As tais das perguntas poderosas
O que torna uma pergunta poderosa? Como desenvolver a habilidade de fazer perguntas que gerem reflexão profunda e tirem as pessoas do lugar comum? Foi pensando em responder a estas questões que me aventurei no livro "Ask powerful questions: create conversations that matter" do Will Wise e Chad Littlefield.
O livro ganhou meu coração pela forma de encarar o tema e por estar recheado de histórias. Histórias são a forma mais profunda de conseguir conectar aprendizados e, ao longo das páginas, eu me deparei com várias que me tocaram profundamente.
Ao falar sobre perguntas poderosas, os autores olham para cinco elementos que devem atuar em conjunto para que atinjamos essa habilidade. Na base, a sua intenção de estar com o outro e conhecer o outro, seu interesse genuíno, fará toda a diferença. A sua curiosidade e coragem em estar vulnerável irão levar você para um próximo nível de interação.
Não vou me ater a cada elemento da pirâmide aqui (mas vale a pena você se aprofundar), pois decidi escrever sobre dois temas do livro que atraíram minha atenção: como lidar com conteúdo e processo (o que e como se fala) e o poder do silêncio.
Conteúdo e processo
Basicamente o conteúdo é o que se fala e o processo é como (entonação, linguagem corporal etc.). Um dos pontos mais valiosos que os autores abordam nesse elemento é o quando a gente deve pausar o conteúdo para focar no processo.
Deixe-me ser mais clara: você já deve ter estado em alguma reunião ou evento em que as demais pessoas nitidamente não estavam atentas ao que você falava - estavam nos computadores ou celulares, olhavam o relógio, não mantinham contato visual etc. Essas situações são extremamente desconfortáveis e nossa tendência tende a ser, além de sentir o incômodo, tentar finalizar o quanto antes a fala e dar aquele trabalho por concluído.
Porém, ao fazer isso a gente perdeu o nosso tempo e desperdiçou o tempo dos demais, pois a mensagem não foi adequadamente recebida. Esse é um dos momentos em que o autor traz a importância de pausarmos o conteúdo e falarmos diretamente sobre o processo.
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Ainda vou testar isso por aqui e depois conto como foi, pois parece algo desafiador. Primeiro porque envolve você falar abertamente sobre o elefante na sala, você precisa entrar na vulnerabilidade. Segundo porque falar sobre isso sem julgar as pessoas é um exercício, já que a gente costuma assumir certas coisas em nossa mente a respeito do comportamento dos outros. Mas o risco me parece valer a pena se a gente pensa no desgaste e desperdício que esse tipo de situação apresenta.
Um outro insight que me parececeu valioso nesse tópico foi sobre você trazer o tema do processo e, então, deixar que o outro decida como prosseguir. Ou seja, não sugira retomar o tema em outro momento se a pessoa parece distraída, mas pergunte como ela quer seguir. Isso ajuda o outro a estar 100% na situação e a se comprometer.
O poder do silêncio
Se você já conduziu uma reunião ou um evento em que depois de fazer uma pergunta só escutou os "cri cri cri", sabe o quanto é difícil sustentar um silêncio. É nesse ponto que o autor traz a importância de entendermos que, se uma pergunta foi de fato poderosa, o outro lado pode precisar de um tempo para processar e responder.
A gente vive tanto na correria, na velocidade que acreditamos que responder rápido é algo bom, quando nem sempre é o caso. Quando queremos pensamentos novos, conexões e novas perspectivas, isso geralmente leva um tempo.
Seguem algumas técnicas do autor que achei úteis para quem é facilitador e quer lidar com o poder do silêncio:
Espero que as dicas ajudem você a ter conversas mais significativas. Ah, e se você já leu esse livro, quais foram as suas impressões?