TIMES E LÍDERES NO MUNDO INCERTO E VOLÁTIL
Times e lideranças são meus assuntos preferidos! Uma das minhas grandes preocupações e interesse de estudo, além de vivenciar na prática, com meus clientes, todo tipo de situação que permeia as relações interpessoais e a busca de resultados.
Nesse mundo em que nos encontramos hoje, por alguns conhecido como VUCA, ou seja, volátil, incerto, complexo e ambíguo, percebo algumas distorções interessantes. Por exemplo, nem sempre o time com profissionais de maior competência alcança resultados igualmente superiores.
Parece um contrassenso, imaginar que um time de profissionais brilhantes, juntos, resultem em uma menor performance, comparados a outros times formados de profissionais não tão competentes.
A partir de pesquisas e observações, descobri que, mais do que ter competência, as pessoas precisam ter a disponibilidade interna de colaborar, de compartilhar, o que nem sempre acontece, seja por prepotência, egoísmo ou orgulho, nem sempre os profissionais gostam de dispor do seu tempo e do seu conhecimento para outros, mesmo quando é para o seu próprio time.
O problema que percebo é que este comportamento é bastante sutil e, obviamente, não declarado, o que torna ainda mais difícil ser contornado e trabalhado de maneira adequada. A “persona” se posiciona como aberta ao diálogo e à troca, mas o comportamento apresenta, desculpas e mecanismos dos mais variados, quem sabe até inconscientes, que dificultam a partilha e o comprometimento com o time.
Muitas vezes o trabalho em time é apenas uma vontade (algo onde não há um investimento de energia, muito menos de comprometimento) e não um desejo (algo em que se coloca esforços, energia e gera conexão com um propósito). Quando se tem desejo de trabalhar em time, porque se percebe sua importância, quer-se estar junto, colaborando, compartilhando porque se acredita nas pessoas e a eficiência vem de mãos dadas com o resultado, a cultura é construída em torno do time e as pessoas se alinham a ela.
Assim, o que une essas pessoas ao redor de um trabalho em time é muito mais o propósito do que o excesso de competências apresentadas. O propósito do time leva as pessoas a se capacitarem caso ainda não tenham as competências necessárias e os resultados passam a ser perceptíveis, construídos através do relacionamento estabelecido, assertivo e de maior qualidade. Quando, então, não se observa o desejo em trabalhar em time, é importante que seja colocado às claras, que se torne consciente, para que o resto do time não seja penalizado.
Afirmo aqui, então, que as bases de um time são propósito e objetivo bem definido, para que todos estejam alinhados a eles e percebam que existe um ganho no trabalho com outras pessoas. Esses dois pontos serão tanto mais vivenciados, quanto mais assertividade, escuta ativa e feedback fizerem parte da dinâmica do time.
No entanto, o que observei nas minhas pesquisas e experiência práticas, foi que o fato de um time ir muito bem, também não é garantia para que ele continue tendo bom resultado.
Muitas intercorrências podem fazer com que a construção do time “desande”. Por exemplo, a perda do foco no propósito ou nos valores da cultura estabelecida, a confusão entre o pessoal e o profissional. Uma pausa aqui!! Exatamente!! Quando eu penso trabalho em time, o foco é o que precisa ser construído e não as simpatias ou antipatias pessoais. Quando existe amizade entre as pessoas do time pode ser bom, mas também pode prejudicar seu crescimento, porque questões individuais podem atravessar aspectos importantes do desempenho.
Então, o que vale mesmo é a confiança existente ente todos, a partir do objetivo estabelecido e na comunicação clara, assertiva e respeitosa.
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E tudo isso nos remete à necessidade de cada um se entender, ou seja, autoconhecimento é o que ajuda na maturidade dos times, porque permite que cada profissional vença suas próprias sombras e dificuldades e direcione sua força para aquilo que pode contribuir. Vence, por exemplo a vaidade de querer dar conta de tudo sozinho, para aparecer na empresa ou para a liderança. Vence o egoísmo da não partilha, vence o olhar no umbigo e o orgulho.
Ou seja, o que observo é que, quanto mais as pessoas têm consciência do seu propósito individual e se conectam ao propósito da equipe, mais o resultado é de excelência.
E onde fica a liderança nisso tudo?
Bem, o líder precisa ter a observação sobre a dinâmica que o time estabelece e agir quando os problemas aparecem, fazendo alinhamentos e realinhamentos do time. No entanto, essa liderança não é mais focada em uma só pessoa, assim como não é o cargo que define o líder, mas sim a contribuição que pode fornecer ao time. O líder é definido pelo que pode oferecer ao time, para que os relacionamentos e resultados se componham de maneira harmônica. Mais do que nunca, reconhecer suas forças e limitações e ser o primeiro a dar o exemplo, no sentido de partilhar, compartilhar, aceitar e solicitar participação e colaboração, são forças desse profissional.
A análise a ser feita sempre, seja pelo líder, seja pelo próprio time passa fundamentalmente por 7 aspectos:
Acredito que, neste mundo ágil e incerto, tecnológico e complexo, não adianta queremos caminhar individualmente. Se não fosse por nenhum outro motivo, além de prazerosa a construção em equipe, permite o crescimento mais acelerado, pela troca estabelecida. E ainda, a partir de uma análise mais racional e prática, é urgente e indiscutível que as empresas e as pessoas trabalhem em times, uma vez que não conseguem assimilar todas as mudanças se contarem apenas com pessoas fragmentadas e fechadas no seu nicho.
Portanto, o trabalho em times é uma modalidade de trabalho inerente a esse novo tempo e que, no fundo, remonta ao próprio movimento que a natureza faz, assim como ao movimento que nosso organismo faz. A natureza toda trabalhe em equipe, uns dependem dos outros e colaboram entre si para que a vida perdure, assim como nosso organismo é feito de conexões entre todos os órgãos em uma perfeita orquestração que nos permite simplesmente VIVER.
Profa. Dra. Fatima Motta