Tratamentos de resíduos orgânicos industriais

Em cada etapa do ciclo do lixo acontece uma ação importante para que os resíduos cheguem ao seu destino final causando o mínimo de impacto no meio ambiente. Nós, cidadãos, começamos acondicinando corretamente nosso lixo doméstico, separando o lixo úmido e seco em recipientes adequados. Depois vem a coleta, transporte, destinação final e disposição final.

As indústrias também têm que pensar no impacto ambiental que geram, como poluição atmosférica, efeito estufa, acidificação e outros. Existem tecnologias que diminuem os poluentes a níveis aceitáveis, mas ainda não há disponibilidade para investimentos próprios nas pequenas e médias empresas para tratar os seus resíduos. Por isso é cada vez mais importante pensar no processo de fabricação do produto e o uso e reuso de resíduos assumem papel central quanto ao aspecto ambiental.

É responsabilidade da empresa identificar as questões ambientais relativas a suas atividades, produtos e serviços. Até porque o custo para disposição de resíduos, o uso de energia e o tratamento de efluentes líquidos tem crescido drasticamente nos últimos anos. O uso e reuso de resíduos contribuem para a performance ambiental da empresa e também reduzem os gastos com o instalação e manutenção de uma estação de tratamento de efluentes, disposição de resíduos, água, energia e produtos químicos.

O tratamento serve para processar os resíduos perigosos e assim reduzir ou eliminar sua periculosidade, imobilizar os componentes perigosos, e reduzir o volume para a disposição final. Mas o que exatamente o tratamento faz com os resíduos industriais? Durante o tratamento o resíduo vai ser transformado de modo que ele possa ser reutilizado ou transformado em condições mais seguras para o meio ambiente.

As principais transformações que o lixo vai passar são: conversão dos constituintes tóxicos em material menos perigoso; alteração na estrutura química para que o meio ambiente o incorpore mais facilmente; destruição de compostos tóxicos; separação das frações tóxicas, que reduz o volume e periculosidade. Os processos podem ser de ordem química, física, biológica ou térmica.

Vou falar aqui de três dos principais tipos de tratamento térmicos: a gaseificação, a incineração e a pirólise. Esse método tem como objetivo destruir os componentes orgânicos, diminuir o volume e a geração de produtos sólidos e efluentes tóxicos. A vantagem dos tratamentos térmicos é que não depende das especificidades dos resíduos, basta ter certeza que determinadas temperaturas sejam atingidas num tempo mínimo para saber que todas moléculas orgânicas foram destruídas.

A queima da matéria orgânica representa um grande poder calorífico que pode ser fonte de energia, mas é desperdiçado globalmente, o que poderia substituir recursos não renováveis como os combustíveis fósseis. O poder calorífico do pneu, por exemplo, é de 7.000 kcal/kg, o que é superior ao carvão, e que é adequado para este tipo de tratamento. Um pneu gera cerca de 9 litros de petróleo e seu uso em fornos industriais contribui para a redução do consumo de combustíveis não-renováveis, como óleo e carvão.

O processo começa pela queima do pneu e a separação dos seus produtos finais: óleo combustível gases e cinza. De acordo com o objetivo do processo, deve-se escolher entre as três linhas: a pirólise, a gaseificação e a incineração.

A incineração é a combustão em presença do oxigênio, a gaseificação é uma combustão parcial com deficiência de oxigênio e a pirólise é a combustão em ausência de oxigênio.

A gaseificação reduz bastante o volume de alguns tipos de resíduos e evolvem reações entre o carbono e o oxigênio com formação de CO2, CO, CH4 e H2, originando uma mistura gasoso de baixo teor calorífico e um efluente líquido com matéria orgânica e um resíduo sólido.

A pirólise é a decomposição química da matéria orgânica através do calor, com uma temperatura de cerca de 900°C na ausência de oxigênio, e produz mais energia do que consome. Os resíduos são triturados e destinados ao reator pirolítico onde acontecem as separações dos subprodutos através de uma reação endotérmica. Esse método tem se mostrado promissor para o tratamento de plásticos, já que o gás obtido pode ser reprocessado em indústria petroquímica. Além disso ele gera energia a partir dos gases gerados.

Já a incineração é a decomposição térmica a 1000°C na presença de oxigênio para volatilizar, promover a combustão e destruição de compostos orgânicos, modificando sua natureza química, física e biológica. Esse processo também diminui imensamente o volume dos resíduos e gera energia. Porém ele gera gases do efeito estufa, mas que podem ser controlados com alguns equipamentos.

Esses processos são importantes e devem ser estudados, além de receber incentivos que os tornem mais acessíveis. O uso e reuso dos resíduos dão utilidade para resíduos que fariam mal ao meio ambiente e a população, e traz economia para a produção e tratamento dos materiais usados em seus produtos.