A tecnologia não vai nos matar
Enquanto comia minha empada lembrei de trinta anos atrás –1989 – quando trabalhava em uma padaria com meus treze anos de idade já pensando ser um adulto. Lembro que a tecnologia disponível, para quem tinha recursos – não era vista como a mesma para quem não tinha acesso a ela.
Eu nem sabia o que era internet discada. Computador? Não, não conhecia essa máquina intrigante. Código de barras? QR code? Nem balança digital existia no meu mundo, mas eu estava lá atrás de um balcão trabalhando para conseguir o objeto de desejo que meus pais não podiam me comprar e, é claro, para comer as empadas quentinhas e deliciosas com perfume e uma textura inigualável.
Hoje, ao tentar repetir a experiência no ano de 2019 (sim, lá se foram 30 anos) tenho nítido para mim – que agora vivo num mundo digital – que a tecnologia não vai nos matar. Mas será mesmo que não? Este texto é despretensioso no sentido de querer responder a dúvida. Umas pessoas já morreram por causa de whats app e tantos outros aplicativos que nos distraem, mas percebo que todas estas mudanças de mercado, trabalho, comportamento sempre existiram e vão continuar. Você sabe, uma das poucas certezas da vida é a mudança. E estou falando de quem vive na cidade com mais acesso à tecnologia não que no interior a comunicação seja obsoleta, mas ter tecnologia disponível a qualquer momento ainda é um privilégio de não toda população. Porém, o que quero dizer com este texto é que as ameaças estão dentro de quem não tem fé, amor próprio e desejos por mudanças que nos permitem evoluir fazendo mais e melhor do que antes.
Porque no fim das contas, mesmo trinta anos depois e possivelmente daqui a mais trinta, eu vou continuar comendo a empada e tentando repetir a experiência anterior já que tudo nesta vida é experiência.