Transição de Carreira

Há poucas décadas, permanecer em uma única empresa e seguir a mesma carreira por muito tempo, ou até mesmo por toda a vida, era muito comum, além de ser visto como uma qualidade. Entretanto, a dinâmica do mercado mudou. Mesmo que as pessoas construam carreiras na mesma empresa, o mais comum é que hajam mudanças relativas com o crescimento profissional do indivíduo.

Hoje, as carreiras não são mais previsíveis e lineares como antes. Primeiro, porque as profissões que movimentavam a economia há alguns anos estão gradualmente cedendo espaço para outras, com as mudanças trazidas pela tecnologia digital. Com isso as transições de carreira se tornaram mais frequentes, e planejar o pós-carreira se tornou uma preocupação.

São muitas as dificuldades encontradas por aqueles que pretendem efetuar a transição de carreira; e elas aumentam com o passar da idade. No entanto, se você está disposto a enfrentar e vencer os principais desafios da mudança de profissão, seja para buscar um sonho ou um recomeço no mercado de trabalho, a leitura desse artigo pode te ajudar.

Por que mudar?

Conversei no Chez Nous com um amigo de longa data, o queridíssimo Marlon Bastos, e segundo ele, são vários os motivos que desencadeiam a hipótese de transição de carreira. Para alguns, essa fase ocorre de modo planejado. Neste caso, o processo está intimamente ligado a uma boa gestão de carreira. Contudo, a transição de carreira também poderá ocorrer de forma inesperada. De toda sorte, os casos de transição de carreira são os mais variados. Destacamos abaixo os principais deles. Acompanhe!

“Vários são os motivos que levam um profissional a uma transição de carreira: o descontentamento com a atual posição, a necessidade de ter novas experiências ou alguma mudança na vida pessoal ou profissional de maneira inesperada. Independentemente da causa, temos que ter clareza de onde estamos e aonde queremos chegar, isso é fundamental” explica Marlon

Ele ainda dividiu o processo de transição de carreira em três momentos-chave.

1.    Quando surge o desconforto, que pode ter relação com a área de trabalho, o mercado, novas descobertas pessoais, entre outros fatores.

“Pode ser que você comece a pensar que, talvez, o ciclo encerrou e sinta que é necessária uma transição.”

2.    Quando ocorre a tomada de decisão e o abandono de seu emprego atual.

“O desconforto com a situação, leva a uma fase de muita reflexão que antecede a separação de fato.”

3.     O profissional começa a explorar o mercado de trabalho.

“O trabalhador se matricula em vários cursos, candidata-se em várias oportunidades de trabalho, decide optar por iniciar um próprio negócio. Depois de muito refletir chega a hora de escolher qual caminho, de fato, escolherá seguir.”

Um dos sentimentos muito comuns dessa fase de transição de carreira é sem dúvida a insegurança, isso porque a escolha envolve diversas variáveis, gerando indecisão e medo. No entanto, é fundamental ter em mente, que aprendemos com o tempo e nossas próprias experiências, mesmo que, sob sua perspectiva, sua insegurança esteja relacionada ao sentimento de fracasso na carreira atual, nos permitem evoluir e ser o que nos tornamos, como seres humanos e profissionais.

Pós-carreira

Alguns profissionais ainda compreendem o pós-carreira de maneira equivocada, acreditando que esse projeto indica o desligamento total do mercado de trabalho. O pós-carreira não significa abrir mão de sua carreira, mas sim encontrar um novo ritmo para a mesma, de forma que comporte o seu momento de vida, além de gerar novas oportunidades profissionais.

Atualmente a maioria dos aposentados não pensa em parar de trabalhar. Seja por ainda sentirem que podem dar sua contribuição para a sociedade, ou por causa dos baixos valores da aposentadoria.

Seja como for, são muitas as dúvidas a respeito do retorno ao mercado de trabalho para estes profissionais. Acompanhe as nossas dicas para garantir um retorno sucedido.

1. Com a velocidade em que as mudanças ocorrem atualmente, sempre é uma boa opção buscar cursos e treinamentos para se atualizar. Seja em novas técnicas e métodos do seu segmento ou na área do empreendedorismo.

