A telemedicina e seu impacto socioeconômico

O impacto socioeconômico da telemedicina ainda tem sido pouco discutido em termos científicos não apenas no Brasil, como no mundo. Poucos artigos publicados abordam especificamente esse tipo de avaliação que é tão importante para os sistemas de saúde, públicos e privados.

Os efeitos efeitos sociais e econômicos positivos com o uso da telemedicina nas mais diversas especialidades já tinham sido demonstrados num artigo de revisão sistemática publicado em 2003 , na revista Journal of Telemedicine and Telecare. Nesse trabalho eles identificaram diversos segmentos onde a telemedicina era utilizada, seja através de teleconsultas telefônicas ou videoconferências através da internet, que na época era bem distante da tecnologia hoje existente. Mesmo considerando que as tecnologias digitais nessa época ainda não eram robustas, já havia impacto importante da telemedicina nas áreas de pediatria, geriatria, home care e saúde mental, com trabalhos que demonstravam melhora da qualidade assistencial, redução de custo, e benefícios sociais, que são muitas vezes difíceis de calcular.

No Brasil ainda estamos caminhando para alcançarmos algum grau de maturidade em saúde digital, e um dos passos importantes nessa trilha é justamente demonstrar o impacto social que a telemedicina possui em um país com dimensões continentais e diferenças abissais de acesso a saúde.

Exemplos claros dos benefícios potenciais da telessaúde vão desde o apoio a saúde indígena, até a criação de modelos de UBS Digital onde diversas especialidades médicas e não médicas podem estar conectadas com as equipes assistenciais locais, levando mais eficiência e efetividade à atenção básica.

Para que isso realmente aconteça, ainda precisamos amadurecer nossas leis, nossos processos, e nossa cultura para adaptar a tecnologia a um sistema de saúde que ainda vive plenamente na transição entre o analógico e o digital.