Transformação Digital: comece pelas pessoas
Quanto mais aprofundo meus estudos sobre os caminhos para transformação digital das empresas, mais me deparo com cases de dificuldade de implementação em função da cultura organizacional e falta do mindset digital. As barreiras são recorrentes e quase todas, senão todas, envolvem as pessoas!
O estudo Digital Pulse 2018 da Russell Reynolds Associates, realizado com mais de 1300 top executivos globais de diversos segmentos e indústrias, questionou diversos aspectos sobre tema e chegou a alguns números muito interessantes. As principais barreiras para a transformação digital citadas foram:
55% inércia organizacional
52% falta de habilidades e conhecimentos digitais
51% ineficiência na colaboração entre áreas
49% falta de investimento em tecnologia
48% falta de uma estratégia digital integrada
44% resistência a mudanças
As empresas não estão preparadas...
Claramente a cultura e a estrutura organizacional pré-existentes constituem grandes desafios à integração e alinhamento de visão de negócios, elementos mandatórios no processo de transformação. Somam-se a isso o medo e a insegurança, naturais do ser humano mediante a incerteza. Porém o preço de não investir em inovação é correr o risco de ser irrelevante no futuro.
O estudo ainda aponta que somente 31% das empresas acreditam que estão estruturadas para se beneficiar efetivamente das novas oportunidades que o digital oferece e 42% acreditam que a cultura da empresa suporta o desenvolvimento de estratégias digitais. Isso traduz em números bastante claros o que muitos profissionais percebem em seu dia a dia: a grande maioria das empresas, não importa o tamanho ou posição no mercado, ainda não está preparada e possivelmente nem tem ideia por onde começar!
Real-Time, Customer-Centric e Data-Driven
Esses três pilares resumem de maneira prática e direta o que é necessário para se manter no jogo. Mas também são elementos que modificam a forma como a marca se posiciona, como a empresa se relaciona com seu consumidor e com o mercado, além de alterar o formato de gestão. Ou seja, mexem com a empresa como um todo!
Transformação Digital em pauta
Quais opções as empresas têm para iniciar seu processo de transformação? Atualmente as mais comuns são:
- desenvolver iniciativas “caseiras”, ou seja, utilizando os profissionais internos;
- criar um cargo ou até uma área responsável por criar equipes, projetos, processos e investimentos necessários – muitas vezes é trazido um profissional de mercado para assumir essa posição; ou
- contratar uma consultoria para guiar a empresa durante o processo como um todo.
Qualquer caminho tem seus prós e contras...
INICIATIVA COM EQUIPE INTERNA
(+) contam com as vantagens de carregar em si o DNA cultural da companhia, além de ter o reconhecimento e confiança da empresa. Alternativa com menor custo inicial envolvido.
(-) visão unilateral do mercado e mindset pré-existente podem limitar as possibilidades de inovação. Eventuais conflitos de interesse podem surgir e restringir posicionamentos mais firmes ou disruptivos.
ÁREA DEDICADA + PROFISSIONAL DE MERCADO
(+) é capaz de criar um motor de mudanças de dentro para fora da empresa, configurando um sinal claro da estratégia corporativa. Pode trazer expertise em inovação e criar iniciativas sem conflito de interesse.
(-) além da curva de aprendizado sobre cultura organizacional, precisa aprender os caminhos corporativos para criar alianças internas, a fim de modificar processos e promover novos valores no dia a dia da empresa.
CONSULTORIA CONTRATADA
(+) possui especialistas com experiência prévia e visão ampla do mercado. Pode trazer benchmarkings e boas práticas de outros segmentos. Não possui limitações relacionadas às práticas corporativas da empresa.
(-) passa por uma curva de aprendizado sobre cultura e valores organizacionais. Precisa ganhar a confiança dos dirigentes da empresa antes de gerar significativas alterações no modelo de negócios. Alto custo.
Qualquer desses caminhos parece longo, lento e custoso. Porém há um gatilho que pode gerar complicações ainda maiores, tais como não envolver as pessoas desde o princípio. E isso não quer dizer apenas o time de projeto, mas a empresa como um todo: da alta direção ao chão de fábrica.
Na prática
- É preciso reconhecer que o risco de não mudar é maior que o risco da mudança;
- Alinhar estratégia e discurso: fazer o que se diz e mostrar o que é feito;
- Metas, remuneração e bonificação precisam refletir os objetivos da transformação esperada e os contra-incentivos devem ser combatidos;
- Feudos corporativos precisam ser dissolvidos e substituídos por uma premissa de integração colaborativa entre as áreas;
- A cultura organizacional deve promover a evolução e compreender a revisão constante como parte do jogo;
- Erros podem acontecer pelo caminho e o mais importante é aprender com eles.
Não existe fórmula mágica nem atalho. A mudança de mindset é algo lento, especialmente em grandes massas de pessoas. Cada profissional tem seu momento de carreira e de vida, sua compreensão particular sobre o cenário complexo em que estamos vivendo e suas agendas pessoais, familiares e profissionais. Por isso, comece com as pessoas: é o desafio-chave que pode determinar a velocidade da mudança, sucesso ou fracasso da iniciativa. Pense nisso!
Gerente do Núcleo de Fazenda Digital na Diretoria de Produtos Tecnológicos SEF/MG e Mãe de 3!!
5 aExcelente texto! Parabéns!
ADVOGADO/ADMINISTRADOR
5 aExcelente !
Business Lawyer MVT Advogados | B2Mamy CLO | Mãe do Dudu | #IAmRemarkable
5 aMuito bacana Paty! Adorei!