Transformação Digital das Utilities de Água, Gás e Energia Elétrica como base para crescimento das Cidades Inteligentes

Transformação Digital das Utilities de Água, Gás e Energia Elétrica como base para crescimento das Cidades Inteligentes

Este artigo é uma sinopse das análises e contribuições no âmbito da Mesa de debates do evento Smart City Business Forum (SCB-ForU) realizado no dia 09/05/2023, na sede da KoreLabs STATE, situada à Av. Manuel Bandeira, 360 - Vila Leopoldina, São Paulo, SP, denominado “Transformação Digital das Utilities de Água, Gás e Energia Elétrica como base para crescimento das Cidades Inteligentes. O que falta fazer para acelerar esta Transformação?”

As Utilities, responsáveis por serviços essenciais como o fornecimento de água, gás e energia elétrica, irão cada vez mais desempenhar um papel fundamental no crescimento das cidades. As empresas de Utilities precisam preparar as bases para serem o vetor de desenvolvimento de forma sustentável e para lidar com as mudanças no comportamento do consumidor, cada vez mais exigente e demandante por tecnologia.

Para dar conta de atender às demandas crescentes desses consumidores, tanto na quantidade de insumos quanto na qualidade dos serviços oferecidos, as empresas de serviços públicos precisarão apostar intensamente na transformação digital. Neste cenário, as novas tecnologias irão desempenhar um papel fundamental para a inovação nas Utilities.

A exigência para que estas empresas se enquadrem nos requisitos de cidades inteligentes, atendam os desafios da sustentabilidade e aumentem a eficiência energética será cada vez maior nos próximos anos. Apesar das dificuldades para implementar mudanças tão intensas com a velocidade necessária, estes segmentos já estão se preparando para a transformação. 

No entanto, o tão esperado boom tecnológico ainda não aconteceu e, nos próximos anos, elas precisarão aumentar a velocidade de transformação para, de fato, exercerem seu importante papel no crescimento sustentável das cidades inteligentes. O que falta fazer para que isto aconteça?

Um aspecto importante a ser considerado é que “as cidades não serão Smart se as empresas não o forem”, ou seja a infraestrutura das cidades para a prestação dos serviços de água, gás e energia elétrica precisa usufruir de uma ampla implementação de tecnologias digitais para que, consequentemente, seus benefícios sejam estendidos a todos os cidadãos.

A transformação digital nas empresas de água, gás e energia pode ajudar no crescimento das cidades inteligentes de diversas maneiras. A implementação de tecnologias digitais pode ajudar a reduzir a poluição do ar, melhorar a segurança pública, gerenciar o transporte público, melhorar a eficiência operacional e energética e reduzir o desperdício de recursos naturais. Além disso, a digitalização pode ajudar a melhorar a qualidade do serviço prestado através da redução de custos, levando a um aumento da satisfação dos clientes e à fidelização dos mesmos

A digitalização também pode ajudar as empresas a se tornarem mais sustentáveis e amigáveis ao meio ambiente. Por exemplo, empresas podem usar sensores inteligentes para monitorar o uso de energia elétrica, água e gás em tempo real, permitindo que elas identifiquem áreas onde podem reduzir o consumo de recursos e minimizar o desperdício.

Por fim, a digitalização pode ajudar as empresas de água, gás e energia elétrica a se integrarem melhor às cidades inteligentes em geral propiciando o trabalho em conjunto com outras partes interessadas para desenvolver soluções inovadoras que melhorem a qualidade de vida dos moradores das cidades.

Na Mesa de Debates, os participantes falaram de suas experiências na implementação de Transformação Digital e abordaram as principais dificuldades enfrentadas que precisam ser equacionadas para a quebra das barreiras que impedem a ampla implementação dessas tecnologias. Entre as principais dificuldades apontadas, a necessidade de avançar no arcabouço regulatório que rege as empresas de prestação de serviços públicos foi unanimidade entre os participantes.

