#TewáLAB: 2024 foi o ano que decidimos inovar - e aprender o que isso realmente significa

#TewáLAB: 2024 foi o ano que decidimos inovar - e aprender o que isso realmente significa

Por Maitê de Lara Sanches , socióloga apaixonada por causas e especialista em inovação na Tewá 225

Inovar não é só sobre criar algo novo, mas também sobre encarar o mundo como ele é – complexo, desigual, em crise – e, ainda assim, encontrar caminhos para transformá-lo. Hoje, quero compartilhar como começamos essa jornada na Tewá 225, os desafios que enfrentamos e os primeiros passos concretos que estamos dando para avançar nessa transformação.

Estamos vivendo uma década decisiva para enfrentar as mudanças climáticas e a desigualdade social. Alô Agenda 2030! Eventos recentes mostraram como esses desafios estão cada vez mais presentes no cotidiano das nossas cidades e comunidades. Em 2024, o Brasil viveu enchentes devastadoras no Sul, que desalojaram milhares de famílias, enquanto, no Norte e Nordeste, a seca extrema comprometeu o acesso à água e à produção de alimentos em comunidades rurais. 

Na Amazônia, o desmatamento acelerado não só ameaça a biodiversidade global, mas também agrava a desigualdade ao impactar diretamente as comunidades indígenas e ribeirinhas que dependem da floresta para sua subsistência. Paralelamente, o avanço das queimadas tem ampliado problemas respiratórios, especialmente entre crianças e idosos em regiões onde o acesso à saúde já é limitado.

Nas periferias das grandes cidades, ondas de calor cada vez mais intensas expuseram a fragilidade de moradias sem ventilação adequada e a vulnerabilidade de quem trabalha ao ar livre, como entregadores, ambulantes e catadores de recicláveis. A desigualdade de gênero também se faz sentir de forma mais aguda nesses contextos: mulheres, especialmente negras e indígenas, estão na linha de frente dessas crises, seja liderando movimentos por justiça ambiental ou carregando o peso das adversidades no dia a dia – como a sobrecarga do cuidado doméstico em cenários de insegurança alimentar e acesso precário a recursos básicos.

Essas mudanças deixaram há tempos de configurar projeções futuras: já estão afetando a saúde, a segurança alimentar e a qualidade de vida de milhões de brasileiros, especialmente os mais vulneráveis. Diante desse cenário, #inovar deixou de ser uma opção e passou a ser uma necessidade urgente. É preciso transformar desafios em oportunidades de impacto positivo, buscando soluções que conectem a resiliência comunitária, o desenvolvimento econômico e a regeneração ambiental.

É nesse contexto que, neste ano, a minha trajetória profissional se cruzou com a criação e estruturação da área de inovação na Tewá 225, uma consultoria pequena em tamanho, mas gigantesca quando falamos de impacto.

Essa empreitada não foi apenas sobre abrir uma nova área. Foi como uma espécie de "ano de revolução solar" na minha carreira – um período em que tudo se alinhou para trazer à tona o que estava latente: o desejo e a coragem de colocar minha criatividade no mundo. E, claro, de dar concretude às ideias e planos que já existiam dentro da Tewá e aguardavam o momento certo para emergir.

Quando cheguei na Tewá, em meados de março, percebi que o momento era perfeito. Não apenas porque a organização já havia identificado a necessidade de criar uma área de pesquisa e desenvolvimento de soluções, mas porque a Tewá se percebia como uma organização que havia avançado bastante em termos de maturidade. Após uma década de existência, começou a organizar internamente todo o conhecimento acumulado para devolvê-lo ao mundo de forma prática e transformadora.

Mas o mais interessante foi perceber que, ao alcançar maior maturidade, a Tewá não seguiu pelo caminho comum de criar estruturas complexas e processos rígidos. Pelo contrário, escolheu o desafio de simplificar, se arriscar e, acima de tudo, manter vivo o encantamento da descoberta. Essa abordagem ressoou profundamente comigo, pois também cheguei nesse projeto em um momento de maturidade na minha carreira: disposta a assumir riscos calculados e buscar desafios que realmente fizessem sentido.

Um dos maiores aprendizados dessa jornada foi que inovar em uma organização pequena exige flexibilidade, coragem e, acima de tudo, foco. Nem tudo é possível, mas isso nos dá a clareza necessária para escolher o que realmente importa. Entre os primeiros passos da área de inovação, destaco iniciativas como o redesenho de processos colaborativos, a aplicação de metodologias como design thinking e a mobilização de parcerias estratégicas para desenvolver soluções ágeis, inclusivas e impactantes. 

Realizamos um diagnóstico detalhado e elaboramos um plano de ação para estruturar a área de inovação, mapeando prioridades e identificando oportunidades para gerar impacto dentro e fora da organização. Também trabalhamos na melhoria de processos internos, buscando maior eficiência e integração entre as equipes, o que foi essencial para dar suporte às iniciativas inovadoras.

Além disso, desenvolvemos duas soluções próprias, que serão lançadas em 2025, que refletem o compromisso da Tewá com temas cruciais. A primeira é voltada para a igualdade de gênero, com foco em promover ambientes mais inclusivos e equitativos, tanto no setor público quanto no privado. A segunda busca ampliar a capacidade institucional de médias e pequenas organizações, oferecendo ferramentas e metodologias para que elas possam crescer de forma sustentável e maximizar seu impacto. Essas ações não apenas consolidaram os alicerces da área de inovação, mas também estabeleceram um novo padrão de atuação, alinhado aos desafios contemporâneos e ao propósito da Tewá de transformar realidades. E isso é tudo o que posso contar sobre elas, por enquanto.

Aprendemos, ao longo dessa jornada, que menos é mais. Priorizar o essencial e simplificar processos foi crucial para alcançarmos mais resultados com menos recursos, permitindo foco nas iniciativas que realmente importavam. Além disso, a colaboração se mostrou uma peça-chave. Trabalhar lado a lado com clientes e comunidades não apenas tornou o processo mais dinâmico, mas também garantiu que as soluções fossem mais relevantes e profundamente conectadas às realidades locais. Por fim, entendemos que errar faz parte do caminho. Desapegar de ideias que não funcionam e ajustar rotas com rapidez se revelou uma habilidade essencial para sustentar qualquer processo de inovação, transformando cada obstáculo em uma oportunidade de aprendizado.

Após fazer esse balanço sobre a criação da área de inovação da Tewá e olhando para o que construímos, percebo que ainda há bastante caminho a percorrer, porém, ao mesmo tempo, já realizamos tanto, que podemos destacar que o impacto já é perceptível, tanto nos projetos quanto na forma como nos relacionamos com nossos clientes e parceiros. Mais do que uma área, criamos um espaço para experimentar, aprender e, sobretudo, devolver ao ecossistema aquilo que acreditamos: soluções que transformam realidades.

Ah, e com isso também estamos exercitando formas de acalmar a ansiedade por querer compartilhar com o mundo tudo que o produzimos até aqui. só posso dizer que em breve teremos boas novidades, com muita qualidade e relevância. Aguardem!

Maitê de Lara Sanches, obrigada pela chegança! Vamos fazer muita coisa!

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