Transformações e Perspectivas: A Caminho da Nova Era do Agronegócio
Gustavo Carvalho, MSc
International Speaker | Professor | Administrator | Entrepreneur
A conjuntura atual do agronegócio brasileiro apresenta uma série de desafios e oportunidades que exigem uma reflexão profunda sobre as políticas, estratégias e investimentos necessários para garantir sua sustentabilidade e competitividade a longo prazo. Enquanto o setor tem se destacado pela sua capacidade de adaptação e resiliência, especialmente durante crises como a pandemia de Covid-19, que realmente não foi fácil, e eventos geopolíticos que afetam o mercado de insumos, ainda há pontos frágeis que merecem atenção.
Um dos principais pontos críticos e que precisamos estar atentos, reside na dependência excessiva de insumos importados, como fertilizantes, que são essenciais para a produção agrícola brasileira. Nesse contexto, a invasão da Ucrânia pela Rússia e a crise energética na China evidenciaram a vulnerabilidade do país a flutuações no mercado internacional, impactando diretamente os custos de produção e a competitividade dos produtores nacionais. Para mitigar esse problema, é fundamental investir na diversificação da matriz de insumos e estimular a produção nacional, conforme já pode ser evidenciado em algumas iniciativas que estão sendo tomadas. Afinal somos o maior importador de fertilizantes químicos do mundo e fomentar a pesquisa e desenvolvimento de tecnologias é fundamental para que reduzam a dependência de recursos externos.
Além disso, a infraestrutura logística precária é um entrave significativo para o crescimento do agronegócio brasileiro. O aumento dos custos de transporte, devido à falta de investimentos em rodovias, ferrovias e portos, impacta negativamente a competitividade dos produtos agrícolas brasileiros nos mercados internacionais. Se comparados a países de 1o mundo, chega a ser vergonhoso analisar nossa estrutura logística como um todo. É imprescindível que o governo e o setor privado priorizem investimentos em infraestrutura para melhorar a eficiência e reduzir os custos logísticos, aumentando a capacidade de escoamento da produção e facilitando o acesso aos mercados globais.
Outro ponto crítico é a falta de acesso a crédito e financiamento adequados para os pequenos e médios produtores rurais. Apesar dos avanços nas políticas de crédito agrícola, muitos agricultores ainda enfrentam dificuldades para acessar recursos financeiros com taxas acessíveis, o que limita sua capacidade de investir em tecnologia, inovação e sustentabilidade. Atualmente menos de 20% dos agricultores familiares estão aptos a receberem créditos. É necessário implementar políticas que promovam o acesso inclusivo ao crédito rural, incentivando a participação de instituições financeiras públicas e privadas e facilitando o acesso a linhas de crédito específicas para a modernização e diversificação da produção agrícola.
É de suma importância promover a capacitação e qualificação dos produtores rurais, especialmente os pequenos e médios, para que possam aproveitar ao máximo as oportunidades oferecidas pelo mercado global. Isso inclui investir em programas de educação e treinamento em gestão agrícola, tecnologias digitais, boas práticas agrícolas e sustentabilidade ambiental. Ao capacitar os produtores para adotar práticas mais eficientes e sustentáveis, podemos aumentar a produtividade, reduzir os impactos ambientais e melhorar a competitividade do agronegócio brasileiro no mercado internacional.
Portanto, o atual contexto do agronegócio brasileiro apresenta sim desafios significativos, mas também oferece oportunidades para promover um desenvolvimento mais sustentável e inclusivo. Para superar os pontos frágeis e aproveitar ao máximo o potencial do setor, é necessário um esforço conjunto do governo, do setor privado, da academia e da sociedade civil para implementar políticas e estratégias que estimulem a inovação, a diversificação, a infraestrutura e o acesso inclusivo ao crédito e à educação no campo. Deixo aqui minha atenção a aspectos que considero basilares para o setor e admito que atendendo a essas questões poderemos dar um grande passo para um futuro próspero e sustentável para o agronegócio brasileiro e para o país como um todo.
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