"That's not how we do it here!"

"That's not how we do it here!", é um livro inspirador! Inicialmente é descrito um clã (Meerkatsdo Kalahari) de suricatas com mais de 150 membros. Este clã está organizado de forma muito hierarquizada, onde um casal de animais alfa dirigem vários betas e estes, por sua vez, outros merkats de nível inferior, numa pirâmide em que cada um exerce uma função específica e de forma bastante rigorosa. Até então este clã tem conseguido assegurar o processo e a harmonia do grupo, no entanto, uma seca (problema!) veio interferir com o seu sossego e a ameaçar a sua própria existência. Devido a este problema, os meerkats de categoria superior discutem possíveis soluções mas nunca chegam a uma conclusão e recusam todas as soluções vindas dos seus subordinados, alegando sempre: "nós aqui não fazemos as coisas dessa maneira!". Entretanto, Nádia, a heroína desta história, que é uma jovem enérgica e decidida, resolve pôr-se a caminho, mato a dentro à procura de ideias que a ajudem a resolver os problemas do clã. Nádia, acaba por encontrar um clã de meerkats mais pequeno e onde as coisas se passam de forma bastante distinta: todos são chamados para tomar decisões, todos têm alguma responsabilidade de liderança, todos são polivalentes, a maior parte do trabalho é feita em equipa com regras flexíveis e em constante mudança. Ou seja, são mais ágeis e inovadores. No entanto, à medida que este clã cresce, a falta de estrutura gera confusão e ineficiência, pondo a descoberto as limitações deste tipo de organização. Segundo os autores, Holger Rathberger e John Kotter, a fusão desses dois modelos, aqui representados pelos dois clãs, é possível e indispensável para o sucesso de toda e qualquer organização no mundo de hoje.

Em suma:

Kotter afirma que as organizações precisam de líderes e de gestores e que, normalmente a liderança funciona bem em pequenas organizações que precisa de inovar. No entanto, quando essas organizações crescem, elas precisam de adicionar "gestão" à mistura, não descurando a inovação.

A maioria das organizações começa por adoptar a abordagem do canto superior esquerdo que, embora um pouco caóticos, eles são curiosos, adaptáveis, energéticos e, estão a aprender. No entanto, quando atingem o sucesso, eles adoptam a estratégia do canto superior direito. Começam a lidar com o seu crescimento , cimentando sistemas, estruturas e políticas que inadvertívelmente "matam" a velocidade, agilidade e inovação. As ideias novas que surgem são frequentemente recebidas com: "não é assim que fazemos as coisas aqui". Se persistirem nessa abordagem, caem no canto inferior direito, tornando-se complacentes, rígidos e lentos. O próprio talento que eles precisam para se manterem relevantes e reativos ao seu ambiente de mudança começa a cair e, se uma mudança dramática surgir, eles estão condenados. A solução não é voltar para o canto superior esquerdo, mas sim, combinar os dois, mudando a forma como a organização é conduzida.

Os autores conseguem, nesta obra, descrever as dificuldades sentidas por organizações grandes e burocráticas durante a necessidade de implementação de um processo inovador e, também de organizações inovadoras e desburocratizadas, que não compreendem a necessidade de utilização de processos de gestão, pois não se querem desvincular das suas raízes. Uma coisa não exclui outra, cada uma tem o seu papel e é necessário que os líderes/gestores se apercebam disso para poderem caminhar em direção a soluções inovadoras ou burocráticas, para manterem a durabilidade/estabilidade do negócio.

Aconselho vivamente a leitura desta fábula e, sinto-me grata pela sugestão desta obra.