Foi consenso também a necessidade do estabelecimento de Políticas Públicas que orientem a Regulamentação. Da mesma forma, a elaboração um Roadmap Regulatório para Transformação Digital que identifique todos os gaps regulatórios e estabeleça metas, prazos e formas de eliminá-los foi outro tema relevante levantado pelos debatedores.

O alto custo de equipamentos, o atual modelo regulatório que não garante o reconhecimento do investimento e sua devida remuneração, a incerteza com relação ao tratamento a ser dado pelo regulador quando da troca de equipamentos instalados e ainda não totalmente depreciados, o alto custo das infraestruturas de telecomunicações, a inexistência de uma forma estruturada de se compartilhar infraestruturas de Comunicação e Dados,  entre outros pontos, impedem a implementação em alta escala da Transformação Digital no Brasil.

Por outro lado, a falta de garantia de escala na implementação de tecnologias gera uma incerteza muito grande aos fornecedores e em suas estratégias de investimento para fornecimento de equipamentos e soluções, o que também não possibilita a redução de custos.

As principais conclusões do grupo de debatedores para alavancar a Transformação Digital nas Utilities em prol do crescimento das cidades inteligentes são as seguintes:

  • Definição de diretrizes para o desenvolvimento da Transformação Digital dentro de um planejamento nacional de infraestrutura, a exemplo do que ocorre na China que tem um Plano Nacional que envolve 8 ministérios;
  • Criação de estímulos ao desenvolvimento nacional com programa e financiamento e isenção fiscal a empresas multinacionais que desejarem implantar centros de desenvolvimento e disseminação de tecnologias;
  • Planejamento e implementação devem ser integrados com os diversos setores para que as iniciativas sejam sustentáveis;
  • Necessária padronização e interoperabilidade dos componentes das soluções digitais – Concepção de uma única Rede Inteligente Municipal;
  • Solução de Big Data e Analitics de forma a oferecer uma abordagem ampla no tratamento da imensa quantidade de dados gerados, possibilitando aplicações mais eficientes e precisas - uso de Inteligência Artificial;
  • As ações de infraestrutura devem ser integradas envolvendo água, gás e energia elétrica;
  • Especial atenção deve ser dada ao compartilhamento de dados: Cybersecurity e nível de proteção de serviços de dados (cumprimento de requisitos mínimos de segurança cibernética);
  • Definição de diretrizes e responsabilidades de soluções em Telecomunicações com alta confiabilidade, diferenciada para serviços de missão crítica, com preço justo e com uso de forma compartilhada;
  • Capacitação/requalificação da força de trabalho em todos os níveis e setores;
  • Plano de Gestão de Mudança:  Informações aos Clientes/Comunidades afetadas;
  • Todas as implementações têm que ser sustentáveis sob o ponto de vista econômico, financeiro e social.

A implementação planejada e integrada é a forma mais sustentável e menos onerosa para a Transformação Digital das Utilities de Água, Gás e Energia Elétrica, possibilitando assim o crescimento das Cidades Inteligentes

Artigo escrito por:

  • Maria Tereza Moysés Travassos Vellano – CEO da Vellano Smart Energy Consultoria

Participantes da Mesa de Debates

  • Alexandre Rodello - Gestor de Sistemas de Controle, Telecomunicações & Automação EDP
  • Antonio Almeida - Diretor de Soluções Almeida Energy Solution
  • Gelson Yama - Senior Sales Manager Magna Sistemas
  • Gilson Paulillo - Development Consultant Venturus Senior Business
  • Janilson Júnior - Diretor de Novos Negócios – American Tower
  • Jose Carlos Reis - Manager AES Brasil
  • Mariélio Silva - Diretor de Tecnologia Nansen
  • Marcos Augusto Peres - Sócio Advogado Manesco Advocacia
  • Paulo Roberto S. Pimentel - CEO& Founder Pimentel Smart Grid Utilities
  • Rogério G. Diógenes Filho - CTO Instituto Constanta de Inovação
  • Sérgio Souza - CEO KORE Brasil

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