Tendências climáticas

No Congresso do IBGC – Instituto Brasileiro de Governança Corporativa realizado em outubro desse ano, do qual tive a satisfação de ser membro do Grupo de Trabalho da curadoria e que teve como tema Cultura de Governança e os desafios do Brasil, um dos painéis me chamou especial atenção.

O tema era Governança climática: saindo da retórica para a prevenção de tragédias e uma das palestrantes, a conselheira Denise Hils, afirmou que: “A diferença entre risco e evidência são os dados. Na questão climática, já temos evidências”.

Sem dúvida, considerando apenas nosso país, as evidências climáticas nesse ano de 2024 foram diversas e entre elas podemos citar:

1. Enchentes no Rio Grande do Sul (maio de 2024): O estado sofreu com chuvas torrenciais que resultaram em inundações sem precedentes, afetando mais de 300 cidades. Essas enchentes causaram destruição significativa de infraestrutura, deixaram milhares de desabrigados e resultaram em dezenas de mortes.

2. Seca extrema na Amazônia (agosto e setembro de 2024): A região Norte enfrentou uma seca severa, levando a níveis recordes de baixa nos rios, como o Rio Madeira. Essa situação provocou a morte de mais de 200 botos no Lago Tefé, evidenciando o impacto ambiental significativo.

3. Incêndios florestais no Pantanal e Cerrado (setembro de 2024): As condições de seca e calor extremo contribuíram para a ocorrência de grandes incêndios florestais nesses biomas, resultando em perda de biodiversidade e danos ambientais extensivos.

Nessa semana, ao levar meu filho para a escola, vivenciamos uma das piores tempestades que nossa cidade já sofreu. Ruas alagadas, carros parados, motoqueiros atravessando os verdadeiros rios que se formaram, correndo o risco de serem arrastados. E eu, dentro do carro, juntamente com meu filho, só pensava no quanto somos vulneráveis às forças da natureza e no quanto não estamos preparados suficientemente para lidar com essas evidências climáticas.

Deixei meu filho na escola e voltei para casa pensando, refletindo, buscando rotas que não estivessem alagadas ou caóticas em razão dos carros danificados no meio dos alagamentos. Tudo transcorreu bem, ficaram apenas as reflexões.

Eventos como esses, cada vez mais frequentes, ressaltam a necessidade urgente de estratégias eficazes de adaptação e mitigação para enfrentar os desafios impostos pelas mudanças climáticas. O que faremos diante de tantas evidências?

O tema principal dessas reflexões semanais é a longevidade (de pessoas e negócios). Não haverá longevidade sem um plano de ação quanto às evidências climáticas existentes. Talvez um caminho seja flexibilizar, desacelerar, cancelar aulas e compromissos, incentivar as pessoas a permanecerem em casa e em segurança durante esses eventos, exercitando uma cultura de prevenção de danos.