“TINITUS” O TERRÍVEL APITO E SUA RELAÇÃO COM A CERVICAL

“TINITUS” O TERRÍVEL APITO E SUA RELAÇÃO COM A CERVICAL

Prof. Ivan Jardim

CREF: 6683/G-RS

@prof.ivanjardim @reahb2ft 

Quase todo os profissionais de saúde que lidam com reabilitação já ouviram falar de um terrível problema crônico que acomete entre10 a 22% da população¹ com mais de 40 anos, o tinitus que é percebido como um zumbido ou apito em um ou em ambos os ouvidos.

As causas do tinitus são várias. A mais comum talvez seja a exposição prolongada a altos níveis de pressão acústica (ouvir música muito alta), contudo, pode ser originado também por doenças graves, uso de drogas e traumas na cabeça.

Sendo assim, realizar um diagnóstico diferencial é absolutamente essencial a fim de determinar se podemos, ou não, intervir neste ou em qualquer outro caso da alta complexidade.

As consequências do tinitus não são leves. Problemas psicológicos (depressão), perda auditiva, estresse e isolamento social são alguns deles.

Contudo, poucos sabem que a solução deste problema pode estar em nossas mãos e não de otorrinos ou neurologistas um vez que, em sua manifestação mais comum e benigna, o tinitus pode estar relacionado a uma disfunção neuromuscular em alguns músculos da região cervical.

Foi o caso deste paciente do sexo masculino, 43 anos, advogado, que me procurou por sentir dor cervical intensa há anos. A princípio, ele nem fez menção ao tinitus talvez por pensar que eu não poderia ajudá-lo uma vez que já havia consultado vários especialistas sem sucesso. Parem para pensar, um problema crônico que impacta substancialmente a qualidade de vida e que está presente há anos. Quem poderia pensar que a solução deste problema estaria em nas mão de um profissional de educação física? Pois é, mas estava sim, acompanhem o relato deste caso.

AVALIAÇÕES

Sempre início as avaliações para problemas cervicais pela função escapular (ritmo escapulo umeral) e avaliando a função dos manguitos. Esta é uma das diferenças cruciais entre o MÉTODO R2FT de reabilitação neuromuscular relativamente à abordagem da fisioterapia clássica. Neste último, se você está com dor cervical o terapeuta irá focar sua atenção à cervical, não é mesmo? Afinal de contas, é ali que o paciente relata estar com dor.

No MÉTODO R2FT não, nós procuramos identificar as causas do problema, de onde vem a disfunção e não apenas tratar o sintomas.

No caso dos problemas cervicais, quase a totalidade das vezes estes problemas estão relacionados à disfunções na cintura escapular. Ombros protrusos causam anteriorização cervical e com isso dor.

Este foi caso deste paciente. Ele possuía peitoral maior e menor facilitados, bíceps e coracobraquial facilitados também; toda musculatura para vertebral “contraturada”.

Manguitos rotadores internos e dorsais facilitados. Esternocleidomastóide, escalenos, pterigoides, subclávio, masseter, temporais, occipitais; todos facilitados e muito reativos ao toque.

Curiosamente, na avaliação cinesiológica, o ritmo escapulo umeral encontrava-se razoavelmente preservado, contudo, a tanto a rotação interna quanto externa estavam bastante limitados.

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DIAGNÓSTICO

Uma vez que o paciente já havia consultado um neurologista e um otorrino e já ter feito exames de imagem sem chegar a nenhuma conclusão, muito provavelmente os sintomas referidos devem ter como causa a soma de todos estes desequilíbrios musculares.

INTERVENÇÃO

Em casos de problemas relacionados à cervical, tenho como diretriz iniciar a etapa de liberação miofascial pelos músculos paravertebrais colocando o paciente em decúbito ventral.

Em seguida mudo para decúbito dorsal e trabalho na liberação miofascial dos peitorais, bíceps braquial e coracobraquial. Ainda neste decúbito, libero os subescapulares, dorsais e serrátil anterior.

Verifiquei como se encontrava o diafragma e intercostais mas estavam bem, logo, descartei as disfunções ventilatórias.

Mudando para decúbito lateral, trabalhei na liberação miofascial dos trapézios, elevadores escapulares e supraespinhal.

Por último, mudando novamente para decúbito dorsal, trabalhei nos esternocleidomastóides, escalenos, e occipitais, porém, nas três primeiras sessões, meu foco foi na cintura escapular e não na região cervical.

O paciente realizava uma sessão por semana e cada sessão subsequente relatava estar melhorando no sentido da dor de cabeça estar reduzindo, foi quando na quarta sessão ele falou do tinitus.

Segundo ele, o apito se manifestava apenas quando virava a cabeça para o lado direito e este problema o acompanha há vários anos sem solução.

Foi então na quarta sessão que eu dediquei total atenção (e o tempo todo da sessão) à região cervical.

Notei que, apesar de haver facilitação bilateral em todos os músculos cervicais já citados, os músculos do lado direito se encontravam em estado bem pior , muito pior..

O esternocleidomastóide, escaleno, subclávio, pterigoide lateral, masseter, temporais, digástrico e estilo-hioideo do lado direito encontravam-se muito facilitados e extremamente reativos.

Após um bom tempo de liberação miofascial nestas estruturas, quando pedi para ele rotacionar a cabeça para o lado direito, ele relatou uma melhora de cerca de 30% no tinitus e, enquanto ele estava com a cabeça virada, eu pressionei o occipital direito o que fez com que o apito parasse na hora.

Estava feito o mapeamento do problema dele.

É uma questão de tempo e trabalho agora, continuar no caminho da liberação miofascial destes músculos cervicais já citados ao mesmo tempo que se procede com a ativação neuromuscular dos antagonistas e de alguns sinergistas.

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