morrem por ano devido ao tabagismo em todo o planeta. Desse total, 7 milhões são fumantes diretos; o restante, fumantes passivos. Hoje, não podemos falar desse hábito sem mencionar outro tão comum – e popular entre os mais jovens: o uso do cigarro eletrônico (popularmente conhecido como vape ou até pelo apelido pen drive).
Esses dispositivos têm comercialização proibida no Brasil, mas, de acordo com dados do Ipec - Inteligência em Pesquisa e Consultoria , mais de 2 milhões de pessoas os utilizam no país. E é preciso lembrar: a maioria deles contém nicotina, a substância responsável pela dependência química.
A Associação Médica Brasileira explicou, durante uma consulta pública sobre o tema, que a nicotina se apresenta sob forma líquida nos cigarros eletrônicos. Ela está presente junto a solventes, água, aromatizantes e flavorizantes que disfarçam o gosto e o cheiro do vapor característico. A entidade estima que cada item de vape possibilite 200 tragadas, o que equivale ao total de 20 tragadas dos cigarros convencionais.
Fator de risco
Seja pelo cigarro “tradicional” ou eletrônico, o fumo é o principal fator de risco para o desenvolvimento de um dos tumores mais comuns no mundo: o câncer de pulmão. O consumo de derivados do tabaco está na origem de 90% dos casos da doença. Os sintomas costumam aparecer somente nos estágios mais avançados e podem envolver tosse persistente, falta de ar, rouquidão, dor no peito e fadiga. A detecção precoce, no entanto, aumenta as chances de cura.
Para além do câncer, os tabagistas têm risco de desenvolver derrame cerebral e sofrer infarto agudo do miocárdio.
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Benefícios imediatos
A Biblioteca Virtual de Saúde divulgou estimativas bem importantes sobre o que acontece com quem para de fumar. Após 20 minutos, a pressão sanguínea e a pulsação voltam ao normal. Depois de duas horas, a nicotina não está mais presente no sangue. Passadas oito horas, o nível de oxigênio nas células se normaliza. Cinco ou dez anos depois de parar de fumar, o risco de infartar passa a ser igual ao de quem nunca fumou.
Feita a reflexão, vamos às estratégias para enfrentar este problema. O próprio material da Biblioteca traz algumas dicas. Se este é seu caso, pode tentar uma parada imediata, marcando o dia em que não fumará mais nenhum cigarro e, de fato, parando na ocasião. Mas, se estiver mais difícil largar o vício, pode optar pela parada gradual: se fuma mais de 30 cigarros por dia, comece com 25 e, aos poucos, vá diminuindo a quantidade diariamente até zerar em uma semana.
Outra estratégia é atrasar a hora do primeiro cigarro. Quem começa a fumar às 9h pode iniciar mais tarde, às 11h. Tem ainda quem opte por escovar os dentes com mais frequência ou substituir o cigarro por algo saudável quando a vontade bater, como uma fruta. Porém, são só algumas ideias. Como qualquer outro vício, a dependência dos tabagistas envolve fatores psicológicos e comportamentais. O Núcleo de Atenção ao Tabagismo Einstein (NATE) dispõe de uma equipe de psiquiatras e psicólogos especializados neste tipo de acompanhamento. Para saber mais, acesse o site do programa.
Sobre esse tema, aproveito para deixar o convite para que assistam ao episódio "Cigarro tradicional ou cigarro eletrônico: qual é a melhor alternativa e como largar?", do videocast "O Que Te Trouxe Aqui?", uma iniciativa da Comunicação Institucional do Einstein sobre medicina do estilo de vida. Nesta edição, a Dra. Dulce Brito, gerente médica da Saúde Mental e do Bem-Estar do Einstein, e Dr. Humberto Bassit Bogossian, pneumologista do Einstein, juntam-se à jornalista Astrid Fontenelle para mergulhar no mundo da cessação do tabagismo e explorar as mais diferentes estratégias para abandonar o vício. Vale conferir!
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