Tchau, Dona Hermínia...
Sou compradora, mas também sou filha e sou mãe.
Parece que foi um parente meu.
Não sou de chorar a perda de famosos, por mais que seja fã.
Chorei em 2013, quando Paul Walker morreu e ainda me emociono quando vejo Fast7 ou o clipe da música. Acho que pelo que os filmes representaram pra mim, sei lá. Revelaram e ilustraram uma paixão por carros que eu não sabia que existia em mim. Talvez eu tenha encontrado um lugar, uma galera, um assunto. Talvez eu tenha estabelecido uma conexão com meu pai que antes não existia. Não sei. Mas eu chorei.
Ontem, quando fiquei sabendo da morte do Paulo Gustavo, fiquei muito mexida.
Vi todos os filmes, via os programas, me divertia com ele. Mas não tinha assim... aquela conexão... Não que eu me lembrasse.
Aí hoje, pensando no quão abalada eu fiquei e refletindo sobre o motivo, eu percebi que, talvez, seja porque a Dona Hermínia me lembra a minha mãe. Me lembra muito a minha mãe. Então lá no fundo da minha cabeça não foi o Paulo Gustavo que morreu. Foi a Dona Hermínia que morreu. A minha mãe.
Assisti o Minha Mãe É Uma Peça 3 no cinema sozinha, num momento muito difícil da minha vida, do meu casamento. E no escuro daquela sala a Dona Hermínia me fez refletir, rindo e chorando, a minha jornada como filha, como mãe e o papel da minha mãe. Das lutas que ela teve, de tudo o que ela passou, de como a minha ingratidão, mesmo sem querer, bate nela. E de como sempre, mesmo quando ela não concordava com as minhas decisões, ele me apoiava. Mesmo quando ela brigava comigo, ela me apoiava.
Esse filme foi foda. Uma lição. Várias lições.
Ri horrores, chorei rios naquelas duas horas. Saí do cinema murcha e de alma lavada. Não sei quais hormônios circulam nessas liberações de emoções, mas os meus estavam altíssimos. Eu estava naturalmente bêbada e descarregada. Dona Hermínia foi meu colo naquele dia.
Daí hoje eu vi essa sequência do filme como homenagem ao Paulo Gustavo:
E é isso, né? Ser mãe é isso. A minha mãe é isso e é isso o que eu quero ser pros meus filhos: um porto seguro. Não vou ser sempre certa, mas vou tentar com todo o meu amor.
Então no fim das contas o meu adeus é pra Dona Hermínia. Pra essa mãe anti-heroína, que é de verdade, que fofoca com o porteiro, que busca reconstruir a vida depois do casamento de uma vida inteira, que é feliz quando dá, que se ocupa da vida dos filhos (porque é isso mesmo que mãe faz - pelo menos a minha) mesmo quando as decisões não estão na alçada dela, que curte com as irmãs, que fala que não vai comprar uma-peça-de-roupa pro neto e leva a feira do bebê toda, que compra a briga dos filhos, que fica exausta, que fica feia, que fica linda, que chora, que é irônica, que ama, que odeia... e que no final do dia enche o peito, fala "VAI À MEEEEEEERDAAAAA!", toma um Rivotril, uma taça de vinho e dorme pra começar tudo de novo no dia seguinte.
Tchau, Dona Hermínia. Vai ficar mais difícil sem você.
Mãe, eu te amo. Não se atreva a deixar este planeta. Nunca.
À família do Paulo Gustavo, meus mais sinceros sentimentos. Não é justo que alguém que fez tanto bem a tanta gente fosse embora tão cedo. Mas menos justo ainda seria ele ficar aqui sem sorrir.
Revisora de livros, textos avulsos, etc. Trabalhe em Casa - Home Office
3 aQue lindo, Camila! Eu queria ter um pouquinho de senso de humor, mas não acho graça nesse tipo de comédia. Assisti a uma peça com ele, no Chevrolet Hall, com minha filha. Ela deu umas risadinhas, eu nem isso. Quando eu tinha sua idade, eu não me importava de soltar meu lado cômico. Talvez, o passar dos anos tenha azedado a minha alma, e eu tenha esquecido como é bom dar uma gargalhada. Bjos
Analista Sênior Suprimentos| Supply Chain| Inovação | Desenvolvimento de fornecedores
3 aNossa Ca triste realidade né..... milhões de vidas perdidas pra esse vírus. A dona Hermínia realmente é parte das nossas famílias....nos identificamos nela como mãe, filha e mulher. Saudades eterna