2. O mercado tem a expectativa que os profissionais mais experientes prestem serviços de consultoria. Estes profissionais podem preencher lacunas dentro de empresas com o perfil mais jovem, atuando como seniores.

3. Uma maneira de facilitar o seu reingresso no mercado é através dos trabalhos por projetos. Pela própria natureza deste tipo de trabalho, são esforços com data de início e término bem definidas. Se você sempre trabalhou com um contrato de trabalho, pode ser o momento de redefinir seus objetivos.

4.  Para quem nunca foi dono de um negócio, esta pode ser a oportunidade de iniciar seu primeiro negócio. A sua experiência adquirida durante sua trajetória profissional, pode servir de base para a abertura de um empreendimento.

Segundo Marlon, há um leque de opções ao decidir ter uma mudança na carreira profissional:

“Quais caminhos vou buscar? Um novo emprego, mudar de ramo, empreender, seguir carreira acadêmica, ter carreira dupla? Independente da sua escolha, é necessário observar o tempo de contribuição para aposentadoria, analisar suas competências acadêmicas, e trabalhar seu nível de vontade e disposição para encarar essa nova fase.”

Jornada para a transição

Refletir e questionar, sem dúvidas, será um exercício constante ao longo do projeto, confira algumas soluções que te permitem passar por esse período com mais segurança e de forma consciente:

• Por que desejo mudar minha carreira?

• Quero continuar como colaborador ou empreender?

• Quanto capital preciso reservar para atingir meu objetivo?

• Quais são as minhas habilidades?

• Eu sei vender meu serviço?

• Como está o meu Networking?

“A transição de carreira precisa ser olhada de forma estratégica, sem impulsividade.”

1.    CRIE UM STORYTELLING; resgate a consciência de onde está e onde quer chegar, construindo uma narrativa que conecte sua história às necessidades reais das pessoas.

“Monte uma minibiografia dividindo sua história em setênios:

—Quem era você nos primeiros sete anos de idade? Qual sua personalidade e posição em relação as brincadeiras? Costumava liderar seus amigos?

—Durante a adolescência, apresentava seus próprios trabalhos escolares? Se saía bem em apresentações de seminários? Você organizava as equipes?

—o que te marcou dos 14 aos 21 anos? O que fez de diferente dos jovens da sua idade?

Com o decorrer da narrativa, você conta sua história até o momento em que reflete sobre suas dificuldades e aprendizados adquiridos no processo de clareza do que espera para o futuro.”

2.     FAÇA UMA ANÁLISE SWOT PESSOAL; essa ferramenta analisa o momento que você está vivendo, e mostra o que pode fazer de maneira diferente para descobrir pontos de melhoria no seu desenvolvimento profissional, além e ordenar as suas metas para que elas se tornem reais.

“O que te faz diferente? O que te diferencia do outro? O que tem a melhorar? O que o mercado pede para que você se adéque? A análise swot pode ser um diferencial para medir seu desempenho profissional.”

3.     DEFINA SEUS VALORES e garanta que a organização e seu novo trabalho estejam alinhados com seus princípios.

4.    EXERCITE A EMPATIA; por você mesmo e pelo momento em que está vivendo, e pelo que o mercado profissional está passando.

“Não queira carregar o mundo nas costas, não há como ser o herói de todo mundo. Tenha paciência com a sua transição e com suas limitações. Por fim aconselho você que está passando por uma transição, ou começando a sentir que talvez o ciclo terminou, tenha a humilde para aprender, esteja aberto a ser ensinado pelos mais jovens, não tenha medo de perguntar e se interesse pelo aprendizado. Mais do que aprender, esteja disposto a ensinar, sua bagagem e suas experiências são valiosas. Use seu conhecimento para fazer um Networking responsável, atualmente é o que tem garantido mais de 70% das recolocações no mercado.”

Seja por necessidade ou sonho, um bom profissional é aquele que enfrenta problemas, supera desafios e se dedica ao máximo para estar e permanecer em constante crescimento. Sem dúvidas, a transição de carreira é um grande passo, mas, desde que bem planejada e executada, pode ser uma boa opção para aqueles que buscam uma atuação mais alinhada com suas personalidades, potencialidades e desejos pessoais.

Para finalizar o Marlon ainda compartilhou um arquivo que repasso aqui para todos, espero que ajude a refletir!