Testando a acessibilidade de plataformas de dados.
Ao longo da minha carreira como analista de dados sênior, uma das etapas mais importantes no desenvolvimento de plataformas de dados foi garantir que essas plataformas fossem acessíveis para todos os usuários, independentemente de suas habilidades ou necessidades. Em muitos projetos, percebi que um trabalho essencial que muitas vezes fica em segundo plano é o teste de acessibilidade. Testar a acessibilidade de uma plataforma de dados não é apenas uma questão de verificar se ela funciona bem para usuários com deficiências, mas também garantir que ela seja eficiente e intuitiva para todos os tipos de público.
No início da minha jornada, quando comecei a criar dashboards e relatórios acessíveis, tive que aprender da maneira mais difícil a importância de testar a acessibilidade em todas as etapas de desenvolvimento. Às vezes, eu me concentrava tanto no design visual ou na funcionalidade dos dados que negligenciava os testes de acessibilidade. Foi quando um dos meus colegas, que usava um leitor de tela, me mostrou que o que parecia perfeito para a maioria dos usuários não era de fato acessível para ele. A lição ficou clara: testar a acessibilidade é fundamental para garantir que todos possam acessar, interpretar e interagir com os dados corretamente.
O que significa testar a acessibilidade de uma plataforma de dados? Para mim, isso envolve garantir que todos os aspectos da plataforma — desde os gráficos e tabelas até os filtros e menus — sejam acessíveis para qualquer pessoa, independentemente de suas deficiências. Isso inclui a compatibilidade com tecnologias assistivas, como leitores de tela, softwares de ampliação de tela e dispositivos de entrada alternativos. Além disso, o teste de acessibilidade verifica se a plataforma é funcional para pessoas com deficiências visuais, auditivas, motoras e cognitivas.
Como faço esse teste de acessibilidade? O primeiro passo que sempre sigo é garantir que a plataforma seja compatível com leitores de tela. Isso significa testar se os elementos interativos, como botões e links, estão corretamente rotulados para que os leitores de tela possam descrever as ações que esses elementos executam. Por exemplo, ao testar um gráfico interativo, um leitor de tela deve ser capaz de identificar o gráfico e descrever suas informações de forma clara. Em vez de apenas dizer "Gráfico", a descrição poderia ser algo como "Gráfico de barras com vendas de janeiro a dezembro, com as vendas de janeiro marcadas em azul".
Outro aspecto essencial que aprendi ao longo do tempo é a verificação de navegação por teclado. Muitos usuários com deficiências motoras ou que preferem navegar sem um mouse dependem do teclado para interagir com a plataforma. Testar a navegação por teclado é essencial para garantir que os usuários possam mover-se pela plataforma de forma fluida, acessando todos os elementos interativos sem dificuldades. Se, ao pressionar a tecla "Tab", a navegação pular de um gráfico para um botão de filtro sem seguir uma ordem lógica, a plataforma será difícil de usar.
Para testar a acessibilidade, também uso ferramentas automatizadas, que são extremamente úteis para identificar problemas rapidamente. Ferramentas como o WAVE (Web Accessibility Evaluation Tool) ou o axe Accessibility Checker ajudam a identificar erros de acessibilidade comuns, como problemas de contraste de cores, falta de descrições alternativas em imagens ou links sem textos explicativos. No entanto, aprendi que essas ferramentas são apenas um ponto de partida e não substituem o teste manual.
Recomendados pelo LinkedIn
É muito importante que eu realize testes manuais para verificar como a plataforma se comporta em diferentes cenários. Por exemplo, ao testar uma plataforma com deficiência visual, posso usar o navegador em modo de alto contraste ou ferramentas de ampliação para simular a experiência de usuários com baixa visão. Também faço testes de usabilidade cognitiva para garantir que a plataforma não sobrecarregue os usuários com informações excessivas ou uma navegação confusa. No caso de dashboards de dados, isso significa garantir que o layout seja simples, que os gráficos tenham descrições claras e que os usuários possam entender facilmente o que estão vendo.
Além dos testes com tecnologias assistivas, é importante envolver pessoas com deficiência no processo de teste. Muitas vezes, ao testar uma plataforma, percebo que há problemas que só podem ser identificados por quem realmente depende dessas tecnologias. Convidar usuários com diferentes tipos de deficiência para testar a plataforma e fornecer feedback foi uma das melhores decisões que tomei ao longo dos anos.
Ao testar a acessibilidade, também faço questão de garantir que não haja dependência exclusiva de cores. Algumas pessoas com deficiências visuais, como daltonismo, podem não conseguir distinguir certos gráficos ou tabelas apenas com base na cor. Por isso, sempre incluo testes para garantir que informações importantes sejam transmitidas de outras formas, como com rótulos ou padrões de textura. Em gráficos, por exemplo, se uma informação importante for destacada em verde, também a apresento com uma legenda ou com diferentes formas de barra, para que os usuários que não conseguem distinguir o verde ainda consigam entender a informação.
Por fim, a acessibilidade móvel também é uma parte essencial do meu processo de teste. Muitas plataformas de dados hoje são acessadas em dispositivos móveis, e a experiência do usuário em uma tela menor pode ser completamente diferente. Ao testar a plataforma, faço isso em diferentes dispositivos e verifico se a navegação é igualmente fluida, se os gráficos permanecem legíveis e se todos os elementos interativos funcionam bem.
Em resumo, testar a acessibilidade de plataformas de dados é um processo contínuo e essencial para garantir que todos, independentemente de suas habilidades, possam acessar e interagir com os dados de forma eficaz. Ao usar uma combinação de testes automatizados, manuais e feedback de usuários reais, consegui melhorar a acessibilidade das plataformas em que trabalho e oferecer uma experiência de dados mais inclusiva.
DATA SCIENTIST | MLOPS | SME | CHAIR OF TLC-BR (OIC BRAZIL CHAPTER) | SPEAKER | MENTOR | TEACHER
2 semGenial